terça-feira, 20 de agosto de 2013

III CONFERÊNCIA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

250 delegados do Interior e da Capital participarão do Evento Será neste fim de semana, dias 24 e 25, que ocorrerá a terceira edição da Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial - III COEPIR, no Hotel Continental, Largo Vespasiano Júlio Veppo, 77, em Porto Alegre. Tendo como tema Democracia e Desenvolvimento sem Racismo: por um Brasil Afirmativo, o evento reunirá 250 delegados do interior e da Capital. Contará com a presença de Luiza Bairros, ministra Chefe da Seppir – Secretaria de Políticas Públicas de Igualdade Racial da Presidência da República. De acordo com Sandra Maciel, da Coordenadoria de Políticas de Igualdade Racial do RS – COPIR, “a atividade será plural, tivemos mais de 900 participantes em plenárias municipais e regionais. Conseguimos montar um mosaico de proposições que retratam o momento profícuo que o Estado vive em termos de Igualdade Racial”. A programação será a seguinte: 8h às 11h, credenciamento; 10h às 10h45min, solenidade de abertura; 11h às 12h, palestra Magna Desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia, Luislinda Valois dos Santos; 12h às 12h40min, leitura do Regimento. À tarde, a partir das 14h45min, grupos de trabalho divididos por subtemas e plenária dos subtemas. No domingo, às 9h, haverá o painel com Josué Guillame, haitiano, diretor da Fundação Paraguaia de Direitos Humanos. Das 9h45min às 11h serão apresentadas as propostas dos delegados; das 11h às 12h30min, plenária final, às 14h45min, encerramento. SERVIÇO O que – III Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial - III COEPIR. Onde - Hotel Continental, Largo Vespasiano Júlio Veppo, 77, em Porto Alegre. Quando – 24 (sábado), 25 (domingo) agosto de 2013. Jeanice Dias Ramos Reg. Prof. 3993 Fone para contato(51) 91173390

