domingo, 17 de abril de 2011

Aposentado e fundador de rede supermercadista é suspeito de racismo em Caxias do Sul

Aposentado e fundador da rede de supermercados Andreazza, de Caxias do Sul, Orlando Andreazza, 80 anos, foi denunciado nesta terça-feira na Polícia Civil de Caxias por suposta prática de racismo.

A denúncia foi feita pela operadora de caixa Querem Pereira de Souza Oliveira, 23 anos, funcionária do supermercado do bairro Pioneiro. Paulista, preta e grávida de 7 meses, Querem contou na delegacia que trabalhava na limpeza de seu caixa quando Orlando a abordou, perguntando se ela ''sabia a semelhança entre um Fusca quebrado na esquina e uma negra barriguda".

— Eu não entendi direito a pergunta e respondi que não sabia. Mas em seguida percebi que ele se referia a mim, insinuando que eu estava esperando um macaco — denunciou.

Ato seguinte, segundo a ocorrência, uma funcionária teria dito:

— Você não entendeu? Os dois estão esperando um macaco!

Querem deixou o supermercado aos prantos e registrou a ocorrência policial. Filho do fundador e diretor do Andreazza do bairro Pioneiro, Vitor Andreazza disse que Orlando não tem nenhuma participação societária na rede de supermercados e que "é um cliente como outro qualquer".

— Se houve problema, e eu não sei se houve, foi entre essa funcionária e o cliente Orlando Andreazza. Não se trata de um problema entre o supermercado e a funcionária.

Orlando Andreazza não foi localizado pela reportagem do Pioneiro.

fonte: Jornal Pioneiro
Postado por COORDENADORIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Investigação de comentário racista pode resultar em processo em Caxias do Sul

Queren Pereira de Souza Oliveira foi abordada por fundador da rede de supermercados Andreazza
O caso de preconceito contra Queren Pereira de Souza Oliveira foi encaminhado, primeiramente, para a Delegacia da Mulher, mas a delegada Thais Postiglione encaminhou-o à 2ª Delegacia de Polícia Pronto-Atendimento (DPPA) por se tratar de crime contra a honra e não envolver violência doméstica ou familiar.

>> Entidades em defesa do negro repudiam caso de racismo

O titular da DPPA, Rafael Susin, analisou o caso e o enviou ao 2º Distrito Policial (2ºDP) por não se tratar de uma injúria simples. O delegado Caio Márcio Fernandes, responsável pelo 2º DP, assumiu o caso na quarta-feira e instaurou inquérito.

— Será investigado o crime de injúria qualificada pelo elemento racial. Trata-se de um crime contra a honra, valendo-se de cor, etnia, origem e outros pontos tratados pela lei. É diferente do crime de racismo, que consiste em cercear um direito, como vedar uma pessoa de entrar em um estabelecimento por causa da cor. No decorrer dos dias, vamos ouvir as pessoas — explica Fernandes.

O diretor do Fórum de Caxias, juiz Carlos Frederico Finger, ressalta que casos como o ocorrido no supermercado podem ter tanto um reflexo na área civil, com o pedido de indenização, ou na área criminal, com prisão.

— Na área civil, eu desconheço a existência de um caso semelhante, nunca passou por mim nada parecido. Mas a Constituição proíbe qualquer tipo de preconceito e a Justiça sempre vai se pronunciar em favor da igualdade e contra qualquer tipo de discriminação — aponta Finger.

Os juízes titulares das varas criminais do fórum de Caxias do Sul, Emerson Kaminski (2ª vara) e Cidália de Menezes Oliveira (4ª) não recordam de terem proferido nenhuma sentença por injúria qualificada no município.

Na 3ª vara há um processo semelhante aguardando sentença da juíza Sonali da Cruz Sluhan. Segundo sua assessora, a juíza está trabalhando fora da cidade e deverá analisar a queixa na segunda-feira.


Fonte: Jornal Pioneiro - 14/04/2011

quarta-feira, 13 de abril de 2011

RACISMO EM CAXIAS DO SUL

Entidades em defesa do negro repudiam caso de racismo ocorrido em Caxias do Sul
Fundador de rede de supermercados foi denunciado por operadora de caixa.
Uma frase proferida pelo fundador de uma rede de supermercados para a operadora de caixa Queren Pereira de Souza Oliveira, 23 anos, fez entidades em defesa do negro se manifestarem contra o acusado de racismo, Orlando Andreazza, 80. Grávida de sete meses, Queren registrou ocorrência por ser abordada com a seguinte pergunta:

— Você sabe a semelhança entre um Fusca quebrado na esquina e uma negra barriguda?

