sexta-feira, 19 de julho de 2019

Movimento Negro Unificado

Dezoito de junho de dois mil e dezoito. 0 Movimento Negro Unificado completará quarenta anos desde a sua criação. O lançamento público foi no dia 7 de julho, numa ato contra o racismo nas escadarias do Teatro Municipal em São Paulo. Por Iêda Leal enviado para o Portal Geledés Fazem quarenta anos que a bandeira amarela do MNU tremula, não tão somente nas escadarias do Teatro Municipal, mas em todas as unidades da Federação, em todas as capitais dos estados brasileiros. E nesses quarenta anos de luta, nós procuramos olhar para frente, para os desafios postos às conquistas que perseguimos, mas também olhamos no retrovisor: qual era o mote da nossa luta lá em 1978, qual era a nossa narrativa, qual era a nossa discussão, quais eram as denúncias que nós oferecíamos ao Estado brasileiro, a partir das nossas manifestações nas ruas, nas escolas, nas várias ações que procurávamos empreender, contando sempre com a necessidade de construir uma ampla aliança com os outros segmentos do movimento negro no Brasil? E quando olhamos para o passado, observamos que o nosso eixo de lutas é exatamente o eixo de lutas que nós referenciamos hoje. Em 1978, nós estávamos dentro de uma grande repressão, por que o Estado brasileiro agudizava o regime militar, que registrava dez anos de A.I.-5. Em 1978, nós tínhamos a convicção de que a luta contra o racismo e a discriminação racial nesse país, só teria êxito quando nós reconhecêssemos que o Estado Brasileiro é racista. Não era tão somente pensar a sociedade brasileira como uma sociedade racista, mas também denunciar um Estado que não só não cumpria a sua prerrogativa Constitucional de proteger, preservar os interesses e a vida plena de negros e negras, mas, mais do que isso, era preciso identificar que a omissão do Estado Brasileiro redundava em situações que incidiam diretamente na baixa qualidade de vida, sobretudo do povo negro do nosso país. Hoje, em 2018, nós não vivemos propriamente a ditadura militar, mas temos uma democracia golpeada, fortemente golpeada, pelas mesmas classes burguesas, pelas mesmas elites, em sua maioria homens ricos e brancos, que se empoderaram e põem em curso uma alternativa zero para a maioria da população trabalhadora, para a maioria dos negros e negras. De 1978 a 2018, portanto decorridos quarenta anos das lutas empreendidas pelo MNU, desde aquele contexto de retomada da luta racial do Brasil, vimos mais que dobrar a população brasileira; vimos mais que dobrar o percentual de homens e mulheres que se auto definem, junto ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como pretos e pardos. Hoje, a cada dez pessoas nesse país, três são mulheres negras. Entretanto, indicadores sociais sobre desigualdade salarial – por exemplo, a pesquisa: “a distância que nos une num retrato das desigualdades brasileiras”, realizada pela ONG Britânica Oxfam, que se dedica ao combate à pobreza e à promoção da justiça social –, projetam que nós só vamos atingir igualdade salarial em 2089. Isto significa dizer que em termos de ganhos entre brancos e negros, especialmente entre mulheres brancas e mulheres negras pelo menos, nos próximos 72 anos, nós ainda não teremos remunerações iguais. E no pico da dramática radiografia da sociedade brasileira, o que é mais perverso é que nós somos o alvo principal da violência instalada e agravada com o golpe que afastou a presidenta Dilma Rousself. É a população negra a mais afetada também pela violência, seja a mais sutil ou a mais escancarada. Somos nós os mais vulneráveis ao assédio moral, como afirma o Ministério Público do Trabalho, porque no mercado de trabalho somos os que enfrentam as maiores dificuldades na progressão da carreira. Por outro lado, o Atlas da Violência, publicado em 2017, revela que em 100 indivíduos com mais chances de serem vítimas de homicídios, 80 somos nós, homens e mulheres negros e negras. Não é verdade que nós encontraremos uma saída para a destruição efetiva do racismo e da discriminação racial se não fizermos valer, ainda hoje, em 2018, o que fizemos em 1978, o enfrentamento ao Estado racista. Se vivíamos em 1978 o mito da democracia racial latejante em todos os quadrantes do Estado Brasileiro, vivemos em 2018 ainda o racismo reinventado na veia do próprio Estado quando a chamada grande mídia, exclusivista, racista e também golpista insisti em omitir nos seus noticiários que atualmente, ainda conforme o Atlas da Violência 2017, a cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras e na maioria das vezes, em 78,9% dos casos de mortes violentas praticadas sob a mira do Estado Brasileiro, através das suas polícias, quem tomba são os nossos jovens negros e negras. Não menos alarmante é observar que as mulheres negras são as mais vitimadas pela violência doméstica, de acordo com a central de atendimento à mulher em 2015, 58,68% eram compostos de mulheres negras. E nesse quadro de violências, a prática de feminicídio de mulheres negras também aumentou se comparada às taxas de assassinato de mulheres pela sua condição de gênero entre as mulheres brancas. O mapa da violência em 2015, elaborado pela Faculdade Latino-americana de Estudos Sociais mostra que entre 2003 e 2013, o número de mulheres negras assassinadas cresceu em 54%, enquanto o índice de feminicídio para mulheres brancas caiu 10% no mesmo período de tempo. São também as mulheres negras as mais atingidas pela violência obstetrícia. Segundo dados do Ministério da Saúde e da Fiocruz, 65,4% das mulheres atingidas pela violência obstetrícia são mulheres negras e pela mortalidade materna, estas representam 53,6%. Os dados sobre a violência contra o povo negro estão em todos os recantos. Quando observamos a situação da população prisional, no Brasil esta representa a quarta maior em relação a todo globo. Nós só estamos atrás da China, da Rússia e dos Estados Unidos, e de acordo com o levantamento nacional de informações penitenciárias, publicado no INFOPEN, mais da metade dos encarcerados são exatamente os pretos e pardos. Ou seja, dos 622 mil brasileiros privados de liberdade, mais de 300 presos para cada 100 mil habitantes, são os nossos jovens, homens e mulheres negros e negras. E é preciso que se diga que a violência física contra a população negra no país, a ela se segue a violência simbólica, que se expressa, por exemplo, na representatividade da população negra, nas artes, na literatura, no cinema, no teatro, no circo, nos espaços de criatividade neste país, que são fomentados pelo Estado Brasileiro. Em relação à literatura, dados de uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) revelaram que dos vários personagens retratados pela literatura nacional, somente 10% dos livros brasileiros publicados nos anos de 1965 a 2014 tiveram como autores homens e mulheres negros. Quando comparamos com o que diz pesquisa semelhante, publicada pela UERJ, no Rio de Janeiro, “a cara do cinema nacional”, homens negros representam apenas 2% do cinema nacional e absolutamente nenhuma mulher negra foi registrada nessa pesquisa como profissional que dirige, portanto por trás das câmeras. Quando olhamos para os nossos roteiristas, observamos através dessa pesquisa que 4% apenas são negros. Isso nos remete a pensar que ainda nas universidades que formam os profissionais nessa área de comunicação, apesar de toda a luta pelas cotas raciais para as universidades públicas, ainda tem um preenchimento mínimo da população negra. Por outro lado, a presença negra, a partir dessa mesma pesquisa feita pela UERJ, ainda está sobretudo associada a papéis voltados à violência e à criminalidade. Dentre todos os filmes analisados, 38% desses filmes, quando remetem a atores e atrizes que interpretam papeis associados à pobreza e a criminalidade, eram atores negros e negras. Neste momento em que o Brasil vive uma situação semelhante àquela de 1978, a de um golpe de Estado, embora por uma nova modalidade baseada numa legalidade manipulada por segmentos do Poder Judiciário sob o tacão do capital internacional, a crise política arrasta a economia, gerando uma onda de desemprego. E nessa onda de desemprego, os mais atingidos novamente são os homens e mulheres negros e negras. Essa onda de desemprego atingiu com mais força exatamente a população brasileira que hoje representa 63,7% dos desocupados, o que corresponde à 8,3 milhões de pessoas, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio contínua, a PNAD contínua. Significa dizer que a taxa de ocupação de pretos e pardos ficou em 14,6% e entre os trabalhadores brancos o índice alcança menos de 10%. Como efeito, o rendimento médio de trabalhadores negros foi inferior aos trabalhadores brancos: 1,5mil reais para trabalhadores negros e negras e 1,7mil reais para trabalhadores brancos e brancas. Diante desse quadro de desigualdades sociorraciais agravado pela violência ostensiva do Estado brasileiro, o MNU, 40 anos depois do seu surgimento, continua