sábado, 17 de agosto de 2013

CRISTIANISMO RASTAFÁRI

Introdução A expansão do Cristianismo Ortodoxo nas Américas ocorreu, principalmente como resultado da influência das levas de imigrantes que se transferiram para o Novo Mundo provenientes do Leste Europeu. Essa foi regra geral, exceto em dois casos: no Alaska e no Caribe. O caso do Caribe é o menos conhecido em termos de pesquisa histórica incluindo a Jamaica onde a Igreja Etíope se estabeleceu com notável vigor regional. Eu espero que este pequeno artigo inspire alguém de grande conhecimento a estudar o assunto apropriadamente; e se isso também puder conduzir a um entendimento mais profundo do Universo Cristão, tantas vezes mal entendido em sua expressão na Jamaica, então, que Deus seja louvado! Origens Igreja Cristã Ortodoxa Africana Garveista Marcus Garvey foi um lider negro jamaicano, um nacionalista, figura proeminente do Universal Negro Improvement Association (UNIA), uma influente organização do movimento Black Power surgido na década de 1920. Embora se declarasse Católico Apostólico Romano, Garvey encorajou seus seguidores a imaginar Jesus como um negro e a organizar sua própria Igreja. Para enfatizar que tal Igreja não seria nem Católica nem Protestante, foi adotada a denominação "Ortodoxa", ainda que não correspondendo aos cânones da tradicional Igreja Cristã Ortodoxa do Oriente, herdeira de antigas tradições doutrinárias desde a primeira ruptura da comunidade cristã, nos primeiros anos da Idade Média. Os Ortodoxos Garveistas entraram em negociações, através da Igreja Ortodoxa da África, com a Metropolitana da Rússia a fim de obter reconhecimento oficial como jurisdição da Ortodoxa tradicional. Infelizmente, a negociações fracassaram porque os líderes Ortodoxos exigiram uma completa submissão administrativa e dogmática e os garveistas não se dispuseram a tais concessões, posto que desejavam praticar a doutrina conforme suas próprias interpretações. Depois disso, um bispo Ortodoxo Africano Garveista foi consagrado pelos Católicos Americanos - instituição que rejeita a autoridade do Papa romano mas que, em outros aspetos, em tudo se assemelha à orientação proposta pelo Vaticano. A Igreja Garveista tinha milhares de fiéis em três continentes e foi um símbolo do anticolonialismo no Quênia e em Uganda. Naqueles países, os Ortodoxos Africanos rapidamente romperam relações com a Igreja de Nova Iorque e passaram a integrar o Patriarcado Grego de Alexandria, inteiramente Ortodoxo. O mesmo processo se repetiu em Gana, onde o Frade Kwami Labe, graduado do Seminário de Santo Vladimir, em Nova Iorque, conduziu a formação de uma comunidade Ortodoxa fortemente influenciada pelas idéias garveistas. (Eu percebo que muitos religiosos africanos ortodoxos não-canônicos - não alinhados em ponto ou pontos com a doutrina oficial - muitas vezes parecem envergonhar-se de suas origens "heréticas" e por isso procuram se distanciar de qualquer associação os princípios do movimento jamaicano). Judeus negros Os escravos negros da Idade Moderna sempre sentiram uma certa identificação com a história do cativeiro judeu, fosse na Babilônia ou no Egito; alguns justificam esta identificação através de uma lógica extrema que considera os negros escravizados como verdadeiros judeus. Este pensamento, provavelmente, teve sua origem nos Estados Unidos, no período escravagista e resultou na conversão de muitos negros ao judaísmo. A idéia era reforçada pela existência de uma comunidade negra judaica na Etiópia, minoria na população daquele país, que se organizava em guetos juntamente com os muçulmanos. Esses judeus, muitos pertencentes a grupos francamente anti-semitas, se auto-proclamam "verdadeiros judeus" mas, na realidade, em muitos casos, são Cristãos com a doutrina centrada no Antigo Testamento, reunião de livros que, em suas edições euro-ocidentais, os judeus etíopes, consideram distorcidos pela "cultura branca" e cuja originalidade afro-oriental pretendem restaurar. Um dos desses livros de maior importância é o Livro da Glória dos Reis, o Kebra Negast, uma escritura apócrifa (não reconhecida pelo Vaticano), supostamente traduzido diretamente do aramaico (antiga língua dos judeus). Neste texto, aparecem profecias que indicariam a destruição da "Babilônia Branca" ou "Babilônia dos Brancos" e o retorno dos Israelitas para a África, para o verdadeiro Zion (o Monte Sião). O Kebra Negast foi adotado pelos Rastafaris como parte de seus textos litúrgicos. O profeta GarveyNos livros de história, Marcus Garvey aparece como um líder político interessado em promover a igualdade socio-econõmica entre negros e brancos. Na tradição popular jamaicana, Garvey aparece sob uma outra ótica; é considerado como um profeta inspirado por Deus, o precursor anunciador de Haile Selassie. Entre profecias e milagres, atribui-se a Garvey a predição de que um "poderoso rei" surgiria na África trazendo justiça aos oprimidos. Quando o príncipe (Ras) Tafari da Etiópia foi coroado imperador com ampla cobertura da imprensa mundial, muitos jamaicanos entenderam que ali estava o cumprimento da profecia de Garvey e, assim, nasceu o Movimento Rstafari. Garvey ainda era vivo quando o rastafrianismo começou a declinar. O próprio Garvey conheceu dias difíceis, preso sob acusação de fraude comercial. O "profeta" não era admirador de Haile Selassie; ao contrário, lembrava sempre a escravidão que ainda era vigente na Etiópia e considerava os Rastafaris como fanáticos loucos. Não obstante, os rastafaris continuaram reverenciando Garvey como a uma reencarnação de João Baptista, que segundo a versão bíblica rasta, tivera suas dúvidas sobre a identidade do Cristo! A Trindade segundo a teologia bobo ashanti (ou bobo-shanti), congregação dos rastafaris discípulos do Mestre Príncipe Emmanuel. Na ilustração, Emmanuel, Haile Selassie e Marcus Garvey, manifestação terrena da Trindade Divina.Emmanuel personifica Jesus, Selassie é o ícone de Jah enquanto Garvey, profeta como João Baptista, é a inspiração do Espírito Santo. Período classíco Entre os anos de 1930 e 1960, o rastafarianismo era um movimento religioso local com pouca influência fora da Jamaica. Muitos líderes Garveistas insistiram na reverência a Haile Selassie e continuaram considerando o rei etíope como o personagem messiânico da profecia de Marcus Garvey. O movimento se manteve sob a liderança dos "Elders", instituídos por consenso comunitário e que pregavam, cada qual, sua livre interpretação de texto sagrados; e não somente na Jamaica, porque o movimento se difundiu mundialmente em uma "Igreja ou Religião Rastafari" embora sem uma unificação doutrinária. Os livros mais utilizados eram, de fato, o Kebra Negast e a Bíblia do Rei James, que os "Elders" não hesitavam em "emendar" ou "corrigir". Religião de revelação Esta Exegética (interpretação) anárquica dos textos era considerada uma virtude pelos Rastas clássicos. Rastafari não era uma religião, nem uma organização sociopolítica ou ainda uma filosofia; antes, era uma atividade dirigida à busca da compreensão e aceitação-realização da "Vontade de Deus" (Jah). Os Rastas clássicos, em geral camponeses e artesãos de pouca erudição, apreenderam com facilidade o espírito talmúdico das Escrituras e promoveram encontros onde eram realizados debates teológicos e orações comunitárias, atividades em prol da busca da Verdade. Os rastafaris não se identificavam com os protestantes. Acreditavam que o movimento tinha surgido por desígnio divino, inspirado por Revelações. Também não se aproximavam do Catolicismo representado pelo Vaticano do "Papa infalível", porque um só homem não pode conter a Verdade; antes, Jah se manifesta em todos porque é o Um que está em toda parte. Misticismo Desde o início, a experiência mística é uma característica forte do rastafarianismo que enfatiza o "Temor a Deus" ou respeito à majestade de Deus Onipresente e o Poder de Deus, o Onipotente. Através da união com Jah o temor volta a ser o que deve ser, "Poder" que advém do autoconhecimento somente possível por meio de persistente disciplina e repetição ritual das idéias. Por essa razão, os Rastas não fazem adeptos mas confiam que a inspiração de Jah alcança as pessoas que deve alcançar. A união mística foi expressada pelo uso de um neologismo gramatical, um pronome composto "I and I" - o qual pode significar Eu, Nós, Você (s) sempre sendo um mesmo ser unidos na onipresença de Jah). ComunidadeMuitos Rastas viveram e vivem, ainda hoje, em zonas rurais, próximos a bosques e florestas, habitando aldeias governadas por "Elders". Em muitos destes grupos, há segregação entre homens e mulheres em um sistema semelhante ao dos monastérios. Em outros casos, frequentemente, organizam-se em aldeias que reconstituem as vilas africanas. Os "Dreads" ou Rastafaris observam cuidados alimentares. A comida, denominada I-Tal, é uma dieta baseada nas orientações do Pentateuco (Bíblia) com adaptações sempre visando o aspecto espiritual da nutrição. Em geral, os homens usam barba, que aliada aos longos cabelos resultam em um aspecto que, no período clássico do rastafarianismo jamaicano, era causa de discriminação social, obrigando muitos Rastas a usar a "baldface", cara barbeada a fim de obter colocação no mercado de trabalho e ocultar sua filiação ao movimento rastafari. Durante o período clássico, os famosos "dreadlocks" (as tranças e mechas) foram usados apenas por uma minoria, especialmente por aqueles que haviam se comprometido com o "Voto do Nazareno". Mais recentemente, pesquisas históricas sugerem que os dreadlocks se popularizaram através de um reação monástica contra a liberalidade e corrupção de alguns "Elders". Esta espécie de "clero rastafari", praticante de celibato e muitos seguidores da ética puritana dos "guerreiros nyabinghi", remanescentes da cultura pagã, herdaram os dreads como símbolo emprestado de mais de uma tradição cultural, inclusive do vodoo, religião folclórica da Jamaica colonial. Hinduismo Outra fonte de pensamento pagão no Rastafarianismo foi a religião praticada por milhares de trabalhadores hindus que chegaram à Jamaica depois da abolição da escravatura. O Hinduísmo Clássico é a maior força religiosa das Índias Orientais, especialmente em Trinidad, mas sua influência no rastafarianismo tem sido, frequentemente, desconsiderada. Os dreadlocks, o uso da Ganja, o eremita e o asceta são figuras bem conhecidas na Índia e muitos "homens santos" há muito adotaram o modo de viver "rasta", habitando cabanas modestas praticamente ao ar livre e fumando marijuana em rituais religiosos comunitários, quando utilizam o cachimbo comunal. A doutrina hindu da reencarnação foi adotada por numerosos Dreads que acreditam, inclusive, que jamacainos de hoje são a reencarnação de Judeus do passado ou então dizem "Sinto em mim o chicote do Senhor de Escravos", para significar, não que vieram, de fato em época de escravidão, mas para se referir um profundo sentimento de solidariedade para com os ancestrais com os quais se identificam pela crença de que o Todo é sempre o Mesmo Um. Repatriação Entre os poucos pontos de concordância teológica sobre o qual todos os "Elders" (líderes reliogiosos rastafari) concordam está a "divindade" ou a natureza divina de Haile Selassie (embora seja um tema polêmico). Concordam ainda que Selassie pretendeu a restauração do "Mundo Negro" sugerindo o retorno dos afro-descendentes ao continente africano. A partir desta idéia, desenvolveu-se a teoria da Repatriação. Muitos dos primeiros Elders e também entre os atuais permanece a expectativa do momento histórico do retorno à pátria-mãe, especificamente, as terras da antiga Abissínia, que hoje compreendem Etiópia e parte do Sudão. A Teoria da Repatriação introduziu no rastafarianismo uma dimensão política de objetivo definido: grande parte dos Rastafaris, em todo o mundo, e sobretudo na Jamaica, passaram a desejar um retorno imediato à Etiópia.Uma situação sem semelhante histórico, com exceção para o Sionismo, e que exigiu das autoridades jamaicanas severas medidas de controle. Revolucionários convencionais atuam com objetivos locais mas o slogan Rasta nunca foi 'Poder para o Povo", mas "Deixe o meu povo ir". Com o passar do tempo a frustração rastafari em relação ao Retorno atingiu o limiar de um quadro social explosivo. As tensões aumentaram a partir de 1954, quando o governo empreendeu uma ação repressiva contra um "pequeno-Estado" chamado Pinnacle, governado pelo Elder Leonard Howell que adotava a postura de um tradicional chefe africano ocidental. Os seguidores de Howeels migraram para os arredores de Kingston e o movimento, deixando de ser uma iniciativa separatista rural, tornou-se uma associação presente nos guetos da capital. Entre o fim dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, uns poucos Rastas, em desespero, violaram o ensinamento de Não-violência dos autênticos Elders e promoveram uma série de atentados que resultaram em muitas mortes em troca de tiros entre Rastafaris e policiais. Este episódio colocou o movimento nos jornais do mundo sob uma ótica extremamente negativa; esta imagem somente começou a ser restaurada com o advento da música reggae, poucos anos mais tarde. O período clássico de isolamento chegava ao fim. Federação Mundial da Etiópia Ethiopian World Federation - EWF País africano mencionado na Bíblia e única nação daquele continente que resistiu com sucesso às investidas do colonialismo, a Etiópia sempre foi um ponto de referência para os movimentos de resgate da "consciência Negra" nas Américas. Entretanto, o contato entre Etiópia e Américas jamais foi um fluxo intenso de relações até a Segunda Guerra Mundial. Em 1937, o imperador Selassie, em exílio, fundou a Ehtiopian World Federation (EWF) para angariar recursos e apoio político dos grupos nacionalistas do Ocidente. Depois da Guerra , a EWF continou a existir sob várias formas, algumas sob controle local porém todas mais ou menos empenhadas em algum contato com a Abssínia. Trindad & Tobago Nos anos de 1940, um bispo garveista chamado Edwin Collins fundou o que ele dizia ser uma legítima Igreja Copta subordinada ao Patriarcado de Alexandria - representante dos Ortodoxos no Egito (Na hierarquia da Igreja Ortodoxa os líderes maiores são chamados Patriarcas). Todavia, o Garveismo Coptico aproximava-se bem mais da Igreja Ortodoxa Africana que era, canonicamente, uma das divisões mais polêmicas. Em 1952 a Diocese Copta Garveista de Trinidad e Tobago rompeu relações com o Patriarcado de Alexandria e se colocou, por contaprópria, sob a orientação de Adis Abeba (capital da Etiópia, sede da Ortodoxia etíope). O clero foi importado da África e um sistema canônico completo foi implantado nas Ilhas. Trinidad é uma história de sucesso na expansão da Ortoxia Etíope: um clero nativo foi rapidamente ordenado e paróquias foram organizadas em todo país e na Guiana. Em 1959, a organização central Copta Garveista em Nova Iorque tentou obter um status canônico. O arcebispo foi à Etiópia onde teria sido ordenado e retornou acompanhado por jovens padres e diáconos etíopes que ingressaram em universidades americanas. Esse clero rompeu quase que imediatamente com os Garveistas e instituiu paróquias voltadas para as necessidades dos imigrantes etíopes. Por essa manobra, os Garveistas responsabilizaram o novo grupo pelo declínio da Igreja nos Estados Unidos. Um dos clérigos reformadores tornou-se representante internacional da Ortodoxa Americana: Laike M. Mandefro, Arcebispo Yesehaq, metropolita do Hemisfério Ocidental e Apóstolo do Caribe. Todo esse movimento se desenvolveu à parte do movimento rastafari, que ainda estava restrito à Jamaica. Um concílio (ou Assembléia de Cônegos) foi instaurado ali em 1938, sendo quase que imediatamente rejeitado pelos rastafaris, em particular por dois proeminentes Elders, Joseph Hibbert e Arquibald Dunkley. Ambos eram místicos notáveis, Iniciados que pertenciam à Loja Maçônica Copta da Costa Rica e foi através deles, e não de outra forma que o cristianismo ortodoxo penetrou na Jamaica. O Sacerdote etíope da Igreja Ortodoxa exibe uma Bíblia muito antiga com ilustrações onde figuram Reis Etíopes - em Santa Maria de Zion, Axum (atual Eritréia). Grounation Day Com a expansão da Igreja Etíope em Trinidad, Haile Selassie foi convidado a visitar aquele país, em 1966. Nesta época, a Jamaica era palco de uma crise social nacional na qual os Rastas eram vistos como uma ameaça que devia ser dispersada. Um grupo de sociólogos persuadiu o governo a investir em uma ligação mais intensa com a realeza etíope. Com esse fim, aproveitando a presença de Selassie na região, foi negociada uma parada estratégica do imperador na Jamaica. Assim nasceu o Grounation Day, para os Rastas jamaicanos, o dia da chegada de Selassie a Kingston. Ao contrário da versão muito divulgada de que Selassie estranhava ou espantava-se ao descobrir a existência dos rastafaris (grande parte dos quais acreditando que o rei etíope era a encarnação da essência de Deus), era bastante evidente que o propósito de Selassie em sua visita a Jamaica era um encontro com as lideranças rastas. Recebido no aeroporto por milhares de rastas que vestiam branco e cantavam "Hosanas ao Filho de Davi", o rei concedeu audiência para uma delegação de famoso Elders, como Mortimo Plano e Joseph Hibbert. Os detalhes desse encontro histórico não foram registrados e existem diversas versões na tradição oral jamaicana. Certamente, foi proposto aos religiosos que aderissem oficialmente ao Ortodoxismo; em contrapartida, havia a possibilidade de promover a imigração de grupos jamaicanos para a Etiópia que poderiam estabeler colônias em terras do sul do país. Outra versão corrente diz que Selassie levou aos Elders uma mensagem secreta mais sintonizada com a realidade dos afrodescendentes do Terceiro Mundo. Diria esta mensagem, referindo-se ao ideal de repatriação: "Primeiro, construam a Jamaica". Missões Jamaicanas Em 1970, a convite do Elder Hibbert, Abba Laike Mandefro, pessoalmente, deu início à evangelização dos rastafaris. Ao longo do ano ele batizou cerca de mil e duzentos rastas, lançando as bases para a fundação da Igreja e seu desenvolvimento posterior. Mandefro encontrou forte oposição de alguns Elders que ensinavam que Haile Selassie era Jah-Deus em essência e que batizavam também, mas "em nome Ras Tafari". Na baía de Montego, somente um Dread aceitou o batismo ortodoxo. Laike Mandefro deu a este rasta o nome de "Ahadu" - "One Man". Uma grande crise atingiu a nova Igreja em 1971, quando era comemorado o nonagésimo aniversário de independência da Jamaica. O clero Anglicano, Católico-romano e Ortodoxo, das Igrejas Grega e Etíope, participavam das comemorações. Os Rastas escandalizaram-se com as orações conjuntas, reunindo Ortodoxos com representantes das "falsas religiões". Milhares de membros batizados na Ortodoxa se afastaram e a paróquia jamaicana parecia inteiramente perdida. Muitos não hesitaram em organizar Igrejas Rastafari que começaram a retomar o tradicional sistema dos Elders, incorporando em diferentes graus a liturgia da Igreja Ortodoxa e sua influência teológica. Ao lado de grupos heréticos e sincréticos, um movimento Rastafari Ortodoxo legítimo continuou a florescer como espinha dorsal da Igreja Jamaicana. A Federação Mundial da Etiópia (EWF), sob a liderança de Dunkley e Hibbert, tinha grande prestígio. Na Jamaica, a Federação mantinha as orientações políticas e sociais e distinguia-se do rastafarianismo tradicional adotando as regras ortodoxas mas venerando o Imperador Selassie como um ícone sagrado representartivo de Jah-Deus, não mais confundido as duas pessoas, o humano e o divino. Essas orientações diluíram significativamente os anseios populares por um retorno à África. * A teologia ortodoxa distingue diferentes graus de divindade. Somente o "Incriado" é Deus-em-Essência; os homens podem ser "divinos por participação"; os ícones são canais objetivos, terrenos através dos quais o poder divino se manifesta no mundo. A questão que divide os "irmãos" da fé ortodoxa reside no grau de divindade atribuído à personalida de Haile Selassie. Os Ortodoxos canônicos dizem que ele é divino por participação e iconicidade e somente por isso merece veneração; a congregação rastafari "Doze Tribos" sustenta que ele é divino em essência confirmada pelos méritos de sua liderança. Reggae Ainda durante os anos de 1970, a reggae music alcançava um apogeu em sua popularidade; a lírica e os temas religiosos eram uma regra da poética. Muitas bandas famosas foram Ortodoxas, como Os Abyssinians, um grupo ligado ao clero monástico. A família de Bob Marley, superstar do reaggae, era majoritariamente ortodoxa, embora o próprio Marley tenha sido, durante muito tempo, adepto da congregação Doze Tribos de Israel. Em seus últimos anos de vida, quando estava condenado pelo câncer, Marley passou por uma transformação espiritual (e sua música também) que culminou com seu batismo na Igreja Ortodoxa. Seu funeral, ortodoxo, foi acompanhado por dezenas de milhares de fãs. O corte dos locks Em 1975, Haile Selassie morreu na prisão dos generais que depuseram a dinastia e tomaram o poder. A Etiópia transformara-se em uma República comunista. A Igreja Etíope, sob a lei do novo regime, enfrentou uma dura perseguição e somente sobreviveu porque aceitou negociar com seus perseguidores. O marxismo, em Adis Abeba, não podia tolerar a veneração a um imperador ou a qualquer personalidade de liderança, tanto mais uma figura que inspirava revoluções mesmo em terras distantes da Etiópia. Eu tenho a impressão que a situação política etíope estimulou uma migração na classe média do país, em boa parte inspirada pela ideologia rastafari, que lá chegara através dos mídia (meios de comunicação). Na Inglaterra, o rastafarianismo se espalhou em suas variadas orientações, o que não era bem visto pelas autoridades, que suspeitavam das influências "heréticas" da religião e relacionavam os rastafaris como um nicho da população ligado a atividades criminosas. Porém, em um regime democrático, os Rastas encontraram a proteção da Comunidade Etíope da Inglaterra, especialmente em Handsworth, distrito de Birmingham. Ainda assim, em 1976, todos os Rastas ortodoxos foram pressionados a cortar suas tranças e mechas e fazer uma declaração formal de repúdio à heresia de atribuir divindade ao imperador Selassie. Os que cumpriram o decreto, tão subitamente promulgado, fizeram disso uma atitude meramente exterior, mantendo na esfera privada suas crenças e usos de menor visibilidade. Sincretismo Apesar dos conflitos doutrinários, a Igreja Ortodoxa Etíope difundiu-se em território caribenho graças aos Movimento Rastafari. Ainda que atualmente (1995) somente uma minoria de rastafaris sejam Cristãos Ortodoxos conversos, inicialmente, nos primórdios do rastafarianismo, todos foram mais ou menos, direta ou indiretamente influenciados pelos dogmas e discurso Ortodoxos.The "makwamya", o incenso durante as orações na liturgia ortodoxa, foi adotado pelos rastas, assim como os artistas plásticos rastas são influenciados pela iconografia. O sincretismo é particularmente evidente na organização das Congregações que vem se impondo como norma acima da liderança carismática do sistema dos Elders. Doze tribos de Israel As Doze Tribos Rastafari em nada se relacionam com as várias Igrejas Judaicas Negras que usam o mesmo nome. Entre os Rastafari, as Doze Tribos de Israel é provavelmente a maior e mais famosa entre as Congregações. Criada em 1968 por Vernon Carrington, o Profeta Gad ,a doutrina central da Tribos era a crença inabalável em Haile Selassie como sendo Jesu, o Cristo, que havia retornado à Terra com a majestade de um Rei.Para eles, a "Segunda Vinda", o Retorno do Messias, havia acontecido. Sua teologia exotericamente coerente, discurso firme e eficiente sistema de organização converteram muitos jamaicanos. Bobo Asahnti e príncipe Emmanuel "Príncipe" Edward Emmanuel, foi o fundador de outra destacada congregação. Ele era um Elder famoso no período clássico, organizador do primeiro "Nyabinghi" ou O Grande Encontro Rastafari, em 1958. Príncipe Emmanuel foi uma figura polêmica que postulava para si mesmo o status de ser uma das pessoas da Santísima Trindade ressurecta no século XX. Identificando a si mesmo como Jesus, Emmanuel reconhecia as duas outras "Personas Divinas" em Heile Selassie e Marcus Garvey (ver leganda na ilustração acima). Ele esperava que o Congresso nayabhingi reconhecesse tal essa condição, de Pessoa da Santíssima Trindade. Mas a idéia não encontrou apoio da maioria. Mesmo sem reconhecimento unânime da comunidade rastafari, Emmanuel começou a organizar seus numerosos seguidores em uma Igreja instituída com fundamentos dogmáticos, hierarquia e um tipo de monasticismo (vida monástica, celibatária). Os sacerdotes da Igreja de Emannuel, muitos dos quais estiveram na Etiópia, vestem indumentárias semelhantes as da Igreja Ortodoxa da África e do Egito. NOTA DO TRADUTOR: Atualmente, os seguidores do Príncipe Emmanuel continuam professando as mesmas crenças; um dos braços da Igreja original, os Bobo-Shanti Rastafari, integram o Etiópia Africa Black International Congress - Church of Divine Salvation (Congresso Internacional Negro Etíope-Africano - Igreja da Salvação Divina). Esta Igreja tem uma página na internet - BOBO-SHANTI RASTAFARI no servidor Angel Fire. O site contém textos doutrinários: o Credo Nacional, A Trindade Sagrada, O Sábado, sobre a orientação do Êxodo regulando o repouso semanal, um artigo sobre a conduta feminina com o título "A beleza é vã, Favor é falso, Mas a mulher que teme Rastafari, Ela será elogiada" e uma agenda com OS dias de Celebração. Em "Links", estão relacionados nove sites, em inglês e espanhol, sobre a congregação Bobo Ashanti (ou Bobo-Shanti); entre estes, destacamos aqui a sessão de arte do HOUSE OF BOBO - apresentando o trabalho em desenho e cor do artista Ras Mohambeh. Igreja copta de Sião (ou de Zion) Esta era uma denominação Garveista Ortodoxa moribunda quando foi revitalizada por hippies brancos convertidos no anos de 1960. Apesar da liderança parcialmente estrangeira, a Zion Coptic cresceu explosivamente entre os negros jamaicanos, desiludidos com o discurso das Igrejas canônicas. Os Coptas, como eram chamados, declaravam-se como jurisdição ortodoxa legítima. Publicaram tratados teológicos e se engajavam em especulações em torno de temas da Gnose. Apesar do discurso complexo, circular, o mérito da Igreja de Zion foi adotar uma estratégia de aceitação e apropriação do que havia de melhor no pensamento clássico do Rastafarianismo na vida, no cotidiano da Igreja. Mantiveram os dreadlocks e adotaram os tambores nyabinghi, uma concessão cultural que naturalmente resultou em muitos conversos. A grande aceitação se refletia nas finanças da Igreja, que passou a contar com abundantes recursos mas, por isso mesmo, começou a ser alvo de críticas que apontavam os coptas como grandes proprietários de terras na Jamaica. Além disso, outros dois aspectos deste Cristianismo Ortodoxo sincrético, paradoxal em essência, foram causa de controvérsia: a criação informal de um território específico, um Estado-Igreja e as teorias gnósticas-rastafari que justificavam o uso da marijuana (maconha) como elemento de ritual religioso. Estas duas questões valeram a prisão do líder dos Coptas de Zion. Conclusão Eu acredito que os Rastafari tem sido bastante subestimados pelo mundo afora, incluindo muitos dos fiéis da comunidade ortodoxa. Os rastas clássicos eram pensadores teológicos e filosóficos sofisticados, não apenas meros líderes de algum primitivo "culto-cargo". Esta teologia refinada foi concebida por eles mesmos e resgatava temas Cristão que foram objeto de debate nos primórdios do cristianismo; além disso, deixaram um rico legado artístico e cultural. Infelizmente, a publicidade em torno do rastafarianismo enfatiza, quase sempre, somente aspectos como a "heresia de Selassie" e o uso da maconha como indicativo de comportamento marginal ou antisocial. Muitos esquecem que a existência do Movimento Rastafari é um milagre: um povo esquecido, uma cultura perdida resgatando a si mesma e em si mesma os valores de uma antiga ortodoxia a fim de sobreviver, espiritualmente, em meio à hostilidade do ambiente consumista exterminador da pós-modernidade. Nota do autor: O autor fecha o texto com os versos de uma canção de Bob Marley. Aqui, permitiu-se a licença poética de traduzir estes versos. Abaixo, a letra original e a tradução: Versos de Bob Marley Old pirates, yes, they rob I, Sold I to the merchant ships, Minutes after they took I From the bottomless pit. But my hand was made strong By the hand of the Almighty. We followed in this generation, triumphantly. Won't you help to sing these songs of freedom? Cause all I ever have: redemption songs, These songs of freedom. Tradução Os velhos piratas me sequestraram E me venderam aos marinheiros mercantes Logo eu estava no fundo do bote Mas minha mão é forte Pela mão do Todo-Poderoso Nós seguimos nesta geração Você gostaria de cantar esta canção de liberdade? Porque é tudo o que eu tenho Canções de redenção, essas canções de Liberdade Por Norman Hugh Redington Editor of The St. Pachomius Orthodox Library, 1995 tradução, revisão e adaptação: Ligia Cabús - 2004 texto original: BIGUP-RADIO.COM imagens: Google - www.frankossen.com - www.houseofbobo.com masterdesigner: jack - outubro, 2004. Pesquisa de textos e seleção de imagens: Carlos Eugênio Marcondes de Moura

