quinta-feira, 19 de outubro de 2023

NOVA COORDENAÇÃO ESTADUAL DO MNU/RIO GRANDE DO SUL

Gestão 2023/2025 A Assembleia Estadual do Movimento Negro Unificado do Rio Grande do Sul, para eleição da Coordenação Estadual, gestão 2023 – 2025, ocorreu dia 30 de setembro de 2023, das 9:00 às 17:00 horas, no formato presencial, tendo como local o auditório do SINDIPOLO, na Avenida Júlio de Castilhos, 596, 8º andar, Centro Histórico de Porto Alegre. A nova Coordenação ficou com esta composição: Iyá Sandrali de Campos Bueno – Coordenadora Estadual Vera Lúcia Goulart da Rosa – Coordenadora da Secretaria Ângela Maria Souza de Lima – Coordenadora da Tesouraria Catiana Leite Nunes – Coordenadora de Comunicação Márcio Luiz Rosa de Oliveira – Coordenador de Formação

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

10 invenções que não existiriam se não fossem por mulheres negras

Publicação que viralizou nas redes nos faz lembrar que, sem elas, não teríamos acesso à tecnologia do GPS, filmes 3D ou GIFs • LARISSA LOPES 25 JUN 2020 - 11H23 ATUALIZADO EM 27 SET 2021 - 19H39 + Após viralizar no Instagram e no Twitter, somando mais de 300 mil curtidas nas redes, uma publicação mostrou o quão importante foi o papel de mulheres negras para a invenção de objetos e tecnologias que usamos diariamente. De filmes 3D a sistemas de segurança, não faltam exemplos de notáveis contribuições deixadas por cientistas, inventoras e empresárias negras. Conheça algumas invenções: 1. GPS Se hoje você pode se localizar com facilidade no trânsito, é porque a programadora norte-americana Gladys West (foto acima), nascida em 1930, deixou um grande legado para a tecnologia. Nascida em 1930 e vinda de uma família de trabalhadores agrícolas, West era uma aluna brilhante e, graças ao seu desempenho escolar, conseguiu uma bolsa de estudos na Universidade da Virgínia, formando-se mais tarde em matemática. Gladys West Foi a segunda mulher negra a trabalhar na base naval de Dahlgren, onde atuou por 42 anos com localização espacial de satélites. Recebeu prêmios e foi nomeada diretora do projeto do primeiro satélite a fazer um mapeamentos dos oceanos via radar. 2. Filmes 3D A física Valerie Thomas patenteou tecnologia que originou filmes 3D ) A física Valerie Thomas foi a responsável por criar e patentear, em 1980, o transmissor de ilusão, dispositivo que simula a aparência tridimenssional de um objeto. A invenção foi e ainda é utilizada pela Nasa, agência espacial onde Thomas trabalhou entre 1964 e 1995 como analista de dados e gerente de projetos. 3. Condicionador Minissérie da Netflix homenageia Madam C.J. Walker, primeira milionária self made negra dos Estados Unidos (Foto: Wikimedia Commons) O cosmético que não pode faltar na lista de compras foi criado por Madam C.J. Walker, primeira mulher negra que enriqueceu por contra própria nos Estados Unidos. Por causa das dificuldades que enfrentava com o próprio cabelo, Walker teve a ideia de criar produtos especializados para o cabelo afro e acabou criando um império na indústria da beleza. Em março de 2020, a Netflix lançou uma série sobre sua vida e legado, protagonizada por Octavia Spencer, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por seu papel em Histórias Cruzadas, de 2011. 4. Absorventes Vinda de uma família de inventores, Mary Beatrice Davidson Kenner patenteou o absorvente menstrual em 1956, mas nunca chegou a receber qualquer recompensa ou lucro sobre sua criação, já que sua patente logo expirou e se tornou domínio público. Outra invenção sua foi o suporte de rolo de papel higiênico, criado originalmente para facilitar o uso por pessoas com deficiência visual ou artrite. 5. Sistemas de segurança doméstico Moradora do Queens, em Nova York, Marie Van Brittan Brown não se sentia segura ao voltar para casa após longas jornadas de trabalho como enfermeira. Por isso, ela e seu marido, o eletricista Albert Brown, criaram o primeiro sistema de segurança doméstico, que, com quatro olhos-mágicos e uma câmera, permitia visualizar quem estivesse batendo à porta em um monitor. O sistema também contava com um botão de emergência para acionar autoridades caso algum incidente acontecesse. 6. Identificador de ligações e chamada em espera Shirley Ann Jackson recebendo do ex-presidente Barack Obama a Medalha Nacional de Ciências em 2014 Os dois recursos foram inventados graças às pesquisas da física Shirley Ann Jackson, a primeira mulher afro-americana a concluir um doutorado em física no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). As tecnologias foram desenvolvidas ao longo de seus estudos sobre telecomunicações na antiga AT&T Bell Laboratories. 7. Calefação central Muito utilizada em países com inverno rigoroso, a calefação central é fundamental para manter residências aquecidas, e foi patenteada por Alice H. Parker em 1919. Entre as vantagens do sistema estavam a praticidade de não ter que estocar madeira para fazer uma lareira, a propagação do calor por todo o ambiente através de ductos, a rapidez do aquecimento e maior segurança para a casa, reduzindo riscos de incêndio. 8. Tábua de passar roupa Esta é a invenção de uma das primeiras mulheres negras a receber uma patente nos Estados Unidos, em 1892. Sarah Boone era costureira e, cansada do quão trabalhoso era passar a manga de uma camisa na época, criou uma versão aprimorada da tábua, que reduzia as chances de criar vincos involuntários na roupa durante o processo. SAIBA MAIS As mulheres negras esquecidas da NASA invadem o cinema 9. Voz sobre IP Marian Croak Sem a invenção de Marian Croak, fazer reuniões ou conversar com amigos durante a pandemia seria muito mais difícil. Isso porque a voz sobre IP é a base para a transmissão de áudios por serviços de internet, o que nos permite fazer chamadas por aplicativos, por exemplo. Croak é doutora em psicologia e análise quantitativa pela Universidade do Sul da Califórnia e vice-presidente de Engenharia do Google, onde tem trabalhado para expandir o acesso ao serviço em mercados emergentes. 10. Animação em GIF Outra forma de se expressar na internet, além das chamadas de voz, são os GIFs, abreviação de Graphics Interchange Format. O formato gráfico foi desenvolvido por Lisa Gelobter, fundadora do tEquitable, uma plataforma independente que trata sobre viés, discriminação e assédio no mercado de trabalho.
Saúde das mulheres negras: enfrentamento ao racismo também se dá no acesso à assistência O programa de rádio Saúde com Ciência debate sobre as consequências do racismo nos serviços de saúde e o impacto para a saúde física e psicológica das mulheres negras 19 DE NOVEMBRO DE 2021 - ENFRENTAMENTO AO RACISMO, RACISMO INSTITUCIONAL, RÁDIO, SAÚDE COM CIÊNCIA, SAÚDE DA MULHER, SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA Segundo um relatório da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), a população negra tem menos acesso à saúde se comparada à branca. Além disso, as pessoas de cor preta (11,9%) e parda (11,4%) são destaque entre as que se sentiram discriminadas nos serviços do SUS. Por isso a importância da PNSIPN, criada em 2009 para combater o racismo institucional, ao reconhecer e buscar melhorar as iniquidades que afetam a saúde da população negra. Isso inclui atenção especial às doenças prevalentes, como hipertensão arterial e o maior risco de mulheres negras para pré-eclâmpsia e eclâmpsia durante a gravidez. Mas segundo Emanuelle Goes, a doutora em Saúde Pública e pesquisadora Fiocruz/Bahia em desigualdades raciais, racismo e saúde, ainda não houve avanços suficientes com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Ela argumenta que falta considerar e inserir o quesito da cor nas mudanças do sistema de saúde para adequação à PNSIPN, como o aumento da oferta de pré-natal ou de tratamento de doenças, possibilitado analisar as diferenças das ocorrências com mulheres negras e brancas, por exemplo. “Como a gente vai observar a mudança das desigualdades raciais se não temos a informação de raça e cor nas pactuações?”. Enquanto isso, mulheres negras continuam sendo a maioria nas mortalidades maternas e enfrentando a violência obstétrica ou outros tipos de violências que afetam a saúde. “No cenário do parto, sabe-se que mulheres negras recebem menos anestesia quando indicado, os manejos nos corpos são mais agressivos e os partos tardios acontecem mais com as mulheres negras”, cita Emanuelle Goes. “Há uma ideia de que mulheres negras não precisam de intervenção. Podem parir normal, porque são boas em parir, são resistentes”, completa informando que isso não ocorre só nos serviços públicos, já que está relacionado com a prática profissional e com o que as pessoas aprendem no imaginário social. As questões sociais e o enfrentamento ao racismo também impactam a saúde mental das mulheres negras, que apresentam maior incidência de ansiedade e depressão do que as mulheres brancas. “As questões sociais estão intimamente relacionadas ao nível de saúde mental da sociedade como um todo. Trabalhamos para fortalecer pessoas negras, mas a injustiça social ainda é um fator essencial, como a falta de dinheiro, a insegurança e violência. Então sem melhorar a causa, é muito desafiador sanar o problema”, afirma Laila Resende, ativista, psicóloga e pós-graduada em relações étnico-raciais. “Os processos de exclusão causados pelo racismo colocam a mulher negra num lugar de solidão, na maioria das vezes. Mas o essencial é que através do autorreconhecimento, valorização de relações saudáveis, não só relacionamentos afetivos sexuais como de amizades e familiares também, possam reverter esse lugar de solidão” Laila Resende Saiba mais no Saúde com Ciência