sublinhando que o racismo e a discriminação racial nesse país somente serão debelados mediante a ampla mobilização nacional de do povo negro na reconstrução, sempre, de novas perspectiva de lutas. Na nova perspectiva de lutas, hoje, devemos incorporar como eixo a compreensão do processo histórico que resultou na empresa colonial na África e as suas consequências para a continuidade da tradição africana na plataforma diaspórica no Ocidente. A luta de classes, como referida tanto por intelectuais orgânicos como por intelectuais acadêmicos continua na proa da luta pela democracia, mas a democracia só vai ser conquistada, de fato, quando olharmos para dentro de nós mesmos, para o plano das nossas subjetividades recriadas na experiência afro-diáspora nossa e de nossos ancestrais. A destruição, portanto, do racismo em toda a sua dimensão objetiva, mas sobretudo subjetiva deve nos conduzir a uma postura decolonial. Tal postura nos impõe novos desafios… depende da remontagem simbólica do que fomos no passado longínquo, da análise do que nos transformamos sob o bastão do colonialismo e do que poderemos ser no contexto de um novo pensar, estruturado no reconhecimento, valorização e prática de valores civilizatórios afrocentrados. www.geledes.org.br

Maria Odília Teixeira, a primeira médica negra do Brasil

Era 15 de dezembro de 1909, num Brasil machista e preconceituoso, quando Maria Odília Teixeira, baiana de São Félix do Paraguaçu, superou as estatísticas e formou-se em medicina, sendo a primeira médica negra do Brasil. Como se não bastasse o feito inédito para a sua raça, a médica foi também a primeira professora negra da Faculdade de Medicina da Bahia (cinco anos após conclusão de curso, lecionando Clínica Obstétrica), e inovou na sua tese inaugural quando pesquisou o tratamento da cirrose, enquanto as sete médicas anteriores debruçaram-se sobre tocoginecologia ou pediatria. Seu pai, Dr. José Teixeira, era médico, mas de origem pobre; criou a família com muito sacrifício. E foi graças a ajuda de um dos irmãos (Tertuliano Teixeira), bacharel em Direito, que Maria Odília concluiu o curso de Medicina e tornou-se também a primeira mulher a ser diplomada em Medicina no Séc. XX. “A humildade da família não foi uma barreira para o seu conhecimento cultural, muito pelo contrário. Minha mãe, sem nunca ter saído do Brasil, falava cinco línguas fluentemente, e não concebia como os professores ousavam ensinar o português, sem ao menos dominar o grego e o latim”, conta ao Cremeb o também médico José Leo Lavigne, um dos seus dois filhos. O legado para a Medicina ultrapassa a pesquisa, docência e exercício da profissão quando o assunto gira em torno da Dra. Maria Odília Teixeira. Assim como o seu pai, ela segue sendo referência de conduta profissional para os demais familiares. Na carreira médica ela deixou um filho, dois netos e duas bisnetas, enquanto uma terceira bisneta cursa o sexto semestre da profissão. “Acredito que toda a minha paixão pelo cuidar veio da minha bisa Odília. Formar-se em Medicina sendo mulher negra há tanto tempo não deve ter sido fácil. Muita luta, muita força e muito amor”, detalha a bisneta Paula Lavigne, estudante de medicina. “Exerceu a Medicina com dignidade, zelando pelos seus pacientes e respeitando a todos ao seu redor. Mulher meiga e forte, um exemplo de vida. Os seus passos também vêm guiando os meus”, conta a bisneta e médica oftalmologista, Luciana Lavigne. Já a bisneta Iana Lavigne, também médica oftalmologista, afirma ter “um estimado apreço e reconhecimento por sua honrosa história e trabalho, e isso se faz presente diariamente em minha vida profissional”. A gana de uma mulher à frente do seu tempo era notória em diversas ações de Maria Odília. Ela encarou os feitos da ditadura do Estado Novo e defendeu sua família, em Ilhéus, em 1937, quando o seu marido Eusínio Gaston Lavigne teve o seu mandato de prefeito destituído. Quase trinta anos depois, em 1964, sofreu com a prisão de seu companheiro durante a ditadura militar. E, quando o político Ruy Santos planejou publicar um livro desmerecendo os feitos do seu pai – Teixeira Moleque, Ed. José Olympio, 1960 -, a primeira médica negra do Brasil lhe escreveu uma longa carta chamando atenção sobre o pretendia fazer. Maria Odília, ao lado do seu marido, Eusínio Lavigne Ao lembrar da referência cultural que a matriarca era para a família, um dos seus dois netos que seguiu a medicina, Eusínio Lavigne Neto, retoma um caso ainda da sua