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Desmilitarizar a Polícia é desmilitarizar o Brasil

Nós da rede Mamapress encaramos a existência da Polícia Militar, como parte de um processo de militarização da sociedade civil que marca a história da República Brasileira. A existência da PM é apenas o resultado de uma política de segurança pós escravocrata, em que ela foi moldada para conter, controlar e se necessário eliminar um povo que emergia de 388 anos da escravidão. Quando saímos às ruas de uma maneira unificada em 1978, nós os negros já tínhamos como uma de nossa principais bandeiras o fim da Polícia Militar e a desmilitarização da segurança pública. Naquele momento dissemos para o Brasil e o mundo que estamos cansados de sermos vistos no Brasil como os Inimigos Públicos n° 1 do sistema de poder no Brasil. Quando ouvimos das autoridades públicas a frase ' VAMOS DAR MAIS SEGURANÇA" já sabemos que significa " VAMOS SOFRER MAIS VIOLÊNCIA". QUEREMOS O FIM DESTE CÍRCULO VICIOSO QUE ELIMINA DRASTICAMENTE NOSSO FUTURO ENQUANTO POVO QUE JUNTO COM OS POVOS INDÍGENAS , ESTÁ NO CERNE DA FORMAÇÃO DA NAÇÃO BRASILEIRA. ESTAMOS AQUI PELA VIDA, SEGURANÇA E PAZ PARA TODOS OS QUE VIVEM NO BRASIL, SEM EXCEÇÕES. O debate está nas ruas, nas praças e nas casas, sejamos sinceros e reconheçamos a existência uns dos outros. Como resultados de anos de conversas, discussões e manifestações públicas começamos a colocar na mesa nossas propostas sobre que políticas de segurança queremos. José dos Santos de Oliveira nos apresenta uma reflexão para que tenhamos uma ação rápida.(marcos romão) Conclamação Sociedade Civil Brasileira, não temos dúvidas que a sociedade civil precisa, quer, e tem urgência para propor e debater a desmilitarização da Polícia Militar. O Rio de Janeiro, por sua avançada compreensão política, se vê compromissado com o formato de proposta de uma polícia única, civil, com seguimento uniformizado, estruturada em carreira única, voltada para a defesa da sociedade civil organizada e não dos governantes e seus aliados. Esta é sem dúvida a posição e entendimento majoritário da maioria dos estudiosos, pesquisadores, operadores e profissionais da Segurança Pública do Rio de Janeiro. Esta polícia que aí está, somente interessa aos saudosos dos tempos do regime de exceção. A sociedade civil, não precisa deste culto aos coronéis e suas patentes. Hoje o que a sociedade civil quer é debater, discutir e propor um modelo de polícia civil, com segmento uniformizado, de carreira única e cidadã. Já nos basta as forças militares que temos, Exército, Marinha e Aeronáutica. Se há necessidade de força auxiliar, que se crie no âmbito da União, através do Ministério da Defesa, esta força auxiliar. Nós precisamos dizer a eles, os governantes e aos parlamentares, que não queremos mais, esta segurança pública operada por duas polícias desestruturadas, e formação fundada em princípios racistas, autoritários e voltados para a prática desmedida de confronto, ceivando vidas de jovens, inocentes e policiais no dia a dia de defesa do cidadão comum e da sociedade civil organizada. A segurança pública não pode ter mais o tratamento que lhe é dedicado pelo Governo do Estado, é preciso celebrar um acordo, embasado pela vontade política e participação de todos os setores da sociedade civil organizada. Nós cidadãos, destinatários destas políticas públicas de segurança e os operadores destas políticas. O Estado não pode tutelar as políticas de segurança pública, sem debater estes princípios com a sociedade civil, seus atores, seus destinatários e os operadores. A violência urbana nas comunidades e bairros do subúrbio, tem várias causas, contudo, a sua principal causa hoje, é o abismo social em que uma maioria significativa de jovens, não sua maioria negros e pardos, são vítimas do racismo institucional, da injusta desigualdade social e todos os seus males políticos e cultural. Nós, definitivamente, não queremos mais este modelo de segurança pública, de saúde, de educação, cultural e social, frutos de uma sociedade injusta, racista, excludente e violenta. A sociedade civil organizada não resolverá esta questão, se não se propor a erradicar os bolsões de pobreza, o racismo institucional, fatores estes que alimentam a exclusão e a desigualdade racial e social da maioria dos jovens negros e pardos. O fato que mais chamou a atenção da mídia convencional e dos governantes nestas justas manifestações, foram os atos de vandalismo praticados contra as lojas e comércio em Ipanema, os atos de protestos em frente a casa do governador. A morte de mais de 10 pessoas na Favela da Maré, comunidade do subúrbio do Rio de Janeiro, teve a repercussão natural do fato criminoso. Não teve a conotação política que gerou a ocorrência dos fatos. A sociedade racista e excludente, não se permitiu a avaliar aquelas perdas, por uma razão muito simples, era um conflito em que as vítimas eram um policial e pessoas daquela comunidade. Não eram cidadãos abrigados e protegidos pelo sistema racista, desigual e excludente. Os números são sempre estes, identificados pela morte de policiais e moradores destas comunidades, inocentes ou não. As chacinas só ocorrem nos bairros mais pobres dos subúrbios ou regiões periféricas do Grande Rio e Baixada fluminense. As vítimas, os autores, os protagonistas, são sempre os mesmo, jovens destas comunidades, na sua maioria negros e pardos, e policiais operadores da segurança pública. Nós do Movimento Negro do Rio de Janeiro, temos propostas de novos caminhos, para a formatação de uma nova estrutura nova e eficiente de segurança pública cidadã. A segurança pública, garante a Constituição Federal, é um dever do Estado e um direito do Cidadão. Desta forma, é nosso entendimento, que não se pode propor e debater um novo modelo de polícia cidadã para execução de políticas de segurança pública tão somente nos gabinetes governamentais. É preciso ouvir nossas propostas e sugestões. José dos Santos Oliveira Diretor Executivo CEPERJ Membro da CIR OAB RJ Coordenador do Fórum Criminal Racismo é Crime Consultor para Assuntos de Segurança Pública do COMDEDINE-RIO Conselheiro do CEDINE