Saúde das mulheres negras: Enfrentamento ao racismo também se dá no acesso à assistência

O programa de rádio Saúde com Ciência debate sobre as consequências do racismo nos serviços de saúde e o impacto para a saúde física e psicológica das mulheres negras - ENFRENTAMENTO AO RACISMO, RACISMO INSTITUCIONAL, RÁDIO, SAÚDE COM CIÊNCIA, SAÚDE DA MULHER, SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA Segundo um relatório da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), a população negra tem menos acesso à saúde se comparada à branca. Além disso, as pessoas de cor preta (11,9%) e parda (11,4%) são destaque entre as que se sentiram discriminadas nos serviços do SUS. Por isso a importância da PNSIPN, criada em 2009 para combater o racismo institucional, ao reconhecer e buscar melhorar as iniquidades que afetam a saúde da população negra. Isso inclui atenção especial às doenças prevalentes, como hipertensão arterial e o maior risco de mulheres negras para pré-eclâmpsia e eclâmpsia durante a gravidez. Mas segundo Emanuelle Goes, a doutora em Saúde Pública e pesquisadora Fiocruz/Bahia em desigualdades raciais, racismo e saúde, ainda não houve avanços suficientes com a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra. Ela argumenta que falta considerar e inserir o quesito da cor nas mudanças do sistema de saúde para adequação à PNSIPN, como o aumento da oferta de pré-natal ou de tratamento de doenças, possibilitado analisar as diferenças das ocorrências com mulheres negras e brancas, por exemplo. “Como a gente vai observar a mudança das desigualdades raciais se não temos a informação de raça e cor nas pactuações?”. Enquanto isso, mulheres negras continuam sendo a maioria nas mortalidades maternas e enfrentando a violência obstétrica ou outros tipos de violências que afetam a saúde. “No cenário do parto, sabe-se que mulheres negras recebem menos anestesia quando indicado, os manejos nos corpos são mais agressivos e os partos tardios acontecem mais com as mulheres negras”, cita Emanuelle Goes. “Há uma ideia de que mulheres negras não precisam de intervenção. Podem parir normal, porque são boas em parir, são resistentes”, completa informando que isso não ocorre só nos serviços públicos, já que está relacionado com a prática profissional e com o que as pessoas aprendem no imaginário social. As questões sociais e o enfrentamento ao racismo também impactam a saúde mental das mulheres negras, que apresentam maior incidência de ansiedade e depressão do que as mulheres brancas. “As questões sociais estão intimamente relacionadas ao nível de saúde mental da sociedade como um todo. Trabalhamos para fortalecer pessoas negras, mas a injustiça social ainda é um fator essencial, como a falta de dinheiro, a insegurança e violência. Então sem melhorar a causa, é muito desafiador sanar o problema”, afirma Laila Resende, ativista, psicóloga e pós-graduada em relações étnico-raciais. “Os processos de exclusão causados pelo racismo colocam a mulher negra num lugar de solidão, na maioria das vezes. Mas o essencial é que através do autorreconhecimento, valorização de relações saudáveis, não só relacionamentos afetivos sexuais como de amizades e familiares também, possam reverter esse lugar de solidão” Laila Resende

OS AFRICANOS CHEGARAM ANTES ÀS AMÉRICAS?

almapretajornalismo As evidências de que os africanos podem ter chegado às Américas antes dos europeus, mostra uma rica história de navegação e exploração. Via: @ernestoxavier É possível dizer que povos africanos chegaram às Américas antes dos europeus? Sim, é bem possível. E por que essa teoria não ganha espaço na Academia? Em 1920, o historiador e linguista, Leo Weiner, da Universidade de Harvard, em seu livro “África e a descoberta da América”, explicou como Colombo observou em seu diário que os nativos americanos haviam confirmado que “o povo de pele negra tinha vindo do sul e sudeste em grandes barcos, barganhando com lanças de pontas douradas”.