infância. “Certa feita, nós ganhamos uma gincana do colégio por causa dela. A missão era explicar a origem das nomenclaturas dos dias da semana, informação que não tinha nem enciclopédia Barsa. Não deu outra: ela sabia tudo e nós levamos a prova”, relembra. Para dedicar-se à família, apesar de não haver exigência do marido, Dra. Maria Odília Teixeira abandonou a profissão médica. Naquela época, década de 1920, o movimento feminista acumulava os seus primeiros avanços e ainda não tinha obtido, por exemplo, direito ao voto para as mulheres. E foi nesse cenário que a primeira médica negra do Brasil escreveu o seu nome na história: com independência profissional, sendo exemplo para a juventude da sua família e símbolo de orgulho para a medicina, para as mulheres e para o povo negro. fonte: www.cremeb.com.br
As origens do Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha Date: 24/07/2017 in: Mulher Negra 17793.7k512402113 A população negra corresponde a mais da metade dos brasileiros: 54%, segundo o IBGE. Na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes, de acordo com a Associação Mujeres Afro. Tanto no Brasil quanto fora dele, porém, essa população também é a que mais sofre com a pobreza: por aqui, entre os mais pobres, três em cada quatro são pessoas negras, segundo o IBGE. Primeira Marcha das Mulheres Negras em 2015, em Brasília (Thaís Mallon/Divulgação) Por Helô D’Angelo Do Revista Cult Quando se trata nas mulheres negras da região, a situação é ainda mais alarmante. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), dos 25 países com os maiores índices de feminicídio do mundo, 15 ficam na América Latina e no Caribe. Em um contexto de tanta violência, mulheres negras negras são mais vítimas de violência obstétrica, abuso sexual e homicídio – de acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013 (enquanto os casos com vítimas brancas caíram 10%). Barradas dos meios de comunicação, dos cargos de chefia e do governo, elas frequentemente não se vêem representadas nem nos movimentos feministas de seus países. Isso porque a desigualdade entre mulheres brancas e negras é grande: no Brasil, mulheres brancas recebem 70% a mais do que negras, segundo a pesquisa Mulheres e Trabalho, do IPEA, publicada em 2016. Há 25 anos, um grupo decidiu que uma solução só poderia surgir da própria união entre mulheres negras. Em 1992, elas organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingos, na República Dominicana, em que discutiram sobre machismo, racismo e formas de combatê-los. Daí surgiu uma rede de mulheres que permanece unida até hoje. Do encontro, nasceu também o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha, lembrado todo 25 de julho, data que foi reconhecida pela ONU ainda em 1992. No Brasil – que tem o maior índice de feminicídios na América Latina -, a presidenta Dilma Rousseff transformou a data em comemoração nacional. Aqui, desde 2014, comemora-se em 25 de julho o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher As origens do Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha Date: 24/07/2017 in: Mulher Negra 17793.7k512402113 A população negra corresponde a mais da metade dos brasileiros: 54%, segundo o IBGE. Na América Latina e no Caribe, 200 milhões de pessoas se identificam como afrodescendentes, de acordo com a Associação Mujeres Afro. Tanto no Brasil quanto fora dele, porém, essa população também é a que mais sofre com a pobreza: por aqui, entre os mais pobres, três em cada quatro são pessoas negras, segundo o IBGE. Primeira Marcha das Mulheres Negras em 2015, em Brasília (Thaís Mallon/Divulgação) Por Helô D’Angelo Do Revista Cult Quando se trata nas mulheres negras da região, a situação é ainda mais alarmante. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), dos 25 países com os maiores índices de feminicídio do mundo, 15 ficam na América Latina e no Caribe. Em um contexto de tanta violência, mulheres negras negras são mais vítimas de violência obstétrica, abuso sexual e homicídio – de acordo com o Mapa da Violência 2016, os homicídios de mulheres negras aumentaram 54% em dez anos no Brasil, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013 (enquanto os casos com vítimas brancas caíram 10%). Barradas dos meios de comunicação, dos cargos de chefia e do governo, elas frequentemente não se vêem representadas nem nos movimentos feministas de seus países. Isso porque a desigualdade entre mulheres brancas e negras é grande: no Brasil, mulheres