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Como Technologies pode ajudar com Investir em Educação de Meninas

Maureen2 Portal Áfricas Por causa das muitas barreiras educacionais enfrentados por uma criança típica menina na África, parece que a promoção da educação infantil menina usando a tecnologia em África é actualmente mais de uma fantasia do que uma realidade do dia-a-dia. Nos últimos anos, tornou-se evidente para muitos governos que, embora seja importante para educar os meninos, é igualmente vital para investir na educação dos jovens e, como tal, tem havido um aumento no número de meninas em níveis primário, secundário e terciário. Por Maureen Agena "O estado da educação das meninas melhorou significativamente ao longo da última década. No entanto, as raparigas continuam a ficar para trás os seus homólogos masculinos em muitas áreas do mundo, em termos de acesso à educação, a conclusão da escolaridade e aquisição de competências básicas como a alfabetização "(World Bank, 2011). De acordo com pesquisa realizada pelo Banco Mundial, cerca de 106 milhões de crianças estavam fora da escola primária em 1999. Quase 61 milhões (58%) eram do sexo feminino em comparação com 45 milhões (42%) do sexo masculino. Até 2009, cerca de 35 milhões de meninas ainda estavam fora da escola em comparação com 31 milhões de meninos. Embora a diferença de paridade entre os sexos diminuiu substancialmente, ainda existem muitos mais meninas fora da escola primária do que os rapazes (World Bank, 2011) A igualdade de género é um direito humano fundamental, consagrado na Carta das Nações Unidas. No ano de 2000, na Cúpula do Milênio das Nações Unidas, os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram estabelecidos e assinada por 189 chefes de Estado de todo o mundo: uma lista de oito metas globais para os países em desenvolvimento a alcançar até 2015 foi delineado. Dentro desta lista, o objetivo 3a procurou 'eliminar a disparidade de género no ensino primário e secundário, se possível até 2005, e em todos os níveis até 2015. Indicador 9 deste objetivo foi medir a promoção da igualdade de gênero e empoderamento das mulheres, na proporção de meninas para meninos no ensino primário, secundário e terciário. No entanto, as metas estabelecidas pelo ODM e outros fóruns globais têm sido em grande parte perdida no continente Africano, em parte porque, na África Subsaariana o número de meninas fora da escola diminuiu mais lentamente, a partir de 25 milhões em 1999 para 17 milhões em 2008, de acordo com o Banco Mundial (2011). Por muitos anos, a educação das crianças do sexo feminino não tem sido uma prioridade em muitas partes do mundo em desenvolvimento por causa de uma série de razões, que vão desde cultural, biológica e social. Essa disparidade se refletiu nas áreas de política, liderança e negócios que, durante muitos anos, com algumas alterações recentes, foi dominado pelos homens. O nascimento ea ascensão de novos meios de comunicação, no entanto, mudando a história de muitas meninas na África que têm sido dada a oportunidade de competir com os seus homólogos masculinos. Uma nova geração de meninas que usam a tecnologia para mudar a sua história está nascendo. Um exemplo de Uganda é o GirlGeekKampala (girlgeekkampala.com), um grupo de jovens entusiastas que se uniram para incentivar a cultura de programação entre estudantes universitárias em todo Uganda. Seu objetivo é facilitar a concorrência favorável no desenvolvimento de aplicações para a venda, para combinar com os seus homólogos masculinos. Da mesma forma, na África do Sul, ShetheGeek (shesthegeek.co.za ) está em uma missão para capacitar as mulheres a nível mundial através de treinamento com tecnologia e inovação. No Quênia, um rápido crescimento da base tecnológica na África Oriental, a escola do Open iniciativa Quênia vem gerando impacto positivo e mudar mentalidades (Creative Commons Blog, 2013). A iniciativa prevê meninas com orientação dos colegas, a aprendizagem através da utilização de recursos educacionais abertos, e usando a Internet para atingir objetivamente suas metas e concretizar suas idéias, enquanto ativamente resolver problemas em suas comunidades. Para além dos esforços individuais de meninas que tentam ajudar colegas meninas, instituições como a União Internacional de Telecomunicações (UIT) se esforçar para melhorar o acesso às TIC para as comunidades carentes em todo o mundo. O acesso às TIC, a ONU diz, capacita mulheres e meninas para tomar o seu lugar de direito como iguais no mundo. É evidente que o investimento na educação de uma criança do sexo feminino é capacitar uma menina para tomar decisões informadas sobre a sua vida, para aspirar a maiores objetivos na vida além do casamento e para competir favoravelmente com os seus colegas do sexo masculino na política, negócios, liderança e outros campos, com um objetivo principal de criar uma mudança social positiva e contribuindo para o desenvolvimento da sua sociedade ou nação. Por isso, é importante que os líderes de incentivar a cultura de tolerância e aceitação entre os homens, de mulheres que quebram mesmo na política e outras profissões dominadas por homens e deixar de olhar para eles como concorrentes ou ameaças, mas sim como companheiros e jogadores da equipe em conseguir uma melhor bom para a sociedade. "Como Technologies pode ajudar com Investir em Educação de Meninas" é um dos doze artigos de opinião apresentados no eLearning África 2013 Relatório. Para ler mais sobre a publicação anual, visite: http://elearning-africa.com/media_library_publications_ela_report_2013.php .

Notícias da resistência em Porto Alegre/RS

Notícias da resistência em Porto Alegre/RS Onir Araújo - MNU Companheiros (as), em anexo o despacho judicial que suspendeu a reintegração de posse da Câmara Municipal de Porto Alegre. Trata-se de uma derrota histórica para os setores mais reacionários, conservadores e racistas do Rio Grande do Sul e uma vitória , inenarrável, das ruas e dos de baixo. A luta continua , para que se protocole e aprove os projetos do Passe Livre para estudantes , desempregados, quilombolas , indígenas e idosos, bem como, a abertura das planilhas e contas. O Presidente da Câmara de Porto Alegre, junto com um grupo de vereadores tentou criar factoides e uma crise institucional de conjunto no Estado , rompendo unilateralmente o diálogo aberto com o povo e o Bloco de Lutas, expondo trabalhadores, mulheres, negros crianças, idosos que exercitavam seus Direitos Básicos de resistir contra a Tirania. Suspendeu , arbitrariamente, o funcionamento da Câmara Municipal impedindo que se protocolasse os Projetos construídos horizontalmente pelo povo , através de Assembleias permanentes, grupos de trabalho. Bradava aos quatro cantos pela utilização das forças policiais contra o povo, chegou a pedir o impeachment do Governador do Estado e instalar um ridículo comitê de crise na Assembléia Legislativa, ou seja, tumultuou os três poderes do Estado e tudo isso , para proteger o lucro dos empresários do transporte. Não passarão, seguiremos firmes, pois tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Resistência, com luta e organização Na lei ou na marra nós vamos ganhar ! Saudações Quilombolas Número do Processo: 11301847551 Julgador: Cristina Luisa Marquesam da Silva Despacho: Vistos. Considerando o certificado pelos Oficiais de Justiça que compareceram à Câmara de Vereadores e verificaram a presença de mais de 400 pessoas, inclusive, crianças, em uma ocupação pacífica e organizada. Também, não há indícios de depredação do patrimônio público pelos manifestantes. Dessa sorte, entendo que a medida drástica de retirada forçada desses cidadãos não é o melhor caminho, neste momento. Ademais, há um pedido de inspeção judicial no local feito pelo Diretório Central de Estudantes da PUCRS para que haja uma solução conjunta, negociada com todos os participantes, a fim de evitar o uso da força física e do aparato militar e danos maiores à integridade física dos manifestantes (fl. 33). Além disso, houve interposição de agravo de instrumento, postulando a revogação da medida liminar, ao qual não foi concedido efeito suspensivo. Porém, está pendente de análise o pedido de reconsideração desta decisão junto ao Relator. Nesse instante, penso que existe a necessidade de se encontrar um mecanismo, uma forma de dialogar para diminuir o impacto de uma retirada violenta dos manifestantes que se encontram naquele local. Assim, por ora, suspendo o imediato cumprimento da medida liminar e designo audiência de conciliação para o dia 17/07/2013, às 15 horas. Intimem-se, inclusive, o MP. Cadastre-se o Diretório Central de Estudantes da PUCRS como terceiro interessado.

Política Nacional de Enfrentamento da Situação de Rua de Crianças e Adolescentes

Solicializo a convocação de participação dos defensores de direitos da criança e adolescentes pra a construção da Política Nacional de Enfrentamento da Situação de Rua de Crianças e Adolescentes no site: www.criancanaoederua.org.br É possível ler os detalhes deste chamamento. Maria Geneci Silveira

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Justiça Federal decide pela continuidade dos processos dos editais do MINC/SEPPIR

quarta-feira, 12 / junho / 2013 by marakarina Ao apreciar agravo de instrumento impetrado pela União, TRF1 decide pela continuidade da seleção, mas mantém premiação suspensa A Justiça Federal decidiu, no dia 7 de junho, pela continuidade dos procedimentos relacionados aos Editais para Criadores, Produtores e Pesquisadores Negros do Mistério da Cultura (MinC), construídos em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR). Trata-se de um agravo de instrumento interposto pela União contra a liminar do juiz José Carlos Madeira, da 5ª Vara da Seção Judiciária Federal do Maranhão, que deferiu a suspensão dos editais para agentes culturais negros, em maio desse ano. De acordo com o documento, as atividades de seleção serão retomadas e compreendem desde a triagem dos projetos enviados até a divulgação dos resultados finais do certame e da lista de classificados no Diário Oficial da União. Entretanto, o pagamento dos prêmios continua suspenso até o julgamento final do processo. Categoria: Destaque, Notícia Tags: brasil, Editais, editais para produtores e criadores negros, Funarte, SAv, Seppir, Suspensão dos Editais do Minc, undação Biblioteca Nacional (FBN) 0 comentários

segunda-feira, 3 de junho de 2013

O País perde Augusto Omolú

Segunda-feira, 3 / junho / 2013 by marakarina A morte prematura do bailarino baiano chocou a comunidade artística do país e deixou um vazio na cultura brasileira. A cultura brasileira perde um dos maiores atores, bailarinos e coreógrafos negros do país, Augusto Omolú (50). Durante os últimos 30 anos, Augusto dedicou a vida à preservação da arte afro-brasileira, por meio da dança forte e vibrante, construída a partir de elementos da ancestralidade africana, mesclando o bailado dos orixás e a ginga da capoeira. Reconhecido internacionalmente, o artista atuava como professor assistente do Balé Teatro Castro Alves (BTCA), onde ministrava aulas de qualificação profissional e dramaturgia. Omolú foi um dos fundadores da Escola de Dança da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), em 1988, montou a primeira coreografia do Balé Folclórico da Bahia, Dança de Origem. Viveu na Dinamarca, como membro do Odin Teatret, uma das mais importantes e respeitadas companhias teatrais do mundo, e retornou ao Brasil há cerca de dois anos. “A Fundação Cultural Palmares lamenta profundamente a morte prematura deste que é um dos ícones da arte e da cultura negra. Nos solidarizamos com os familiares e toda classe artística baiana. O Brasil perde um artista comprometido com as questões negras, um bailarino precioso e extraordinário”, diz o presidente da FCP, Hilton Cobra. A violência, recorrente nas grandes cidades brasileiras, vitimou Augusto Omolú na madrugada de domingo, 2 de junho, em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador/BA. Fundação Cultural Palmares

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Fundação Cultural Palmares certifica mais 54 comunidades quilombolas quarta-feira, 29 / maio / 2013 by Ascom