terça-feira, 25 de julho de 2023

Tereza de Benguela

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. Procurar imagens disponíveis Teresa de Benguela Nascimento 1700 Benguela Morte 1770 Cuiabá Cônjuge José Piolho Ocupação líder quilombola [edite no Wikidata] Teresa de Benguela (Reino de Benguela, c. 1700 - Capitania de Mato Grosso, 1770) foi uma líder quilombola que viveu em lugar incerto, mas sabe-se que o Quilombo do Piolho, no qual liderou, estava às margens do rio Guaporé, localizado na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, atual estado de Mato Grosso [1]. Mulher escravizada fugida do capitão Timóteo Pereira Gomes, Teresa foi esposa de José Piolho,[2] que chefiava o citado Quilombo do Piolho na década de 1740.[1] Com a morte de Piolho, Teresa se tornou a rainha do quilombo no início dos anos 1750, e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luís Pinto de Sousa Coutinho e a população (79 negros e 30 índios), morta ou aprisionada. Os sobreviventes passaram por humilhação pública, e foram marcados em ferro com a letra F, de fujão, e devolvidos aos seus antigos donos.[1] Administração Para governar o quilombo, a rainha desenvolveu um sistema de parlamento, onde semanalmente se reuniam os deputados para decidirem sobre a administração do quilombo, sendo o de maior autoridade e tido por conselheiro, José Piolho, homem escravizado da herança de Antônio Pacheco de Morais.[1] A rainha Teresa comandou a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo, mantendo um sistema de defesa com armas trocadas com os brancos ou roubadas das vilas próximas. Os objetos de ferro utilizados contra a comunidade negra que lá se refugiava eram transformados em instrumento de trabalho, visto que dominavam o uso da forja. O Quilombo do Guariterê, além do parlamento e de um conselheiro para a rainha, desenvolvia agricultura de algodão e possuía teares onde se fabricavam tecidos que eram comercializados fora dos quilombos, como também os alimentos excedentes.[3] Morte Em 27 de junho de 1770 uma expedição saiu em direção ao quilombo, com a missão de destruí-lo. Chegaram ao local em 22 de julho, e abriram fogo contra os quilombolas, porém a maioria deles conseguiu fugir. Houve resistência, liderada por Teresa, que revidou com arma de fogo, além de flechas, mas não foi o suficiente.[2] Teresa foi colocada numa cela, tendo sido tratada com palavras rudes na frente de seus antigos comandados. Nessa situação, ela ficou muda, e morreu dias depois. Após sua morte, arrancaram-lhe a cabeça e colocaram-na no alto de um poste, dentro do quilombo, para que todos pudessem vê-la.[1][2] Dia Nacional de Teresa de Benguela O dia de 25 de julho é instituído no Brasil pela Lei n° 12.987/2014 como o Dia Nacional de Teresa de Benguela e da Mulher Negra.[4] Carnaval A Unidos do Viradouro homenageou Teresa com o enredo "Teresa de Benguela, uma rainha negra no Pantanal", ficando em 3º lugar no Carnaval do Rio de Janeiro em 1994. A escola de samba de São Paulo Barroca Zona Sul, em seu samba-enredo "Benguela… A Barroca Clama a Ti, Teresa", homenageou Teresa da Benguela no Carnaval de São Paulo em 2020.[5][6] Referências Thays de Campos Lacerda. «TEREZA DE BENGUELA: IDENTIDADE E REPRESENTATIVIDADE NEGRA». Unemat. Consultado em 27 de julho de 2020 «Teresa de Benguela: a heroica Rainha do quilombo Quariterê». Aventuras na História. Consultado em 27 de julho de 2020 «Tereza de Benguela, uma heroína negra». Geledés. 2 de agosto de 2014. Consultado em 1 de julho de 2020 «L12987». www.planalto.gov.br. Consultado em 1 de julho de 2020 «Barroca Zona Sul volta à elite após 15 anos cantando Tereza de Benguela, líder de quilombo». G1. Consultado em 15 de julho de 2020 «Benguela… A Barroca Clama a Ti, Tereza - Aináh». Letras.mus.br. Consultado em 16 de dezembro de 2019 Portal da história Portal da escravidão Portal da África Portal do Brasil Categorias: Brasileiros de ascendência africanaEscravos rebeldes do BrasilEscravizados do BrasilHistória da escravidãoHistória dos afro-brasileirosBrasileiros do século XVIIIPessoas do Brasil ColonialQuilombolas

domingo, 23 de julho de 2023

Publicado por Boaventura de Sousa Santos

Golpe no Brasil revela revanchismo das elites – mas foi possível porque governo acomodou-se a velhos projetos e métodos. Já há condições para Outra Política Boaventura de Sousa Santos, entrevistado por Diego León Pérez e Gabriel Delacoste, em La Diaria | Tradução: Antonio Martins | Imagem: Liliana Porter “A autocrítica tem de ser minha também. Quantas vezes jantei com Rafael Correa, presidente do Equador e ao final cantei canções do Che Guevara, como se a revolução estivesse próxima”? É 16 de abril, em Montevidéu. No meio de entrevista que concede a dois jovens pesquisadores uruguaios, sobre a crise política no Brasil, o sociólogo português Boaventura Santos encontra espaço para reminiscências pessoais. Desde o início do século, ele foi talvez o intelectual mais próximo do conjunto dos processos de mudança que mudaram os rumos da América do Sul e agora estão sob ameaça conservadora. Ligou-se tanto aos governos quanto aos movimentos transformadores. Participou da construção teórica e prática dos Fóruns Sociais Mundiais, no Brasil. Envolveu-se com as Constituintes da Bolívia e Equador. Ligou-se a processos de reflexão no Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, Paraguai e Venezuela. Como não ouvi-lo agora? Boaventura abre a entrevista relembrando uma crítica que ele próprio fez, inúmeras vezes, enquanto o processo sul-americano avançava. Com algumas exceções – talvez a Bolívia seja a mais notável –, as mudanças estruturais foram deixadas de lado. Optou-se pelo caminho mais fácil: aproveitar o “boom” das commodities e usar parte dos ganhos para alguma redistribuição de riquezas – tímida, porém muito relevante, porque inédita. Permitiu-se que as oligarquias mantivessem riqueza e acumulassem poder. Agora, elas dão o troco. A partir de dado momento, porém, ele torna-se mais incisivo. Faltaram reformas estruturais, é verdade – e o Brasil é certamente o caso mais grave. Mas para uma correção de rumos não basta um “giro à esquerda”: prova disso é o escasso apoio que têm, no continente, os partidos que se julgam mais revolucionários. É preciso, também, rever as formas de política e, para tanto, compreender o papel limitado da própria teoria clássica – iluminista e eurocêntrica. Boaventura parece fascinado com as lutas que brotam de baixo e transformam o quotidiano. Os indígenas que já não se sentem inferiores na Bolívia, Equador ou Venezuela – mas injustiçados. As meninas e meninos do Brasil, que ocupam escolas públicas ou fazem do rap e do funk formas de re-existência contra a sociedade branca que quer conformá-los a um emprego, uma família, um carro e um caixote na periferia remota. São eles que comovem o sociólogo: “Talvez agora tenhamos a chave para as epistemologias do Sul: ir mais devagar, com menos confiança de que as ideias novas criem realidades novas. Não, as realidades novas decantam de algumas ideias novas, mas não é você que cria as realidades novas, são as pessoas da rua, na luta, são eles que estão realmente inovando – e não você, com a teoria”, diz. Sua fala transpira uma esperança preocupada. “É hora de começar de novo”, frisa Boaventura. Sabemos o que não fazer – e é algo. Para a retomada, não temos o roteiro, mas o faro. É hora de resgatar e reinventar a democracia. Ela só existirá se – como frisa Guilherme Boulos, do MTST – tiver a cara do asfalto, não a dos carpetes. Não se trata mais de dar conselhos, de participar de conferências que o poder pode tranquilamente descartar. A criação e a implementação das políticas redistributivas têm de ser assumidas pelos movimentos – e retirada, portanto, dos que pretendem domesticá-las. Quantas formas de democracia direta inventaremos? Ninguém sabe a resposta. Dependerá de nossa capacidade de inventar presentes e futuros cuja validade vá além de nossa teoria… Venceremos? Nunca se sabe de antemão. “Quando a direita vem, vem revanchista”, lembra o sociólogo. Na Argentina, liquidaram-se em poucos meses conquistas de doze anos. No Brasil, onde está em curso um golpe, é possível que os que chegaram ao poder sem voto, e em meio à crise, lancem caça às bruxas, para brandir um bode expiatório enquanto eliminam direitos e restauram privilégios. São os riscos do atrevimento de mudar o mundo, de inconformar-se, de pensar que nada está decidido de antemão. Alguns indagarão: valerá a pena? Melhor seria perguntar: há outra alternativa? Para refletir a respeito, fique com a primeira parte da entrevista de Boaventura. A segunda, que trata especificamente do papel das universidades, sairá em mais alguns dias. (A.M.)