brancas recebem 70% a mais do que negras, segundo a pesquisa Mulheres e Trabalho, do IPEA, publicada em 2016. Há 25 anos, um grupo decidiu que uma solução só poderia surgir da própria união entre mulheres negras. Em 1992, elas organizaram o primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingos, na República Dominicana, em que discutiram sobre machismo, racismo e formas de combatê-los. Daí surgiu uma rede de mulheres que permanece unida até hoje. Do encontro, nasceu também o Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha, lembrado todo 25 de julho, data que foi reconhecida pela ONU ainda em 1992. No Brasil – que tem o maior índice de feminicídios na América Latina -, a presidenta Dilma Rousseff transformou a data em comemoração nacional. Aqui, desde 2014, comemora-se em 25 de julho o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – em homenagem à líder quilombola que viveu no século 18 e que foi morta em uma emboscada. Esposa de José Piolho, Tereza se tornou rainha do quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, quando o marido morreu, e acabou se mostrando uma líder nata: criou um parlamento local, organizou a produção de armas, a colheita e o plantio de alimentos e chefiou a fabricação de tecidos que eram vendidos nas vilas próximas. Assim como o Dia Internacional da Mulher (comemorado em 8 de março), o 25 de Julho não tem como objetivo festejar: a ideia é fortalecer as organizações voltadas às mulheres negras e reforçar seus laços, trazendo maior visibilidade para sua luta e pressionando o poder público. Por isso, no Brasil, no Caribe e na América Latina em geral, diversos eventos de protesto e luta estão sendo planejados para marcar a data. Em São Paulo, em Brasília e no Rio de Janeiro, por exemplo, acontecem Marchas das Mulheres Negras na terça (25) – eventos que já chegaram a agregar trinta mil pessoas. Negra – em homenagem à líder quilombola que viveu no século 18 e que foi morta em uma emboscada. Esposa de José Piolho, Tereza se tornou rainha do quilombo do Quariterê, no Mato Grosso, quando o marido morreu, e acabou se mostrando uma líder nata: criou um parlamento local, organizou a produção de armas, a colheita e o plantio de alimentos e chefiou a fabricação de tecidos que eram vendidos nas vilas próximas. Assim como o Dia Internacional da Mulher (comemorado em 8 de março), o 25 de Julho não tem como objetivo festejar: a ideia é fortalecer as organizações voltadas às mulheres negras e reforçar seus laços, trazendo maior visibilidade para sua luta e pressionando o poder público. Por isso, no Brasil, no Caribe e na América Latina em geral, diversos eventos de protesto e luta estão sendo planejados para marcar a data. Em São Paulo, em Brasília e no Rio de Janeiro, por exemplo, acontecem Marchas das Mulheres Negras na terça (25) – eventos que já chegaram a agregar trinta mil pessoas. Fonte: www.geledes.com.br
TEREZA DE BENGUELA - A RAINHA TEREZA Em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza Benguela liderou entre 1750 e 1770, após a morte de seu companheiro, José Piolho, o Quilombo do Quariterê, situado entre o rio Guaporé e a atual cidade de Cuiabá, capita de Mato Grosso. O lugar abrigava mais de 100 pessoas. Durante seu comando, a Rainha Tereza criou uma espécie de parlamento e reforçou a defesa do Quilombo do Quariterê com armas adquiridas a partir de trocas ou levadas como espólio após conflitos. Nas suas terras eram cultivados milho, feijão, mandioca, banana e algodão, utilizado na fabricação de tecidos. Tereza de Benguela é, assim como outras heroínas negras, um dos nomes esquecidos pela historiografia nacional, que, nos últimos anos, devido ao engajamento do movimento de mulheres negras e à pesquisa ou ao resgate de documentos até então não devidamente estudados, na busca de recontar a história nacional e multiplicar as narrativas que revelam a formação sociopolítica brasileira. “Governava esse quilombo a modo de parlamento, tendo para o conselho uma casa destinada, para a qual, em dias assinalados de todas as semanas, entrava os deputados, sendo o de maior autoridade, tipo por conselheiro, José Piolho, escravo da herança do defunto Antônio Pacheco de Morais, Isso faziam, tanto que eram chamados pela rainha, que era a que presidia e que naquele negral Senado se assentava, e se executava à risca, sem apelação nem agravo.” -Anal de Vila Bela do ano de 1770 Tereza de Benguela, a Rainha Tereza fONTE:www.palmares.com.br

Segure e lance

Segure e lance