As novas comunidades que receberam o documento estão concentradas nos estados do Pará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão, Bahia e Amapá Por Cristiane dos Santos/ Ascom FCP Reconhecer as origens e ampliar os direitos. Esses são os princípios da certificação de comunidades quilombolas, emitida pela Fundação Cultural Palmares – FCP desde 2004. Agora, mais 54 grupos poderão ter mais acesso às políticas públicas sociais e de habitação do Governo Federal, pois acabam de receber o documento de autodefinição, de acordo com o texto publicado no Diário Oficial da União, da última sexta feira, 24/05. Até hoje, a FCP já emitiu 1.845 certidões, o Brasil já conta com 2.185 comunidades reconhecidas. Para Hilton Cobra, presidente da Fundação Palmares, a certificação é um grande passo para a cidadania. “O foco não está apenas em garantir autonomia social, ocupação e geração de renda, mas também em proteger o patrimônio material e imaterial e o apoio às manifestações culturais dessa gente negra brasileira”. (Sugestão) Mais acesso às políticas públicas – De acordo com Alexandro Reis, diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro da FCP, após a certificação “a comunidade passa a ter mais visibilidade em relação ao acesso às políticas públicas”, ressalta. Reis explica os benefícios que esse reconhecimento leva às famílias quilombolas “como receber a titulação do território, participar do Minha Casa, Minha Vida, do Programa Brasil Quilombola e passa ser habilitada para o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar)”. E foi essa a motivação para que a Associação da Comunidade Quilombolas de Tocoiós, no município de Francisco Badaró, em Minas Gerais, iniciasse o processo de certificação na FCP. A moradora do quilombo e diretora da Escola Municipal de Tocoiós, Maria Raimunda Alves Pinheiro, declara que “tudo começou quando pesquisadores estiveram aqui e nos disseram que estamos em uma área remanescente de quilombo”. Segundo ela, a partir dessa constatação, a escola passou a receber um benefício estadual na merenda escolar.“Foi o começo da corrida para a certificação, não só de Tocoiós, mas também de Mocó”, afirma. As duas áreas rurais são vizinhas. Em Mocó, com menos de 100 habitantes, todos são negros, em Tocoiós, com mais de mil habitantes, há miscigenação entre brancos, negros e indígenas. Ambas comunidades estão na lista de certificadas. “Esperamos avançar na conquista de direitos, e na superação dos nossos problemas”, disse Maria Raimunda. “Para o futuro, o plano é superar a agricultura de subsistência e aumentar a renda”, ressalta. Outra comunidade certificada é a de Macanudos, no estado do Rio Grande do Sul. “Este processo de certificação foi importante para nosso reconhecimento. Há dois anos atrás, quando começamos, recuperamos uma história de família antiga”, contou a historiadora Maria da Graça da Silva Amaral, membro da família de origem do quilombo. “Estamos em processo de formação sobre quais políticas públicas podemos acessar, tem sido difícil, porque sempre tudo foi negado aos negros”, finalizou. Saiba como conseguir a certificação Como a comunidade deve proceder para a emissão da certidão de autodefinição como remanescente de quilombo: A comunidade deve possuir uma associação legalmente constituída; e apresentar uma ata de reunião convocada para a autodefinição aprovada pela maioria dos morados, acompanhada de lista de presença devidamente assinada; Nos locais onde não existe associação, a comunidade deve convocar uma assembleia para deliberar sobre o assunto autodefinição, aprovada pela maioria de seus membros, acompanhada de lista de presença; Enviar esta documentação a FCP, juntamente com fotos, documentos, estudos, reportagens, que atestem a história do grupo e suas manifestações culturais; Apresentação de relato sintético da história; Solicitar ao Presidente da FCP a emissão da certidão de autodefinição. Lista das novas comunidades certificadas UF Município Código do IBGE Comunidade Nº de Famílias (estima.) Nº PROCESSO Situação DATA AP Laranjal do Jari 1600303 São José 01420.009189/2012-60 Certificada 24/05/13 AP Mazagão 1600402 Lagoa do Maracá 01420.012797/2012-51 Certificada 24/05/13 AP Vitória do Jari 1600808 Taperera 01420.010417/2012-44 Certificada 24/05/13 BA Nordestina 2922656 Tanque Bonito 11 01420.017107/2012-51 Certificada 24/05/2013 BA Palmas de Monte Alto 2923407 Mari 01420.012072/2012-63 Certificada 24/05/2013 BA Palmas de Monte Alto 2923407 Sítio Canjirana, Cedro e Curral Novo 01420.012073/2012-16 Certificada 24/05/2013 BA Pedrão 2924108 Buri e Gameleira 33 01420.016526/2012-75 Certificada 24/05/2013 BA Piatã 2924306 Carrapicho, Sítio dos Pereiras, Mutuca e Capão 01420.003314/2011-47 Certificada 24/05/2013 BA Piatã 2924306 Ribeirão de Cima, Ribeirão do Meio, Caiçara, Tamburil e Barreiro 01420.004695/2012-62 Certificada 24/05/2013 BA Planaltino 2925006 Caboclo 01420.017025/2011-25 Certificada 24/05/2013 BA São Domingos 2928950 Vila África 01420.014778/2011-89 Certificada 24/05/2013 BA Senhor do Bonfim 2930105 Cazumba 01420.014329/2012-11 Certificada 24/05/2013 BA Tanhaçu 2931004 Pastinho 01420.011332/2012-83 Certificada 24/05/2013 BA Taperoá 2931202 Pedra Branca do Riacho do Ouro 01420.012533/2012-06 Certificada 24/05/2013 MA Barreirinhas 2101707 Santo Antônio 120 01420.006157/2012-11 Certificada 24/05/2013 MA Brejo 2102101 Bandeira 01420.002614/2011-17 Certificada 24/05/2013 MA Brejo 2102101 Funil 01420.007906/2010-57 Certificada 24/05/2013 MA Lima Campos 2106003 Nova Olinda 33 01420.005163/2012-42 Certificada 24/05/2013 MA Lima Campos 2106003 Queto 14 01420.005160/2012-17 Certificada 24/05/2013 MG Francisco Badaró 3126505 Mocó 45 01420.002147/2012-06 Certificada 24/05/2013 MG Francisco Badaró 3126505 Passagem 51 01420.002150/2012-11 Certificada 24/05/2013 MG Francisco Badaró 3126505 Tocoiós 227 01420.002152/2012-19 Certificada 24/05/2013 PA Abaetetuba 1500107 Ramal do Bacuri 01420.000716/2013-51 Certificada 24/05/2013 PA Abaetetuba 1500107 Laranjituba e África (Titulada) 01420.001550/2013-91 Certificada 24/05/2013 PA Abaetetuba 1500107 Caeté 100 01420.015653/2012-57 Certificada 24/05/2013 PA Abaetetuba 1500107 Ramal do Piratuba 176 01420.001996/2013-15 Certificada 24/05/2013 PA Acará 1500206 Alto do Acará 01420.013418/2011-60 Certificada 24/05/2013 PA Acará 1500206 Espirito Santo 01420.005414/2011-16 Certificada 24/05/2013 PA Bagre 1501105 Baleiro 01420.000002/2011-81 Certificada 24/05/2013 PA Bagre 1501105 Tatituquara, São Sebastião, Ajará e Boa Esperança 52 01420.005379/2012-16 Certificada 24/05/2013 PA Cachoeira do Piriá 1501956 Itamoari (titulada) 33 01420.000314/1998-67 Certificada 24/05/2013 PA Cametá 1502103 Matias (TITULADA) 45 01420.003444/2013-41 Certificada 24/05/2013 PA Garrafão do Norte 1503077 Castanhalzinho 01420.001446/2012-15 Certificada 24/05/2013 PA Garrafão do Norte 1503077 Cutuvelo 01420.001447/2012-60 Certificada 24/05/2013 PA Moju 1504703 Moju-Miri 01420.000717/2013-04 Certificada 24/05/2013 PA Moju 1504703 Ribeira do Jambu-Açu 62 01420.003893/2013-90 Certificada 24/05/2013 PA Ponta de Pedras 1505700 Tartarugueiro 35 01420.004843/2012-49 Certificada 24/05/2013 PA Ponta de Pedras 1506302 Santana do Arari 01420.010941/2012-15 Certificada 24/05/2013 PA Santa Luzia do Pará 1506559 Três Voltas 01420.002847/2012-92 Certificada 24/05/2013 PA Tracuateua 1508035 Cigano 01420.009495/2012-04 Certificada 24/05/2013 RS Formigueiro 4308409 Timbaúva 40 01420.001564/2013-12 Certificada 24/05/2013 RS Fortaleza dos Valos 4308458 Capão dos Lopes 01420.016304/2012-52 Certificada 24/05/2013 RS Rio Grande 4315602 Macanudos 01420.012577/2012-28 Certificada 24/05/2013 I

segunda-feira, 13 de maio de 2013

13 de maio

Este 13 de maio de 2013 marca os 125 anos da Abolição da Escravatura no Brasil. Na contramão da História considerada oficial, esta efeméride não reduz-se à promulgação da Lei Áurea, subscrita pela princesa Isabel, que num ato de extrema “bondade” teria concedido a liberdade aos negros escravizados, mas, fundamentalmente, traz à superfície as múltiplas formas de insurreição negra (quilombos, revoltas, atos de rebeldia, instauração de uma tradição negro africana) como núcleos vitais de resistência coletiva à escravidão no Brasil, o último país das Américas a extingui-la. Portanto, mais do que legítimo, torna-se um exercício de reparação histórica considerarmos a abolição como resultante de um conjunto de fatores, com prevalência inequívoca da luta dos movimentos de consciência negra, que trouxe em seu cerne as sementes do protesto contemporâneo contra as desigualdades sociais, o racismo, o preconceito e a discriminação racial. Afigura-se, portanto, como gesto fundamental realçar neste dia de hoje o papel importante da liderança de mulheres e homens negros na qualidade de agentes responsáveis por minaras estruturas do escravismo de diversas formas: seja pela via da religião, das variadas expressões artísticas, da ciência e da tecnologia, do enfrentamento político, a exemplo da Revolta dos Malês,uma das mais expressivas manifestações políticas contra a discriminação e a imposição religiosa, em 1835. Considerando esse legado dos povos negros, como podemos reeditar o 13 de maio a cada ano? Embora não vivamos mais sob a égide da escravidão, convivemos, lamentavelmente, abrigados em um sistema que alimenta o racismo e a discriminação que, sistematicamente, põe sob o manto da invisibilidade as conquistas históricas do movimento negro brasileiro, como a comemoração do 20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra.Atualmente, mais de 750 municípios instituíram legalmente a data como feriado, medida que é constantemente ameaçada por aqueles que alegam sua inconstitucionalidade, como acontece hoje no Estado do Rio de Janeiro e na cidade Londrina, norte do Paraná. É inaceitável que essa interferência incida no único feriado destinado a pôr em cena o protaganismo do líder negro Zumbi dos Palmares na busca pela emancipação do país. É essencial que todas as formas de celebração e reconhecimento do papel ativo da população negra sejam preservadas e publicizadas em grande escala. Desse ponto de vista, tanto o 13 de maio quanto o 20 de novembro possuem um caráter pedagógico de valor exponencial para o nosso país reconhecer-se naquilo que o constitui visceralmente: colocam em cena eventos, personagens e histórias até bem pouco tempo desconhecidas ou subvalorizadas pela narrativa oficial, reconhecem a resistência das comunidades tradicionais e quilombolas que, em condições completamente adversas, almejam estatuto de cidadania, onde inclui-se prioritariamente o direito ao território, à preservação das práticas culturais ea novos rearranjos no dinamismo socioeconômico. Nessa busca por um Brasil sem racismo, por uma nação democrática e desenvolvida, o 13 de maio de 2013 permite-nos observar os fios que ligam as manifestações do passado com as do presente. Um dos exemplos mais emblemáticos pode ser extraído dos casos de intolerância religiosa, que tentam bloquear o exercício do direito do povo negro aos cultos religiosos de matriz africana. No entanto, a todas essas práticas que tentam subjugar o legado cultural afro-brasileiro, a herança insurgente do negro escravizado fornece o combustível que põe em marcha reações antirracistas e anti-discriminatórias de diversos matizes e intensidade nos dias atuais. A queda da iniciativa baiana que tentava proibir uma manifestação religiosa no Estado é um episódio que revela a força expressiva dos movimentos de resistência, significando uma vitória do povo de santo. Há que se dizer que a mobilização popular foi determinante para essa conquista. Além desse episódio, já histórico, podemos arrolar outras conquistas que devem ser inseridas nessa densa paisagem da qual o 13 de maio, sob a ótica da população negra, constitui-se em um ponto de inflexão: dez anos da SEPPIR (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República), que veio para converter as principais demandas dos movimentos sociais negros em políticas públicas, transversa lizando o tópico racial na agenda do governo federal; os 10 anos da Lei 10.639, que tem potência para suscitar novos olhares e novas perspectivas sobre o patrimônio afro-brasileiro; o início da Década Internacional dos Povos Afrodescendentes, instituída pela ONU, baseada em três pilares: reconhecimento, justiça e desenvolvimento; os 25 anos da Fundação Cultural Palmares, que serão comemorados em agosto, primeiro órgão federal criado para preservar, proteger e disseminar a cultura negra. Acrescente-se que para esta gestão é fundamental, também, a concepção de uma política cultural honesta, inclusiva e verdadeiramente democrática. Considerar esse conjunto de conquistas e avanços, seja da sociedade civil, seja do Estado brasileiro, nos faz conferir outros sentidos ao 13 de maio anexando-o às iniciativas políticas da população negra no decorrer dos últimos séculos: Palmares, Revolta dos Malês, Revolta da Chibata, Frente Negra Brasileira, Movimento Abolicionista, Movimento de Mulheres Negras, Teatro Experimental do Negro, Resistência das Religiões de Matriz Africana, da Capoeira, do Samba, das Escolas de Samba, dos Blocos Afros, do Movimento Hip Hop. Essa trilha, pontilhada também por recuos e retrocessos, nos faz lembrar que há séculos estamos reivindicando por cidadania plena, reconfigurando a dinâmica social brasileira. Nesse embate, também integrou o escopo das tarefas das organizações negras a interlocução com homens e mulheres que tiveram sua autoestima violada, a estética corporal rebaixada, a humanidade subtraída… É com esse espírito que que a Fundação Cultural Palmares marca o 13 de maio de 2013: dando impulso renovado ao que a data representa para a população negra, aproximando-a cada vez mais dos propósitos verdadeiramente libertários dos nossos antepassados; reatualizando o debate sobre a persistência vergonhosa do racismo e da discriminação; reafirmando o papel da instituição em promover a cultura brasileira, a partir do resgate do legado afro-brasileiro e diaspórico, num exercício constante de promoção dos direitos humanos da população negra. Esse deslocamento de sentido do 13 de maio nos possibilita, assim, dimensionar a profundidade das desigualdades e pôr em destaque o importante papel de homens e mulheres negros para a construção e consolidação de um outro projeto de Nação, em que todos possam dela participar ativamente. Finalizo fazendo referência a um intelectual negro brasileiro reconhecido mundialmente, o professor Milton Santos, cujo texto encerra o espetáculo da Cia dos Comuns “A Roda do Mundo”: “Como reprodução do universo perfeito, e para ajudar os homens e as mulheres na labuta, criando máquinas e engenhos e jogos e maravilhas, foi inventada a roda. Não estamos então aqui para inventá-la de novo. Não é disso que se trata, mas de dizer como a fazemos funcionar em nosso canto do mundo; como queremos que ela funcione, entendendo que em cada lugar e para cada povo a roda gira de um jeito. Reconhecer isto será um enriquecimento para o mundo da roda e um passo a mais no conhecimento de nós mesmos”. Hilton Cobra Presidente da Fundação Cultural Palmares