Uma funcionária teria dito em seguida:

— Você não entendeu? Os dois estão esperando um macaco!

Para o presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra (Comune), Sérgio Ubirajara da Silva Rosa, esse tipo de fato não é isolado, e ainda há muito preconceito em Caxias:

— Uma brincadeira dessas sempre tem um fundo de preconceito. Tanto é verdade que não causou indignação nos demais funcionários, que terminaram rindo de tudo. Eles também não são muito diferentes de quem fez a brincadeira estúpida.

O diretor da União de Negros pela Igualdade (Unegro) em Caxias disse que chega ao seu conhecimento, em média, cinco casos por ano de trabalhadores reclamando de racismo nas empresas.

— É de se responsabilizar a empresa, porque é onde a jovem exercia sua função. O proprietário deveria ser exemplo por estar empregando, mas no íntimo dele a questão racial é forte e ele acabou faltando com respeito _ opina.

Coordenador da Igualdade Racial, órgão da Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social, Diógenes Antônio de Oliveira Brazil também lamentou o episódio:

— São pessoas que guardam a maldade dentro delas. Quando ele externa esse tipo de sentimento é porque tem uma antipatia com a comunidade negra. Ela vai precisar de um tratamento psicológico por conta do fato, mas ele também precisa.

terça-feira, 12 de abril de 2011

NÚCLEO DE NEGRAS E NEGROS ESTUDANTES DA UFRB

O ex-aluno da Unipampa, Hélder Santos, que foi perseguido pela brigada militar depois de denunciar os policiais por racismo e agressão, foi recepcionado por dezenas de estudantes da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Os estudantes pressionaram o reitor para que a reunião com Hélder fosse pública e exigiram a transferência do estudante. O reitor da UFRB Paulo Gabriel Nacif garantiu a vaga de Hélder para o próximo semestre.
No dia anterior a sua chegada na UFRB, Hélder concedeu uma entrevista exclusiva ao Coletivo Catarse, respondendo as acusações publicadas no jornal O Globo onde a Promotora de Jaguarão, Cláudia Pegoraro, afirmou que ele inventou esta história para conseguir a transferência para a Bahia e para ganhar notoriedade na mídia.

CARTA ABERTA DOS ALUNOS DA UFRB: É RACISMO SIM, SRA PROMOTORA!
Os fatos sobejamente noticiados na mídia sobre a violência policial contra o jovem Helder Santos, estudante, negro, cabelo rastafari, baiano, estudante de história da UniPampa, no Rio Grande do Sul, É RACISMO SIM! Racismo de Estado, institucional, que busca inverter o ônus da exclusão e da violência, e do próprio racismo imputando-o aos negros e negras deste país o fato de serem violentados em sua dignidade. A inversão a que o Ministério Público do Rio Grande do Sul não quer ver é o fato de Helder ver-se exilado em sua própria terra, obrigado a retornar à Bahia em razão da violência policial que o caçou como faziam na escravidão os capitães-do-mato sob a mira da ameaça e da intimidação. O resultado da sindicância realizada pela mesma Brigada Militar a que pertencem os policiais acusados de crime de racismo, é a existência “de crime de natureza militar”, de ameaça, “de abuso autoridade e de “transgressão de disciplina dos mesmos por terem empregado violência física e verbal durante ato de serviço no caso da abordagem policial acima citada”[1]. Assim, não se trata de mero excesso, de “alguém que perde a cabeça e apronta alguma”[2], Sra. Promotora, pois dizer que não foi racismo só por “não existir nessa Promotoria ações judiciais [sobre] práticas racistas” e por existirem “policiais negros que fazem o trabalho muito melhor que os brancos” só manifesta os olhos de uma sociedade que enxerga a violência pelo avesso. Não é a competência das pessoas que determina seu lugar racial, não é uma questão de ser melhor ou pior. Não se trata de um problema moral, mas racial, político. É como dizer que um homem não é machista só por ter casado com uma mulher. O racismo se camufla de crime contra a honra (injúria racial) apenas para as instituições, que deveriam fazer Justiça, filtrarem as tensões raciais agora amenizadas com políticas inclusivas. O que então, os policiais foram apenas imorais e incompetentes? Helder, conterrâneo de Lucas da Feira, conhecido militante de movimentos sociais como o Mov. Gay, o Mov. Negro, o Mov. Estudantil tem sua aguerrida trajetória de vida utilizada contra si mesmo, acusado pela Promotoria de usar as ameaças de morte que vem sofrendo a mais de um mês, para se transferir e retornar para a Bahia. É a mesma lógica da inversão. Lembrando o racismo científico de Nina Rodrigues no século XIX, a visão da Promotoria é que nós negros, somos maliciosos e tendemos à infração. Tentando inverter a acusação que recai sobre a corporação militar em relação às palavras racistas dos policiais, seguidas de coronhadas, a Promotoria ignora as cartas em que Helder é ameaçado de morte. Essa instituição, nega-se a aplicação da lei de combate ao Racismo, indo de encontro a sua função social, desta feita atacando a integridade de Helder, acusado-o de aproveitador e esperto, estas sim práticas racistas largamente utilizadas para desqualificar os negros e negras de preguiçosos, vagabundos, bebuns, esvaziando o discurso e desqualificando a arena onde as feridas racistas deveriam ser suturadas. É o Estado do Rio Grande do Sul o responsável pelo retorno de Helder sem diploma. Os Racismos institucional Militar pratica o genocídio físico e impede o desenvolvimento das potencialidades da juventude negra brasileira. Quando não mata, exila a negrada, age na mente e na realidade vivida para não galgarmos oportunidades de empoderamento e lutar pela eliminação do racismo e todas as formas de opressões. Somos solidários a Helder, pois em nós dói na pele, na alma negra, na carne, no brio dos lutadores e lutadoras que vêem seu legado de lutas achincalhado, e as poucas vitórias do caminho sendo desmoralizadas pelo Estado brasileiro. Não arredaremos o pé, não cederemos! Nenhum passo atrás contra o Racismo!
SINDISPREV-RS - Secretaria de Gênero e Combate à Discriminação Racial