Boaventura de Sousa Santos

Como você vê a situação no Brasil, após o início do julgamento político de Dilma Rousseff? No momento em que falamos, não sabemos o que vai ocorrer, mas de qualquer maneira penso que haverá um período bastante turbulento, politicamente. O impeachment é claramente um ato que configura golpe parlamentar, sobretudo porque não se demonstrou a suposta responsabilidade em crimes que o justificassem. Mas também por razões políticas, à medida em que talvez a presidente Dilma seja a política menos corrupta da América Latina. Isso é grave para a democracia no Brasil e para o continente. Se o impeachment se consumar, haverá algumas consequências. Obviamente, a polarização social no Brasil é muito alta, neste momento, e penso que nem os movimentos sociais, nem os cidadãos, nem as classes populares aceitarão este ato, sobretudo porque dele resultaria um governo liderado por um partido, o PMDB, conhecido por ser um dos mais corruptos da história do Brasil. E, por outro lado, porque provavelmente o fenômeno mais importante por trás de tudo isso é a Operação Lava jato, ou seja, a grande investigação contra a corrupção, que talvez seja paralisada, já que, segundo todos os indícios que temos, há muita gente envolvida na corrupção, que pertence precisamente a este partido que estará no poder. Tudo isso cria um problema de legitimidade democrática difícil de manejar e cujas consequências são difíceis de prever. Mas o impacto do que irá ocorrer será muito importante para toda a região. Se o impeachment passar, será uma afirmação de que as democracias que existem no continente são facilmente manipuláveis; e de que se alguém ganha as eleições e obtém, portanto, o direito de governar, mas importantes forças antidemocráticas decidem que não deve governar, há maneiras de obter tal resultado, por uma conjunção de meios. Entre eles, um Poder Judiciário conservador, a serviço destas forças antidemocráticas. Além de forças externas, que neste caso penso serem as do imperialismo estadunidense. Realmente não estão interessadas em que continue, no Brasil, um processo que, se não é anticapitalista (Dilma não é anticapitalista; obviamente, há muitas críticas a seu governo, por não cumprir o programa que se propôs a realizar quando eleita) é pósneoliberal, no sentido de que tem empresas públicas importantes nacionalizadas, como a Petrobras, e recursos naturais importantes fora do mercado internacional. O próprio PT, antes do processo de impeachment, já executava uma política baseada em exportações extrativistas. Como enxergar o cenário, quando muitas das forças que estão conspirando foram fortalecidas pelo próprio governo? É verdade que, ao longo destes anos, os governos populares latinoamericanos, muitos deles saídos de movimentos sociais, cometeram diversos erros. Quais foram, no caso do Brasil. Em minha opinião – e isso também pode se aplicar para outros governos, como o de Cristina Kirchner, na Argentina – aproveitaram uma conjuntura excepcional, o chamado boom das commodities. Devido ao impulso do desenvolvimento da China, os preços das matérias-primas subiram, e permitiram lucros importante para estes países. Os governos populares decidiram, então, aprofundar o modelo de desenvolvimento extrativista, com objetivo de separar parte da renda resultante desta alta para fazer certa redistribuição social. Ou seja, não mudaram o modelo econômico. Permitiram que os ricos e as oligarquias continuassem enriquecendo. Os bancos, por exemplo, nunca ganharam tanto dinheiro no Brasil como nos tempos de Lula. Mas como os preços eram altos, sobrava um excedente significativo para fazer uma redistribuição sem precedentes. Por meio de mecanismos como bolsas famílias e outras políticas sociais, foi possível que 45 milhões de pessoas saíssem da pobreza, o que é um fato político muito importante. Mas não era socialismo, porque dependia totalmente dos preços internacionais, em cuja formação o Brasil não incide de nenhuma maneira. Por isso, por aceitar este modelo de desenvolvimento, aceitaram também o modelo político que estava por trás, e que vinha de muito atrás. Este modelo político é colonial. Há uma continuidade enorme com o modelo colonial, que havia sido interrompido em alguns países pela industrialização e a substituição de importações. Durante estes governos populares, não houve mudanças no sistema político, nem no sistema dos meios de comunicação, nem no sistema tributário – e isso acabou por fazer com que os partidos no governo terminassem aprisionados no mesmo processo que servia às oligarquias e às direitas tradicionais. Elas sempre se serviram da corrupção, da mídia e de ilegalidades para consolidar seu poder. E houve aqui uma tentação: talvez, se se deixasse que os ricos fossem cada vez mais ricos, eles permitiriam que o país caminhasse lentamente, em termos sociais. O problema é que o boom das commodities durou até a baixa dos preços, com a desaceleração da China. Desde então, deixou de haver dinheiro para poder garantir as políticas públicas. No momento em que o dinheiro escasseou, que poderia fazer o governo? Só havia uma solução real, e era uma política tributária distinta: que os ricos pagassem mais impostos. Mas, como o sistema político não mudou, isso está totalmente proibido, e, portanto, o governo começou a fazer duas coisas: por um lado, apoiar ainda mais o agronegócio, a fronteira agrícola, a fronteira mineral, o que contribuiu para a expulsão de populações, a contaminação da água, a crise ambiental, em estranhas cumplicidades com exércitos privados, com organizações paramilitares que matam indígenas e líderes camponeses em todo o continente, enquanto os governos fazem vistas grossas. O ciclo se esgotou. Era uma maneira de governar como sempre se governou na América Latina, mais a favor das classes dominantes que das classes populares – mas num contexto favorável, deixando uma parte significativa da riqueza para a redistribuição social. Por isso, a crise que vive o Brasil também se repete no Equador, na Argentina – onde uma direita muito revanchista está destruindo, em poucos meses, todos os avanços sociais que haviam sido conquistados nos últimos 12 anos. E por isso, é preciso começar de novo. Os governos progressistas não facilitaram demais para a direita? Agora, as forças conservadoras voltarão ao poder e encontrarão uma polícia militarizada e poderosa, em termos materiais e legais, com leis mais repressivas. São mudanças que teriam custado muito mais à direita. Compreendo a pergunta. Os governos progressistas têm muitos aspectos de continuidade com os anteriores, por isso as rupturas podem parecer mais drásticas do que são na realidade. Realmente, os líderes indígenas continuaram a ser assassinados no Brasil durantes os governos populares. Agora – e aqui, há uma divisão no pensamento crítico latino-americano – no qual estou por adoção, porque não sou latino-americano. Não vou ao ponto de considerar que estes governos sejam reacionários. Alguns colegas consideram que Evo Morales é um reacionário. Eu não sou capaz e te digo “não sou capaz” porque é um limite de minha inteligência, de