sábado, 20 de abril de 2013

Dilma convoca por decreto III Conferência da Igualdade Racial

Da Redação, com informações da Coordenação de Comunicação da SEPPIR Brasília – Convocada pela Presidente Dilma Rousseff, por meio de Decreto publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (17/04), será realizada em Brasília, de 05 a 7 de novembro deste ano a III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial, tendo como tema “Democracia e Desenvolvimento: por um Brasil Afirmativo”. A Conferência será presidida pela atual ministra chefe da SEPPIR, socióloga Luiza Bairros, e acontece no ano em que crescem os questionamentos a respeito da gestão de Bairros que, de acordo com ativistas, é a gestão “que menos executou de orçamento nos 10 anos de SEPPIR e que menos dialoga com os setores organizados do movimento negro”. Delegados A eleição dos delegados e do Distrito Federal deverá ocorrer até o dia 30 de agosto e a escolha poderá ser procedida de conferências municipais ou regionais. O regimento interno da III CONAPIR será aprovado pelo Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e editado por portaria da ministra. As despesas com a organização e a realização da III Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial correrão por conta de recursos orçamentários da SEPPIR. A realização da Conferência será antecedida de Seminários Temáticos que terão como tema Representação Política e Enfrentamento ao Racismo, com o objetivo de promover a reflexão e o diálogo sobre a promoção da igualdade racial. O primeiro aconteceu no dia 21 de março. Agenda Até o final de maio, serão realizados mais quatro seminários. No dia 26 é a vez de Recife-PE tratar sobre Trabalho e Desenvolvimento: Capacitação Técnica, Emprego e População Negra. O evento em São Paulo-SP acontece no dia 07 de maio, quando será discutido o tema Desenvolvimento e Mulher Negra. Em Belém-PA, a atividade está programada para 17 de maio, para tratar sobre Territórios Tradicionais Negros: Desenvolvimento e Enfrentamento ao Racismo. Com o tema Oportunidades para a Juventude Negra, Porto Alegre-RS, sedia o último seminário, no dia 24 de maio. Post Afropress

Primeiro governante negro na Alemanha

05 JUNHO 2012 ALEM FRONTEIRAS Alemanha - Embora sendo apenas a nível autárquico mais baixo, não deixa de ser um caso inédito: A Alemanha tem o primeiro negro em toda sua história a exercer o cargo de Presidente numa pequena Câmara Municipal. Órfão de pai e mãe, Ehret de 40 anos idade vive na pequena Comuna de Mauer , arredores da conhecida cidade universitária de Heidelberg, com pouco menos de 4 mil habitantes. Embora sendo o último numa lista de 5 candidatos e não tendo sequer feito qualquer campanha eleitoral. Ao contrário de todos outros co-candidatos, John Ehret saiu vencedor da contenda conquistando 51,0% dos votos. Por ser o único negro da Comunidade Ehretiana, John foi sempre o centro das atenções, embora desabafe: “nunca me senti discriminado”. Sua mãe que viria a morrer vítima de um tumor cerebral quando John apenas completara 2 anos de vida, decidira doar seu filho a um Orfanato para que o cuidassem. Seu apelido Ehret, ganhou-o da família que mais tarde o viria a adotar. Na trajetória que o levaria à cadeira principal da Administração Comunal de Ehret, John passou pela Polícia de Investigação Criminal (BKA) onde permaneceu 20 anos atingindo a patente de Comissário. Na BKA cumpriu várias missões de trabalho perigosas. No estrangeiro destacou-se no Afeganistão.

sábado, 6 de abril de 2013

RELATÓRIO RESUMIDO DA REUNIÃO NA CÂMARA MUNICIPAL (COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS) SOBRE A COMUNIDADE PENNA DE OLIVEIRA Postado por Vera Rosa - MNU/RS No dia de hoje , 02 de abril, realizou-se a reunião com a presença da Comunidade e representações da PGM (Procuradoria Geral do Município) além de representantes do Movimento Social e Social Negro e Sacerdotes de Religião de Matriz Africana. Após um longo e qualificado debate onde a Comunidade apresentou sua rica história de resistência, pois com este trata-se da terceira desapropriação desta Família, oriunda da antiga Ilhota e a importância do assentamento religioso de matriz africana de Mâe China com mais de 6 décadas de existência. Houve o reconhecimento , por parte de representantes da PGM de que a Desapropriação está desconsiderando esse pertencimento negro, protegido também pela Constituição Federal. A proposta consensual construida através da interlocução da Comissão de Direitos Humanos da Câmara é no sentido da suspensão do processo por (quinze dias) através de petição conjunta que será encaminhada perante a 2ª Vara de Fazenda Pública e nesse prazo serão juntados documentos pela Comunidade , demonstrando essa História , para posterior análise e manifestação da PGM. A Comunidade está buscando Justiça e Respeito tendo sido fundamental a presença de representantes do Movimento Social e Social Negro e com destaque para os Sacerdotes de Matriz Africana, ressaltando que segundo estes , aproximadamente, 15 Terreiros estão sendo impactados na Região da Tronco , em decorrência das obras da COPA. Necessário que o Movimento Social e Social Negro sigam apoiando e atentos, pois é inadmissível que se repita a história secular de fachina e limpeza étnica que percebemos ao longo do crescimento das cidades sempre em detrimento de de negros(as) e pobres e em benefício da especulação imobiliária e do lucro. Porto Alegre, 02 de Abril de 2013 Onir de Araujo Membro da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas

CUSPE NA CARA E NEGRA SAFADA NO ÔNIBUS EM BRASÍLIA - A cidadania no balcão da delegacia