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Racismo em Jaguarão/RS - Helder Santos, estudante do curso de história da Universidade Federal do Pampa (Unipampa)

Estudante diz que foi chamado de “negro sujo” e ameaçado por policiais
Daniel Cassol, iG Rio Grande do Sul |
A Polícia Militar do Rio Grande do Sul afastou do serviço de rua três soldados e um sargento acusados de agredirem um universitário baiano na cidade gaúcha de Jaguarão, na fronteira com o Uruguai. Eles foram indiciados por abuso de autoridade, injúria e lesões corporais. O estudante aguarda a transferência para a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).
Negro, homossexual e nordestino, o estudante de História na Universidade Federal do Pampa (Unipampa) Helder Santos Souza, 25 anos, diz ter sido vítima de agressões e ofensas racistas por parte de policiais militares quando saía de uma festa no dia 6 de fevereiro. A repercussão do caso na imprensa local o fez deixar a cidade na semana passada. Helder entrou na universidade pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tenta transferência para um campus da UFRB próximo a Feira de Santana, sua cidade natal.
O sargento e os três soldados envolvidos na ação foram indiciados por lesões corporais, abuso de autoridade e injúria. A sindicância da corregedoria da Brigada Militar, a PM gaúcha, foi encaminhada nesta terça ao Ministério Público Militar. Os policiais foram afastados temporariamente do serviço de rua.
Para o comandante da PM na região, coronel Flávio da Silva Lopes, os suspeitos são “bons policiais” e nunca haviam sofrido punições na carreira. Segundo a versão da polícia, a abordagem foi feita em um grupo de jovens entre os quais se encontravam “elementos cometedores de delitos contumazes”. Helder teria interferido na ação da polícia.
“Até aí, a polícia tinha 100% de razão. No momento em que ele é agredido ou discriminado, realmente não é função da polícia. A discriminação racial, ou qualquer tipo de intolerância, não faz parte do dia a dia da polícia”, justifica o comandante.
O advogado Onir Araújo, que auxilia o estudante, considera positivo o indiciamento dos policiais, mas adverte que a resposta rápida pode ser uma estratégia para encerrar o assunto. “Nos surpreendeu a velocidade desse procedimento. É positivo, mas dá a impressão de que um ‘cala a boca’ no movimento negro. A gente sabe que a situação é muito mais complexa”, afirma.
Transferência
Helder deve viajar nesta quinta para a Bahia. Na sexta, está prevista uma reunião com o reitor da UFRB, Paulo Gabriel Nacif, para acertar a transferência do estudante para a universidade. Em visita à capital gaúcha, a ministra da Igualdade Racial, Luiza Barros, disse ao iG que a transferência estava bem encaminhada.
“A Seppir [Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial] teve contato com o reitor Paulo Gabriel, ele acolheu com muito entusiasmo a possibilidade de trazer o estudante de volta para a Bahia. Neste momento, dependemos de um trâmite administrativo que precisa acontecer entre as duas universidades para que a transferência se concretize”, afirmou a ministra.
Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br

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