minha capacidade analítica. Mas é verdade que o progressismo foi feito a partir de formas antigas de política e agora os resultados estão aí. Facilitou-se, de fato, a entrada da direita. Foi um grande erro cometido por algumas esquerdas do continente. Um dos grandes intelectuais deste continente, Álvaro Garcia Linera, disse muitas vezes, depois dos resultados das últimas eleições na Bolívia, que se a direita voltasse ao poder teria de reconhecer que o centro da política se deslocou à esquerda. Isso porque as forças de esquerda conseguiram muitos avanços, que seria possível reduzir – sempre a partir de um centro localizado mais à esquerda que antes — mas não destruir. Como se sabe, não foi isso que se passou. Veja [o presidente da Argentina, Maurício] Macri. Em três semanas, acabou com quase tudo o que havia sido feito em doze anos. A direita, quando vem, vem revanchista. Vem com a decisão de eliminar tudo o que foi alcançado durante estes anos, com a ideia de que, por um lado, é insustentável e, por outro lado, as classes populares não merecem. São privilégios. As classes populares tiveram privilégios demais, é preciso cortá-los. E a crise é a desculpa. Este foi o erro que os governos populares cometeram: não transformaram o modelo econômico, nem o modelo de desenvolvimento, nem o sistema político. Talvez tenham sido vítimas de seu entusiasmo. Preciso dizer que, no início, estava 100% com estes processos. Participei da redação das constituintes da Bolívia e Equador. Quantas vezes jantei na casa do presidente equatoriano, Rafael Correa, e acabei cantando canções revolucionárias, do Che Guevara, como se a revolução estivesse próxima? Não podia imaginar que, anos depois, a alternativa é que, se não há investimentos norte-americanos de despojo, há a China, que cobra da mesma maneira e destrói os territórios da mesma maneira. Então, muitos intelectuais temos que fazer uma autocrítica também, e ser menos arrogantes. Talvez agora tenhamos a chave para as epistemologias do Sul: ir mais devagar, com menos confiança de que as ideias novas criem realidades novas. Não, as realidades novas decantam de algumas ideias novas, mas não é você que cria as realidades novas, são as pessoas da rua, na luta, são eles que estão realmente inovando – e não você, com a teoria. Você imagina, então, um cenário em que as coisas voltem à normalidade; os Estados Unidos olham de novo para a América Latina, os preços das commodities voltam a baixar e o ciclo termina? Que ciclo pode vir agora? Em que tipo de coisas seria preciso começar a pensar, em relação ao que está terminando? Penso que não estamos regressando ao normal; quando muito, teremos uma nova normalidade bastante turbulenta. Será uma democracia de fachada, mas cada vez mais esvaziada; já não uma democracia de baixa intensidade, mas de baixíssima intensidade. Não podemos pensar isso como normalidade, mas como o resultado de um fracasso histórico que é preciso analisar, de modo a encontrar as forças que tornem possível um novo ciclo, mais duradouro, menos frágil, em que as conquistas sejam menos reversíveis. Não sabemos em que condições isso poderá ocorrer, mas com alguma turbulência, implicará uma reforma política, que talvez seja exigida nas ruas, reivindicada pelos movimentos sociais, pelas organizações sociais. Talvez necessitemos de outro ciclo constituinte. Uma nova Assembleia Constituinte, digamos, que promova uma reforma política forte, para que esta democracia possa defender-se das forças capitalistas que a sequestraram. Isso exigirá, por exemplo, que se aceite de uma vez por todas que, nas condições atuais do mundo, não há alternativa socialista na agenda política, não existe a possibilidade de uma tomada de poder revolucionária, como em outros tempos. A democracia é o único instrumento de luta que nos resta. Esta democracia precisa ser reinventada, não pode ser apenas democracia representativa. O nó central do processo político é que será necessário articular democracia participativa com democracia representativa. Que quero dizer? Que os partidos políticos deixarão de ter o monopólio da representação política. As associações, os movimentos sociais, reunidos em assembleias, organizando os bairros, no campo, na cidade, terão de encontrar formas de participar não só no plano da consulta, mas também da implementação, em algumas ou em muitas das políticas públicas – conselhos populares de Educação, de Saúde, de Infraestrutura. Ou seja, uma forma de que os cidadãos, além de eleger representantes, possam tomar algumas decisões por si mesmos. É preciso inventar novas formas políticas, que permitam esta articulação entre democracia representativa e democracia participativa. Para que seja eficaz, será necessário que esteja presente nos próprios partidos. É preciso refundar os partidos existentes ou inventar outros partidos de esquerda, construídos com uma lógica básica distinta, e esta lógica precisa incluir a democracia participativa desde o início. Temos na Espanha o Podemos, que representa esta nova vontade política de criar o que chamamos partidos-movimentos. Articulações várias e distintas entre círculos de cidadãos, assembleias de cidadãos que deliberam sobre as políticas do partido, que escolhem os candidatos e tomam decisões, assumidas pelas lideranças partidárias. É uma maneira totalmente distinta de fazer política, e além disso é a única capaz de impedir que o dinheiro domine as decisões político-partidárias e torne a corrupção endêmica. Há um campo muito grande para a criatividade democrática. Por isso, luto, em meu trabalho, no que chamo de epistemologias do Sul, no sentido de criar também uma reforma no conhecimento. Porque não penso que seja possível justiça social global sem justiça cognitiva global. Ou seja, uma democracia entre diferentes formas de conhecimento. Na raiz de todo o sistema político está o conhecimento acadêmico que controla as universidades e que é eurocêntrico, com a ciência política, a sociologia e a antropologia. São os instrumentos que produziram as políticas e as formas de representação política que temos. Isso precisa ser transformado, aceitando que há outras maneiras de conhecer, que a representação do mundo é muito mais ampla que a representação ocidental do mundo. Há outras formas de transformação social que talvez não possam ser chamadas de socialismo nem de comunismo. Vão ser chamadas de respeito, dignidade, proteção dos territórios, direitos do corpo das mulheres. A isso, chamo uma ecologia de saberes, que implica também uma reforma na universidade. Se você me perguntar como definir este novo ciclo em termos progressistas (porque também pode surgir uma nova barbárie, ainda pior), responderei que precisa ter uma dimensão epistemológica muito forte, e que esta revolução epistemológica passará pelas universidades. As universidades terão de aceitar que circulem, dentro delas, outras formas de conhecimento. Outras concepções de vida são possíveis, mas em nossos departamentos de Engenharia, de Ciência, de Biologia, de Física, riem-se de nós, quando falamos da Pacha Mama, da Mãe Natureza ou de direitos da Mãe Terra.