WILSON MARTINS-LALAU enviou por e-mail Há um longo caminho a traçar, em uma luta desigual e covarde. Mas, nos resta força para seguir adiante. Apesar de alguns avanços ( não muito expressivo e a realidade do racismo mostra). Não dá para julgar e mensurar o sofrimento do povo negro que ainda é tratado como cidadão de segunda classe. Lalau/SC A propósito do episódio da cuspida na cara de Sônia no ônibus em Brasilia, localizei o texto abaixo que esta no Blog de Humberto Adami, publicado em 2010, quando estive na Ouvidoria. Nao me lembro se saiu no Correio, graças a péssima assessoria de imprensa da SEPPIR, da época. Lembro de Graça Santos e Julio Romário, e outros, "emparedando" a Delegacia, a meu chamado, e a carteirada, com o crachá da Presidencia da Republica, que sempre funciona. Julio me disse que o cuspidor foi condenado a 30mil. Bom episódio do Movimento Negro e do Governo no enfrentamento ao racismo. Humberto Adami QUARTA-FEIRA, 26 DE MAIO DE 2010 CUSPE NA CARA E NEGRA SAFADA NO ÔNIBUS EM BRASÍLIA. A cidadania no balcão da delegacia. * Por Humberto Adami A cena chocou até mesmo quem insiste em não admitir o racismo no Brasil. A copeira negra, de meia idade, moradora de Sobradinho, recebeu, sem qualquer razão, uma cusparada no rosto e a expressão qualificante racial: “negra safada”. A providencial intervenção de um rapaz negro, de vinte e poucos anos, passageiro do mesmo ônibus que transitava em uma via pública na Asa Norte, no Plano Piloto de Brasília, capital da República, impediu que violência ainda maior ocorresse. Imobilizado o agressor pelo rapaz, o motorista do coletivo só parou na chegada à estação rodoviária. O jovem negro, assim que desceu do ônibus, pediu, por telefone, ainda no calor da discussão e da agressão, socorro ao Ministério da Igualdade Racial, como é conhecida a SEPPIR. Já na 5ª. Delegacia de Polícia, no setor bancário norte, do Plano Piloto, em Brasília, o ouvidor da Secretaria de Promoção de Políticas da Igualdade Racial, que assina este artigo, acionou o Conselho Estadual do Negro do DF, que mobilizou grande contingente de conselheiros, que se dirigiram ao local. Foi definitiva essa legítima pressão. Na chegada à delegacia, o jovem que saíra em defesa da senhora agredida nutria a desconfiança que aquela seria mais uma das muitas experiências infrutíferas acumulada pelos que tomam a iniciativa de levar, de fato, o crime racial ao exame da área penal. Ë grande a quantidade de ocorrências raciais que deixam de ser registradas, nos boletins de ocorrência, preenchido nos balcões das delegacias, como sendo o que realmente são: crime de racismo, ou mesmo injúria racial. Além da atuação na ouvidoria da SEPPIR, minha experiência como advogado no Rio de Janeiro dá razão ao jovem negro brasiliense. Logo na chegada à delegacia, a boa surpresa: o “cuspidor”, e ofensor racial já estava preso, prestando depoimento à autoridade policial. Ele admitira, ficamos sabendo em seguida, a cusparada no rosto da mulher negra e o xingamento racial. Mas, saindo em defesa própria, justificou que havia recebido um gesto obsceno feito com dedo pela senhora, antes de agredi-la;fato não comprovado. As suspeitas do jovem negro (testemunha e também vítima, pois o rapaz levou uns sopapos do agressor, ao sair em defesa da senhora) eram procedentes. Realmente o agressor racial iria ser enquadrado na injúria simples, e não na injúria racial ou crime de racismo, como de hábito.Entretanto, uma importante reunião dos integrantes dos movimentos sociais, especialmente Movimento Negro, e representantes dos governos federal e do Distrito Federal, com o Delegado Titular e seus delegados assistentes apontou a relevância do caso, e o seu aspecto racial. A equipe de delegados parte, então, para a “pesquisa jurídica”, digamos assim, na tentativa de acertar, voltando inclusive a re-interrogar o agressor, vítima e testemunhas, buscando o enquadramento que tivesse base nos fatos ocorridos dentro do ônibus. A pesquisa começaria, então, a ser feita na internet, mais precisamente nos sites dos tribunais superiores. Neste ínterim, militantes do Movimento Negro acorrem à delegacia, já com os primeiros representantes da imprensa. Isto durou de 11 às 16 horas do dia 30.04.2010. Por fim,foi anunciado o enquadramento como INJÚRIA RACIAL, com base no art. 140 do Código Penal, o que não permitiria que a fiança fosse arbitrada pelo delegado de polícia, mas apenas pelo Juiz de Direito. O agressor continuaria preso até lá. O fato teve repercussão inédita na mídia da capital federal, bem como no resto do país. Às vésperas de mais um aniversário da Abolição da Escravidão no Brasil, no próximo 13 de maio, o que nós, do Ministério das Relações Raciais temos a destacar no que se refere aos avanços e reincidências apontadas pelo fato acima, é, sobretudo mudanças no cotidiano das relações raciais em nosso país, contemporaneamente: 1. Em primeiro lugar, um jovem negro decide “não deixar para lá” o assunto – a ofensa racial -, e parte para o exercício de cidadania plena. É acompanhado pela vítima, uma mulher também negra, assim como pelo motorista, cobrador e outros passageiros que se encontravam no ônibus. Trabalhadores, uma gente simples e honesta, que sabe distinguir o certo e o errado. E que,ressaltemos, buscam ajuda num órgão do Governo Federal, e a recebem, efetivamente. 2. O segundo aspecto importante é o fato de a autoridade policial que busca a forma de corretamente encarar os fatos - racismo e discriminação racial -, sem demonstrar preconceitos, idéias pré-concebidas, e procurando o melhor enquadramento dentro dos dispositivos legais (Código Penal e Lei Caó) oferecendo com isto, à sociedade do país e aos que buscaram o auxílio da lei, neste caso em particular, uma resposta de valor inquestionável. E que se soma aos esforços de todos os que lutam pela igualdade de direitos em nosso país: a prisão do agressor racial. 3. Indiretamente, a medida tomada pelo delegado titular também aponta para o acerto de mais uma das ações do Ministério da Igualdade Racial, que está adotando medidas para realização de cursos de práticas antidiscriminatórias em todas as ACADEPOL – Academia de Polícia, dos 27 estados da federação. 3. Outro dado relevante é o aumento, nos últimos tempos, em todo o país, das denúncias de casos de racismo, incluída a injúria racial. Podemos lembrar casos como, por exemplo: a) O do funcionário da Gol no aeroporto de Aracaju, agredido racialmente pela médica que perdeu o avião para a lua de mel. Resultado: médica indiciada; b) A história das quatro funcionárias das Lojas Riachuelo, em Vitória (ES), que foram presas por se recusarem a trocar uma bermuda comprada dois meses antes, por uma delegada de polícia, com fianças de R$ 1.600,00 para funcionárias brancas e R$ 5.000,00 para funcionárias negras, tendo apenas estas ultimas sido transportadas na caçapa da viatura policial e dormido por uma noite na penitenciaria de Vila Velha (ES). Resultado: delegada exonerada, respondendo a inquérito; acusação contra as funcionárias arquivadas; c) Crime envolvendo o motoboy negro assassinado em São Paulo, no último mês de abril, com requintes de tortura, com transparência do Secretario de Segurança de São Paulo, afirmando a existência de tortura. Resultado: nove policiais militares presos; d) O episódio dos jogadores ofendidos e de seus companheiros de profissão que foram indiciados por ofensas dirigidas em campo àqueles, aos quais chamaram de “macaco” ou “preto fedorento”, etc. Este último destaque poderia levar ä equivocada idéia de que uma súbita onda de racismo assolou o país. Entretanto, o correto é entender que esses fatos, infelizmente sempre ocorreram.O dado novo - e de suma importância – para o qual o caso de Brasília aponta, é que há avanços inegáveis no encaminhamento dos problemas de natureza racial no Brasil, sendo os principais:uma melhor atenção dirigida à questão, tanto por parte do Estado, quanto da sociedade, que os repreende e não os aceita. Além de uma repercussão conseqüente nos veículos de comunicação, que buscam dar visibilidade a casos como este, em coberturas bem feitas, entre as quais, podemos dar como exemplo a realizada pelo próprio Correio Brasiliense, entre outros importantes veículos. Coberturas jornalísticas que buscaram se desviar dos sensacionalismos esvaziados de sentido público, dando voz aos envolvidos no fato, assim como a representantes da sociedade civil organizada devotados à defesa da igualdade racial no Brasil. É certo que ainda falta muito para que, neste Treze de Maio, pudéssemos comemorar a instauração de uma verdadeira democracia racial em nosso país. Falta, inclusive, uma firme jurisprudência dos tribunais para tais casos. Mas estamos em bom caminho. * Humberto Adami é Ouvidor da Secretaria da Igualdade Racial, da Presidência da República. POSTADO POR HUMBERTO ADAMI ÀS 14:22

sexta-feira, 29 de março de 2013

Disque Racismo DF recebe 124 ligações em 1º dia de funcionamento

SERVIÇO FOI LANÇADO NO DIA 20; CANAL RECEBE DENÚNCIAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL. SEGUNDO A CODEPLAN, 53,5% DA POPULAÇÃO NO DF SÃO NEGROS OU PARDOS. O Disque Racismo do Distrito Federal, lançado na última quarta-feira (20), recebeu 124 ligações no primeiro dia de funcionamento, informa a Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal (Sepir-DF). As ligações para o Disque Racismo são tratadas de forma sigilosa. Quem liga recebe orientações, como a de sempre registrar ocorrência em caso de racismo ou injúria racial. A Sepir não soube informar quantas das ligações registradas no primeiro dia de funcionamento do Disque Racismo foram de denúncias. O Disque Racismo é um canal para realizar denúncias e buscar informações sobre discriminação racial. Embora o público prioritário seja de índios, negros, ciganos e quilombolas, qualquer pessoa pode entrar em contato e pedir orientações sobre o assunto. O serviço funciona pelo telefone 156, opção 7, das 8h às 19h, de segunda a sexta-feira. Nos outros horários dos dias úteis, fins de semana e feriados, uma gravação atende os cidadãos. Negros e pardos Dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), que gerencia o telefone 156, indicam que 53,5% da população no DF são de negros e pardos. A maior concentração de negros por região se encontra na Estrutural (76%) e as menores, nos lagos Sul e Norte (19%). "Essa diferença social por si só já é uma expressão do racismo existente na sociedade brasiliense", afirma. FONTE: g1 Postado por COORDENADORIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

quinta-feira, 28 de março de 2013

Atendente é Indenizada por Discriminação Racial

Uma atendente receberá indenização de R$ 9,3 mil, por ter sido ofendida, em seu ambiente de trabalho, com discriminação racial por um cliente. Segundo o caso, a atendente, em 2008, sofreu discriminação racial em seu ambiente de trabalho depois que, apenas, pediu para o cliente aguardar a liberação da segunda via de um boleto. Irritado, o cliente afirmou que não iria aguardar, afirmando, ainda, que “nunca poderia ser bem atendido por uma crioula e agora que o Barack Obama venceu as eleições dos Estados Unidos, os negros estavam se achando”. A decisão, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo - TJSP, reforçou que a forma como se portou o cliente afrontou nossa Constituição Federal, quanto à repudia ao racismo e aos direitos básicos do cidadão, como a dignidade da pessoa e a igualdade, sem distinção de qualquer natureza. Além disso, entendeu-se que a condenação do ofensor é a forma correta de disciplinar e inibir que atitudes como a em discussão continuem a ocorrer. Fonte: Conjur Postado por COORDENADORIA DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL

terça-feira, 26 de março de 2013

DESPEJO DE CINCO FAMILIAS NEGRAS PROPRIETÁRIAS EM DECORRÊNCIA DA COPA DO MUNDO

Informe Penna de Oliveira ! Companheiros,(as) Com a presença massiva de representantes da Comunidade, além de representação da Presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Porto Alegre (Rafael representando a Vereadora Fernanda Melchionado PSOL) , perante a 2ª Vara da Fazenda Pública , onde foi agendada uma reunião com a representação do DEMHAB , através do Diretor Dr Marcos, que estava na Comunidade na parte da manhã, e a Procuradora do Município, Cláudia, o encontro se deu às 14h. A Posição do DEMHAB era no sentido de cumprir a ordem judicial e oferecendo que a comunidade subscrevesse um acordo , aceitando a saída num prazo de 30 dias e aluguel social por 5meses no valor de R$ 500, ( Quinhentos Reais) e a perspectiva de sacar 80% do valor depositado, que frise-se está bem abaixo do valor de mercado, ou seja, ou comunidade aceitava tal oferta , ou as máquinas da Prefeitura estariam a postos às 9h da manhã do dia 25.03 , para fazer a limpeza ! Instalou-se , num primeiro momento o desespero , por parte de membros da Comunidade , e ainda os argumentos apresentados pela Assessoria Jurídica da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas de que tal proposta desconsiderava situações como a existência de assentamento religioso de matriz africana, de existirem idosos e crianças, além do Ofício da Câmara Municipal de Porto Alegre, sugerindo a realização de reunião no dia 02 de abril para procurar a existência de uma negociação efetiva, e que tais fatores estavam sendo objeto de análise pelo Juízo em decorrência do Ajuizamento de uma Cautelar Inominada pela Comunidade onde se requeria a suspensão da ordem de imissão de posse e a prorrogação do prazo. A decisão sobreveio, com a prorrogação do prazo para o dia 04 de abril, tendo a Juíza considerado no despacho o risco de exposição da comunidade a grave conflito , bem como, o fato da reunião prevista para o dia 02 de Abril na Câmara Municipal de Porto Alegre. Conseguimos, judicialmente a prorrogação do prazo de imissão de posse ! Mas nos manteremos mobilizados, com a vigília no dia 25.03 na Comunidade, bem como, convidamos os (as) companheiros para uma reunião na Câmara dos Vereadores às 18h do dia 25, tendo como pauta o aprofundamento da resistência e a preparação da reunião do dia 02 de Abril. Tratou-se de uma vitória parcial , mas não podemos baixar a guarda! Contando com o apoio de todos (as) Pela suspensão da imissão de posse ! Pelo respeito ao povo negro e às religiões de matriz africana ! Pela abertura imediata de negociação! COMITÊ EM DEFESA DA COMUNIDADE PENNA DE OLIVEIRA

domingo, 24 de março de 2013

Em sessão plenária tumultuada, mulher é presa por racismo em São Leopoldo/RS

Terminou em tumulto e prisão por racismo a sessão plenária da Câmara dos Vereadores de São Leopoldo, no Vale do Sinos, realizada na noite desta quinta-feira. Após a votação de projeto polêmico, parte dos cerca de 300 manifestantes atiraram ovos contra os parlamentares e uma mulher de 64 anos foi detida por ter chamado o vereador Brasil Oliveira (PSB) de "negro sujo". O político, ofendido, deu voz de prisão à agressora.Desde o início da semana, moradores e empresários da cidade prometiam protestar no Legislativo durante a votação do projeto, que muda a estrutura atual dos gabinetes. O grupo era contrário à aprovação da matéria prevê que os chefes de gabinete passem a receber salários de R$ 4.582,46, ao invés de R$ 2.724,67, valor que também vai ser pago aos novos assessores de relações comunitárias. A confusão, segundo o presidente da Câmara, Luiz Andrade (PSB), teve início logo após a abertura da sessão quando os manifestantes gritaram palavras de ordem interrompendo a reunião. Depois da votação, que terminou com nove votos favoráveis e três contrários ao projeto, parte dos manifestantes atiraram ovos em direção à Mesa Diretora e, em determinado momento, houve a ofensa ao vereador. "Não tinha mais como continuar a sessão, a Brigada Militar interveio e encerramos os trabalhos. Agora vamos esperar a sanção do prefeito", explicou o chefe do legislativo.Conforme o vereador Brasil, ao ouvir a ofensa, ele não hesitou e deu voz de prisão à manifestante. "Não pude acreditar que em pleno século 21 isso pudesse ocorrer. É um desrespeito comigo, como ser humano, como negro e mais ainda como vereador. Está na constituição, é crime", disse, perto das 22h, já a caminho de uma delegacia.Anderson Ribeiro, um dos organizadores da manifestação, explica que o movimento não compactua com a atitude errada e isolada de alguns participantes, mas que o intuito inicial era legítimo. "Sempre levantei a bandeira da igualdade, jamais defendi atitude semelhante à que pode ter ocorrido", explicou.A manifestante segue detida na 1ª Delegacia de Polícia (DP) da cidade. O delegado Eric Dutra lavrou a prisão em flagrante após ouvir os envolvidos, mas esclareceu que ela pode responder pelo crime em liberdade, desde que pague fiança.Postado por Lamudoyê Jorge Cruz, no facebook.

sábado, 16 de março de 2013

Homenagem a Caren Daiane da Silva na Assembleia Legislativa/RS

Realizada dia 13 de março de 2013, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul,a homenagem da Deputada Estadual Marisa Formolo (PT). A distinção faz parte de uma premiação anual dada pela parlamentar a mulheres que se destacam em atividades pela comunidade. Nesse ano foram homenageadas cinco mulheres. Em virtude da Campanha da Fraternidade da CNBB em 2013, foram homenageadas mulheres jovens e com trabalhos sociais relevantes. Caren Daiane da Silva, com formação em História, Militante do MNU, Seção Caxias do Sul, recebeu a homenagem por seu trabalho na educação. A Dep. Marisa Formolo merece os parabéns por sua visão especial para as jovens mulheres que têm pouca visibilidade de suas importantes militâncias e que conseguem mudar e melhorar a vida de muitas pessoas.