Julho das Pretas 2023

O Julho das Pretas é uma ação de incidência política e agenda conjunta e propositiva com organizações e movimento de mulheres negras do Brasil, voltada para o fortalecimento da ação política coletiva e autônoma das mulheres negras nas diversas esferas da sociedade. A ação foi criada em 2013, pelo Odara – Instituto da Mulher Negra. Atualmente a maioria dos Municípios já implantou esta Lei. O Julho das Pretas todos os anos traz temas importantes e necessários relacionados à superação das desigualdades de gênero e raça, colocando a pauta e agenda política das mulheres negras. O tema do Julho das Pretas em 2023 é Mulheres Negras em Marcha por Reparação e Bem Viver, fazendo referência à construção da 2ª Marcha Nacional das Mulheres Negras, que acontecerá em 2025.

sábado, 28 de janeiro de 2023

Florestan Fernandes e os Panteras Negras 25/12/2022 O escritor e militante Jamu Minka com o sociólogo Florestan Fernandes, no lançamento dos Cadernos Negros, na Livraria Teixeira, São Paulo, 1978. Por PAULO FERNANDES SILVEIRA* Comentário sobre uma entrevista do sociólogo Em julho e agosto de 1995, poucos dias antes do erro médico que tiraria a vida de Florestan Fernandes, o jornalista Paulo Moreira Leite fez duas instigantes entrevistas com o sociólogo. Alguns excertos foram publicados nesse mesmo ano: na revista Veja, em 9 de agosto, e no Jornal da Tarde, em 19 de agosto. Anos depois, Leite revisitou esses trabalhos no ensaio “O mestre que veio de baixo”.[i] Entre os temas analisados por Florestan Fernandes nessas entrevistas está a perseguição política e policial que os Panteras Negras sofreram nos anos 1960 e 1970. O excerto que trata dos Panteras Negras não foi incorporado nas publicações de Leite, razão pela qual decidimos publicá-lo a partir do arquivo com as transcrições originais das entrevistas.[ii] O Partido Panteras Negras para Autodefesa foi criado em outubro de 1966,[iii] após um longo período de protestos pacíficos nos Estados Unidos contra a segregação racial e em defesa dos direitos civis.[iv] Em diversas ocasiões, os grupos supremacistas brancos reagiram com violência. Em resposta às manifestações organizadas por jovens secundaristas e universitários, como as sit-ins e as freedom rides, pessoas associadas à Ku Klux Kan promoveram atentados e assassinados. Como destacam Kwame Ture (Stokely Carmichael) e Charles Hamilton, autores do livro Black power: a política de libertação nos Estados Unidos, a polícia também coibiu os protestos pacíficos com extrema violência.[v] Num discurso com o título “O voto ou a bala”, realizado em abril de 1964, Malcolm X [vi] questionou a eficácia das estratégias pacíficas de protesto contra a segregação racial. Alguns meses depois, ele foi assassinado. Inspirados nos discursos de Malcolm X, mas também nos livros de Fantz Fanon, negras e negros dos Panteras Negras, em sua maioria, jovens estudantes universitários, vislumbram outras alternativas de resistência. Tratava-se de defender o poder negro! Num tom de desabafo, afirma Kwame Ture: “de uma vez por todas, as pessoas negras vão usar as palavras que quiserem e não as palavras que os brancos querem ouvir”.[vii] Em seu programa, os Panteras Negras exigem o fim imediato da brutalidade policial e dos assassinatos à população negra.[viii] Pautados pela Segunda Emenda à Constituição, os Panteras Negras justificam o uso da violência como forma de autodefesa, ou melhor, eles advogam pela contraviolência. No primeiro capítulo de Os Condenados da terra, Frantz Fanon faz uma reflexão cuidadosa sobre a violência dos opressores e a contraviolência dos oprimidos nas lutas históricas pela descolonização.[ix] Na mesma perspectiva, Huey Newton, militante e teórico dos Panteras Negras, aponta para a relação entre a brutalidade policial e o fervor revolucionário da comunidade negra: “quando as coisas apertam, as pessoas oprimidas sentem a necessidade da resistência e da revolução”.[x] Justamente por serem os mais afetados pela opressão, tanto para Fanon quanto para os Panteras Negras, os miseráveis, aqueles que Karl Marx afirma fazer parte do lumpenproletariat, podem se tornar sujeitos fundamentais num processo revolucionário. [xi] Em maio de 1971, quando ainda se encontrava presa numa cadeia da Califórnia, a pantera negra Angela Davis enfatiza: “Já existe nas comunidades negras e pardas, o lumpenproletariat incluído, uma longa tradição de resistência coletiva à opressão nacional”.[xii] Desde cedo os trabalhos acadêmicos de Florestan Fernandes aproximaram-se dos grupos organizados do movimento negro. Em 1950, Florestan fez parte da comitiva paulista que participou, no Rio de Janeiro, do 1º Colóquio do Negro Brasileiro, coordenado pelo Teatro Experimental do Negro (TEN).[xiii] No início dos anos 1950, Roger Bastide e Florestan foram encarregados de dirigir a pesquisa UNESCO sobre as relações raciais na cidade de São Paulo. Essa pesquisa contou com a contribuição de diversos militantes do movimento negro.[xiv] A primeira edição do Caderno de Cultura da Associação Cultural do Negro (ACN), publicado em 1958, registra um agradecimento a Florestan por uma conferência sua realizada na associação.[xv] Além de orientar as pesquisas de doutorado de alguns dos seus principais alunos sobre a questão racial no Brasil,[xvi] Florestan Fernandes divulgou e analisou no meio acadêmico e na grande imprensa as demandas e as produções de intelectuais ligados ao movimento negro.[xvii] No final dos anos 1970, ao voltar do exílio nos Estados Unidos e no Canadá, Florestan participou de encontros com jovens universitários ligados ao efervescente movimento negro socialista que começava e despontar naquele momento no Brasil.[xviii] Entre outros escândalos de racismo e de violência policial, a tortura e assassinato do comerciante negro Robson Silveira da Luz, retratada num artigo do jornalista e militante Hamilton Cardoso,[xix] motivaria uma enorme manifestação de protesto, no dia 7 de julho de 1978, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo. Com a presença de lideranças negras de diversas gerações, essa manifestação foi um passo importante para a criação do Movimento Negro Unificado (MNU). É provável que as posições defendidas pelos militantes dos Panteras Negras tenham moldado a leitura e a incorporação que Florestan Fernandes faz dos livros de Fanon. Coordenador da Coleção Grandes Cientistas Sociais, publicada pela editora Ática, Florestan chegou a pedir, no final dos anos 1970, para Renato Ortiz elaborar um volume especial sobre Fanon. [xx] Em 1980, por reinvindicação dos alunos, Florestan Fernandes ministrou uma aula com o título: “Nos marcos da violência”. No final da sua explanação, Florestan argumenta que o papel do sociólogo militante é ajudar o operário a compreender que: “luta de classes é violência recíproca e que as classes trabalhadoras só podem liberar-se, em qualquer sentido e em qualquer direção, através do emprego maduro de sua capacidade política de usar construtivamente a violência revolucionária”.[xxi] No ano seguinte, Florestan publica O que é revolução. Nesse livro, Florestan sugere às pessoas revolucionárias que leiam e releiam o Manifesto comunista, de Marx, mas não como se fosse um catecismo, uma vez que, “o mundo histórico para o qual ele foi calibrado não existe mais.” [xxii] Ao ser questionado sobre as condições de uma revolução socialista no Brasil atual, Florestan cita Fanon: “Esse é o grande dilema do cientista social: hoje você não tem como identificar uma classe que pareça vinculada à negação da ordem. Eu acredito que na periferia o problema é mais simples. São os trabalhadores e principalmente os excluídos, os que Frantz Fanon chamou de ‘condenados da terra’. Eles contêm a radicalização maior, aquela que exige que a ordem existente seja virada de cabeça para baixo”.[xxiii] Excerto da entrevista de Florestan Fernandes a Paulo Moreira Leite, dia 2 de agosto de 1995.[xxiv] “Florestan Fernandes – Num país como os Estados Unidos, a severidade com que operam as forças da ordem é esmagadora. Eu estava no Canadá quando os Panteras Negras foram perseguidos, pude acompanhar o que de fato estava acontecendo através dos jornais do Canadá e dos Estados Unidos, através de fontes pessoais e nas minhas idas aos Estados Unidos. Os Panteras usavam aquela arma como símbolo de autodeterminação, quer dizer, aquela era a marca de que eles se defenderiam e poderiam também atacar na defesa de certos princípios. Mas aqueles eram símbolos, na verdade, a atividade prática deles era muito mais assistencial, por exemplo, no Harlem. [xxv] Paulo Moreira Leite – Eles faziam trabalho assistencial no Harlem? Florestan Fernandes – Em várias regiões. Eles tinham consciência de que constituíam um grupo pequeno e que não poderiam propor uma solução revolucionária efetiva e imediata. A elaboração do pensamento deles era complexa, porque fazia uma síntese entre conhecimentos da África e conhecimentos ocidentais. Em longo prazo, eles eram revolucionários, porque diziam que a alternativa do negro era atingir a igualdade que não estava na mudança gradual, mas em transformações profundas da ordem existente. Uma coisa é o que se pensa com relação a um futuro que é remoto e que pode definir princípios gerais de uma filosofia política, e outra coisa é pôr isso em prática com a ideia de estabelecer uma ponte entre o presente e o futuro de uma forma funcional, de modo que atingisse a população branca. O que veio em seguida? Veio a insubordinação dos Panteras, que não aceitavam de uma forma passiva a dominação racial, eles acabaram sendo definidos como inimigos da ordem que deveriam ser destruídos. Então, o raciocínio básico era: o bom Pantera é o Pantera morto. Paulo Moreira Leite – Eles mataram muitos. Florestan Fernandes – A polícia era chamada e sobre isso tem muito material na imprensa norte-americana e canadense, nas revistas e agora também em análises. Paulo Moreira Leite – Uma vez esteve um Pantera Negra na casa do senhor? Florestan Fernandes – Eu omito. Com essa ideia macabra de que o bom Pantera é um Pantera morto, quando os Panteras se reuniam em um local, em prédios de apartamentos, por exemplo, a polícia já era avisada e surgia ali para prender e levar para a cadeia, submeter a processo jurídico. Surgia atirando para exterminar”.[xxvi] *Paulo Fernandes Silveira é professor da Faculdade de Educação da USP e pesquisador no Grupo de Direitos Humanos do Instituto de Estudos Avançados da USP. Notas [i] LEITE, Paulo Moreira. O mestre que veio de baixo. In. LEITE, P. A mulher que era o general da casa: histórias da resistência civil à ditadura. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2012, p. 76-91. [ii] A transcrição das entrevistas está acessível para consulta na Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos. A cópia digitalizada desse arquivo me foi presenteada pelo meu amigo Diogo Valença de Azevedo Costa, professor e pesquisador da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). [iii] Seu nome original era Black Panther Party for Self-Defense. Sobre a história do movimento Black Power, conferir o livro: OGBAR, Jeffrey. Black power: radical politics and african american identity. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 2019. [iv] Conferir sobre o tema dos protestos não-violentos: SILVEIRA, Paulo. Lutas e canções contra a segregação racial nos Estados Unidos, Jornal GGN, 19/02/2022. Disponível em: https://jornalggn.com.br/eua-canada/lutas-e-cancoes-contra-a-segregacao-racial-nos-estados-unidos-por-paulo-fernandes-silveira/ [v] TURE, Kwame (Stokely Carmichael); HAMILTON, Charles. Black Power: a política de libertação nos Estados Unidos. São Paulo: Jandaíra, 2021. [vi] X, Malcolm. O voto ou a bala. In: X, Malcolm. Fala. São Paulo: UBU editora, 2021, p. 44-85. [vii] TURE, Kwame (Stokely Carmichael). Que queremos, Cuadernos de Marcha, (edição especial sobre “El poder Negro”), n. 12, 119-125, abril de 1968. Disponível em: https://anaforas.fic.edu.uy/jspui/handle/123456789/38806 [viii] NEWTON, Huey. To die for the people. The writings of Huey P. Newton. New York: Vintage Books, 1972, p. 4. [ix] FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. Sobre a contraviolência em Fanon, conferir o texto: BUTLER, Judith. Violencia, no violência. Sartre en torno a Fanon. In. FANON, Frantz. Piel negra, máscaras blancas. Madrid: Ediciones Akal, 2009, p. 193-216. [x] NEWTON, Huey. To die for the people. The writings of Huey P. Newton. New York: Vintage Books, 1972, p. 18. Sobre a influência de Fanon nas posições de Huey Newton, conferir o livro: SEALE, Bobby. Agarrar el tiempo. La historia del Black Panther Party y Huey P. Newton. Madrid: Postmetropolis Editorial; Euro-Mediterranean University Institute, 2018, p. 39-49. [xi] Segundo Marx, nas insurreições de 1848, pessoas do lumpemproletariado lutaram por dinheiro contra operários franceses: “Com essa finalidade o governo provisório instituiu os 24 batalhões da Guarda Móvel, cada um composto de mil homens recrutados entre os jovens de quinze a vinte anos oriundos, em grande parte, do lumpemproletariado, que, em todas as grandes cidades, compunha uma massa que se distinguia claramente do proletariado industrial e na qual eram recrutados ladrões e criminosos de todo tipo, que viviam das sobras da sociedade, gente sem trabalho fixo, vadios (…), capazes dos maiores heroísmos e da mais exaltada abnegação, bem como do mais ordinário banditismo e da mais nojenta venalidade.” MARX, Karl. As lutas de classes na França. São Paulo: Boitempo Editorial, 2012, p. 55. [xii] DAVIS, Angela. (Ed.). If they come in the morning: voices of resistance. London; New York: Verso, 2016, p. 36. Tradução do capítulo citado disponível em: https://revistageni.org/11/prisioneirxs-politicxs-prisoes-e-libertacao-negra/?fbclid=IwAR2m6qHT1MtIdArJ-joeSis3OLcRfN3GGBoEhh6ah5i4vm2RUySP4SCTQ0E Os Panteras Negras pretendiam ser representantes da massa proletária (lumpemproletariat): TURE, Kwame (Stokely Carmichael). Stokely fala. Do poder preto ao pan-africanismo. Diáspora Africana: Editora Filhos da África, 2017, p. 219. Sobre o poder revolucionário do lumpremproletariat para os Panteras Negras, conferir o texto: CLEAVER, Eldridge. On the ideology of the Black Panther. Part 1. São Francisco: Ministry of Information Black Panther Party, 1967. Disponível em: http://www.freedomarchives.org/Documents/Finder/Black%20Liberation%20Disk/Black%20Power%21/SugahData/Books/Cleaver.S.pdf Tradução disponível em: https://traduagindo.com/2019/05/26/sobre-a-ideologia-do-partido-dos-panteras-negras/ Os Panteras Negras chegaram a ter uma banda de soul com o nome The Lumpen, conferir o livro: VINCENT, Rickey. Party music: the inside story of the Black Panthers’ band and how black power transformed soul music. Chicago: Chicago Review Press, 2013. Entre 1970 e 1972, em apoio aos Panteras Negras, universitários alemães editaram o periódico Voice of the Lumpen. Disponível em: https://content.wisconsinhistory.org/digital/collection/p15932coll8/id/35459 [xiii] Conferir reportagem: “1º Colóquio do Negro Brasileiro”, Jornal Quilombo, ano II, n.10, 3, jun-jul 1950. Disponível em: https://ipeafro.org.br/acervo-digital/leituras/ten-publicacoes/jornal-quilombo-no-10/ Nessa edição, o nome de Florestan Fernandes está registrado como: Florestino Fernandes. [xiv] Conferir o livro: BASTIDE, Roger; FERNANDES, Florestan. Relações raciais entre negros e brancos em São Paulo. São Paulo: Anhembi, 1955. [xv] Conferir o texto assinado pela Diretoria executiva da Associação Cultural do Negro: “O ano 70 da Abolição”, Cadernos de Cultura da ACN, n. 1, 4, 1958. Disponível em: https://lemad.fflch.usp.br/node/43 [xvi] Entre os doutorados orientados por Florestan sobre o tema destacam-se: CARDOSO, Fernando Henrique. Capitalismo e escravidão no Brasil Meridional: o negro na sociedade escravocrata do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003; IANNI, Octávio. As metaformoses do escravo: apogeo e crise da escravatura no Brasil Meridional. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962. [xvii] Alguns desses textos de Florestan encontram-se nas coletâneas: FERNANDES, Florestan. O negro no mundo dos brancos. São Paulo: Divisão Europeia do Livro, 1972; FERNANDES, Florestan. Significado do protesto negro. São Paulo: Cortez; Autores Associados, 1989. [xviii] Sobre esses encontros de Florestan com o movimento negro, conferir a entrevista de Milton Barbosa (Miltão): DALLE, Isaías. Miltão, do Movimento Negro Unificado: “Com certeza, vamos avançar”, Periferias. Fundação Perseu Abramo, 29/12/2020. Disponível em: https://fpabramo.org.br/2020/12/29/miltao-do-movimento-negro-unificado-com-certeza-vamos-avancar/ [xix] CARDOSO, Hamilton. Cerimônias para o assassinato de um negro, Jornal Versus, n. 22, 38-39, jun-jul 1978. Disponível em: http://www.marcosfaerman.jor.br/Versus22.html?vis=facsimile Sobre os trabalhos e a militância de Hamilton Cardoso, conferir o artigo: OLIVEIRA, Fábio; RIOS, Flávia. Consciência Negra e Socialismo: a trajetória de Hamilton Cardoso (1953-1999), Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 4, n. 2, 507-530, 2014. Disponível em: https://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/249 [xx] Conferir sobre esse tema: ORTIZ, Renato. Frantz Fanon: um itinerário político e intelectual, Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar, v. 4, n. 2, 425-442, 2014. Disponível em: https://www.contemporanea.ufscar.br/index.php/contemporanea/article/view/241 [xxi] FERNANDES, Florestan. Nos marcos da violência. In. FERNANDES, F. A ditadura em questão, São Paulo: T. A. Queiroz, 1982, p. 162. Sobre a contraviolência em Fanon e Florestan, conferir o texto: SILVEIRA, Paulo. A contraviolência em Fanon e Florestan, Psicanalistas pela democracia, janeiro de 2019. Disponível em: https://psicanalisedemocracia.com.br/2019/01/a-contraviolencia-em-fanon-e-florestan-por-paulo-henrique-fernandes-siqueira/ [xxii] FERNANDES, Florestan. O que é revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2018, p. 50. [xxiii] FERNANDES, Florestan. Florestan Fernandes por Paulo de Tarso Venceslau. In: AZEVEDO, R.; MAUÉS, F. (Orgs.). Rememória: entrevistas sobre o Brasil do século XX. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 1997, p. 23. Disponível em: https://fpabramo.org.br/publicacoes/estante/rememoria-entrevistas-sobre-o-brasil-do-seculo-xx/ [xxiv] LEITE, Paulo Moreira. Entrevista: Florestan Fernandes [19950802]. São Carlos: Fundo Florestan Fernandes (FFF). Biblioteca Comunitária da Universidade Federal de São Carlos, 1995, p. 13-15. [xxv] Entre os programas sociais desenvolvidos pelos Panteras Negras estão as refeições gratuitas para jovens estudantes carentes e os atendimentos médicos comunitários. Sobre esse tema, conferir o livro: HILLIARD, David (Ed.). The Black Panther Party: service to the people programs. Albuquerque: University of New Mexico Press, 2008. Disponível em: https://caringlabor.wordpress.com/ Influenciados pelos Panteras Negras, Steve Biko e o movimento da Consciência Negra também desenvolveram programas sociais na África do Sul: HADFIELD, Leslie. Restoring human dignity and building self-reliance: youth, woman, and churches and Black consciousness community development, South Africa, 1969-1977. Tese de Doutorado, Michigan State University, 2010. Disponível em: https://d.lib.msu.edu/etd/10269. Conferir também: SILVEIRA, Paulo. Paulo Freire e Steve Biko, A Terra é Redonda, 19/12/2021. Disponível em: https://aterraeredonda.com.br/paulo-freire-e-steve-biko/ [xxvi] Na edição de 13 de dezembro de 1969 da revista The Black Panther, as principais lideranças dos Panteras Negras prestam homenagens aos militantes Fred Hampton e Mark Clark, assassinados em seus apartamentos por agentes da polícia. Disponível em: https://www.marxists.org/history/usa/pubs/black-panther/04%20no%202%201-20%20dec%2013%201969.pdf Nesse mesmo ano, Hannah Arendt publicou um ensaio a partir dos seus artigos redigidos para a grande imprensa em que analisa a violência estudantil nas universidades americanas: “A violência séria tomou conta da cena apenas com a aparição do movimento Black Power nos campi. Estudantes negros, a maioria dos quais admitida sem qualificação acadêmica, conceberam-se e organizaram-se como grupo de interesse, os representantes da comunidade negra.” ARENDT, Hannah. Sobre a violência. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994, p. 22. Na sequência do ensaio, Arendt critica a leitura que Fanon e os estudantes fizeram dos textos de Marx e Engels, pelo fato de tomarem o lumpenproletariat como uma classe social revolucionária e, mesmo assim, se afirmarem marxistas. ________________________________________ Fonte - Site: A Terra é Redonda

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