Manifesto do Movimento Unificado do Rio Grande do Sul.

Fórum Social Temático Manifesto do Movimento Unificado do Rio Grande do Sul. “O Fórum Social Mundial foi criado para se contrapor à Conferência do Fórum Econômico de Davos e é um espaço internacional para a reflexão e organização de todos os que se contrapõem à globalização neoliberal”. É um espaço para os movimentos sociais construírem alternativas para favorecer o desenvolvimento humano e buscar a superação de dominação dos mercados em cada país e nas relações internacionais. A partir de 2001, em Porto Alegre, o primeiro FSM colocou em pauta importantes temas para a transformação social: o acesso e a produção de riquezas, a sustentabilidade, a afirmação da sociedade civil e dos espaços públicos, e, poder político e ética na sociedade. Em 2002, o Movimento Negro Unificado – MNU – foi um dos protagonistas da criação do “Tribunal dos Povos” que julgou as atrocidades históricas contra a humanidade. Foi à primeira experiência para idealizarmos a articulação do Comitê Afro do Brasil composto pelas principais organizações do movimento negro brasileiro. Um marco da participação do MNU foi à realização da I Conferência Internacional de Reparação e Contra o Racismo entre o Brasil e vários países africanos. Em 2003, consolidamos o Quilombo Milton Santos e Lélia Gonzales pautando, principalmente, a questão da titulação das terras remanescentes de quilombos. Em 2004, realizou-se em Mumbai, na Índia, a primeira edição do FSM fora do Brasil. Em 2005, em Porto Alegre, consolidamos o Comitê Internacional de Reparação entre Brasil e 16 países africanos. Em 2006, aconteceu o FSM policêntrico com caráter de mobilização, ação global e descentralização regional. No ano seguinte, acontece o primeiro FSM no continente africano, no Quênia, e notam-se sérios problemas organizacionais e uma verdadeira desmobilização de várias organizações do mundo todo. Já em 2008, o Comitê Internacional decide realizar uma série de mobilizações em vários países do mundo. O retorno do Fórum ao Brasil deu-se em 2009, em Belém do Pará, onde o MNU articulou com o Comitê Africano a Carta de Convergência. O documento definiu uma pauta internacional de debates e mobilizações tendo como referência o tema: Reparação aos Povos Espoliados Pela Escravidão e o Racismo. Em 2010, comemorou-se em Porto Alegre “10 anos de FSM’, houve pouca mobilização e as atividades não avançaram muito na abordagem de temas estratégicos para o fortalecimento do FSM. O FSM de Dacar, que ocorreu em 2011, no Senegal, evidenciou o descaso e o preconceito com o continente africano, inclusive com o sumiço da vanguarda esquerdista que não respira glamour fora da capital gaúcha e dos principais centros intelectuais. Já o Fórum Social Temático de 2012, em Porto Alegre, teve um caráter preparatório para o “Rio + 20” em plena efervescência da crise européia e americana e das insurreições da Primavera Árabe. O Fórum que está começando, a partir de 26 de janeiro de 2013 em Porto Alegre, inicia sob grande influência institucional da Prefeitura da Porto Alegre, da sua base aliada de partidos fisiológicos e de entidades aparelhistas alinhadas ao neoliberalismo. Nesse sentido, denunciamos ao Brasil e ao mundo que as contradições ideológicas e programáticas da política brasileira transportaram para o FSM a mesma “naturalidade” de convívio entre representações politicamente antagônicas. Isto é fruto da política de ‘’concepção desenvolvimentista’’ que permite a convivência e administração do poder público entre instituições políticas e a elite, que verdadeiramente detém o poder econômico, possibilitando a sobrevivência política “comum’’ nos poderes constituídos pelo Estado. Discordando dessas contradições, o Movimento Negro Unificado não participará do FSM Temático de 2013 que terá como tema: “Desenvolvimento de Cidades Sustentáveis’’. Ressaltamos que mais uma vez a cidade de Porto Alegre incorpora a sua conduta histórica de destruir e remover os territórios negros para regiões sem infraestrutura e condições habitacionais. Citamos como exemplo, a Colônia Africana que existia até a década de 40 em bairros atualmente nobres: Bom Fim, Mont Serrat, Moinhos de Vento. A especulação imobiliária e a cumplicidade do poder público exercem a expressão do racismo institucional promovendo a política de desapropriação e coerção aos territórios negros. Atualmente, o processo de obras para a Copa do Mundo 2014 prevê a remoção de 26 terreiros de matriz africana em Porto Alegre. No bairro Cruzeiro do Sul, o terreiro de Candomblé liderado pela Babalorixá, Mãe Maria de Osun, será removido em função da ampliação das vias públicas. Outros espaços estão sendo ameaçados: Sociedade Floresta Aurora, Bloco Afro Odomodê e Escola de Samba Acadêmicos da Orgia, entre outros. A intolerância religiosa é outro fator que discrimina os rituais de matriz africana, atacando as manifestações seculares de cultos com sacralização e o prosseguimento das sessões após ás 22 horas. Tais atitudes são oriundas de verdadeiras campanhas de igrejas neopentecostais, partidos conversadores e monopólios de redes de comunicação. Segundo Milton Santos, geógrafo, e um dos maiores pensadores do Brasil: O problema metropolitano está exigindo urgentemente novas formas de regulação, cuja prática incumba, em maior parte, aos poderes públicos mais próximos do cidadão, sem deixar, todavia, que este seja esmagado por interesses localistas ou manipulações de grupos municipais. Tal regulação terá de escapar às injunções de um jogo oblíquo, mas eficaz pela proximidade de atores, de forças confluentes contra os interesses do maior número e onde as ambições eleitorais ou de lucro se congregam e equivalem na subordinação aos mandamentos nem sempre sutis das classes dominantes e do poder econômico. O sistema crônico de discriminação racial nas cidades e nos espaços públicos está diretamente relacionado com o Racismo Institucional nas diferentes estruturas do Estado. Uma cidade democrática, com desenvolvimento sustentável e sem racismo deve considerar: O espaço e o ponto de vista dos movimentos cidadãos que promovem o controle social com indicadores, o acesso à informação pública, pesquisas específicas, monitoramento e incidência das políticas públicas, a participação cidadã, a inclusão de diferentes e de diversos setores e atores da cidade onde habitam. A convergência desse processo é a convicção de importância de uma cidadania ativa na promoção e realização das verdadeiras transformações, reconhecendo que estas mudanças exigem, por sua vez, a transformação do Estado. Para que “Outro Mundo seja Possível Sem Racismo” é fundamental a efetivação de políticas públicas específicas para a população negra: A implementação da lei 10.639/2003 que institui a obrigatoriedade do Ensino de História da África e da Cultura Afro Brasileira é um verdadeiro instrumento de conscientização e de política educacional de promoção de igualdade étnico racial. O fato é que o poder público, de modo geral, não tem apresentado resultados efetivos de tais medidas. A política de cotas raciais e sociais nas Universidades Públicas tem propiciado um novo cenário de formação acadêmica para os afrodescendentes e pessoas egressas do ensino público. Por outro lado, o genocídio da juventude negra no Brasil é alarmante, trazendo altos índices estatísticos de mortes resultantes da violência institucional. Conforme reportagens produzidas pela mídia nacional; em São Paulo a polícia militar orienta os seus policiais a focarem as suas abordagens, principalmente, á transeuntes de cor parda ou negra. O que é inadmissível. As mulheres negras são as maiores vítimas de violência doméstica, de maiores taxas de desemprego, salários mais baixos, e altos índices de doenças gestacionais. Sobre a saúde da população negra as instituições públicas insistem numa política mantenedora de práticas conservadoras, não considerando as especificidades dessa população, por exemplo, o tratamento a Anemia Falciforme. Conclusão: Ressaltamos que o Fórum Social Mundial Temático de Porto Alegre não contempla a concepção de participação democrática e popular para a construção de uma cidade com desenvolvimento sustentável. O Movimento Negro Unificado vem manifestar publicamente o repúdio a qualquer tipo de apropriação institucional que possa conduzir e/ou interferir no avanço de conquistas históricas protagonizadas pelos movimentos sociais. A divisão racial de classes é um alicerce da burguesia Boa luta! MOÇÃO CONTRA O IMPERIALISMO. A crise econômica mundial faz ressurgir uma forte ação neocolonialista na África. China, Estados Unidos, Inglaterra, e França (que invadiu o Mali) buscam novamente “status de liderança mundial” instalando, cada vez mais, suas empresas multinacionais com o propósito de extração de riquezas minerais e exploração dos trabalhadores africanos. O próximo Fórum Social Mundial que será realizado na Tunísia tem a responsabilidade de debater “o cenário atual no continente africano, pós Primavera Árabe, e sob o contexto da Crise Americana e Européia”. REAJA Á VIOLÊNCIA RACIAL – MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO/RS. PORTO ALEGRE, 27 DE JANEIRO DE 2013.

CONSCIÊNCIA NEGRA

O que significa ter consciência do que é Consciência Negra Ter Consciência Negra é compreender que o projeto de colonização implantado no Brasil, não teve a finalidade de transformar o Brasil em uma nação, em um país, mas sim, desenvolver uma forma de conquista e invasão moldado na busca desenfreada das riquezas naturais que esta nação possui, através da monocultura latifundiária, escambo, extração destrutiva das matas e florestas, a cata de pedras preciosas e, impor um sistema civilizatório onde a “superioridade” racional do pensamento retrógrado da “civilização” branca ocidental, subjuga pela força física negros e indígenas. É ter consciência que os 350 anos de escravização obtiveram os seguintes resultados: 11 milhões de africanos apressados e transportados para esta diáspora forçada nos navios negreiros, autênticos campos de concentração marítimos, e causou o maior holocausto em termos numéricos e de longa duração na história do planeta azul, que deveria ter a cor da vergonha e do pecado. É ter consciência que a escravização praticada nas senzalas, minas, campos, cidades, seminários e Igrejas, foi tão violenta e destrutiva que os escravizados sucumbiam após SETE anos de trabalho forçado, que estes enjeitados de toda sorte se sujeitavam a péssima alimentação (sobras), jornadas exaustivas de trabalho, vestiam andrajos, e não tinham nada de si, nenhuma querência, nenhum amor, nem seu próprio corpo, a única coisa que o escravizado tinha de seu, era a MORTE! Ter Consciência Negra é não aceitar a grandiosa mentira contida no mito da democracia racial e no texto da Casa Grande e Senzala. Nossos ancestros e ancestras se insurgiram contra todas as formas genocida com que eram tratados, cujos atos excludentes ainda hoje se repetem. É por isso que fazemos memória de Zumbi dos Palmares, o maior de todos os negros, o grande líder do Quilombo dos Palmares, o herói da raça. Ter Consciência Negra é saber que a luta dos afrodescendentes continua apesar de abolida a escravização, uma abolição inconclusa que tirou os grilhões de nossos pés, é os colocou em nossas gargantas nos manietando, que deixou de nos marcar a ferro em brasa como gado o nosso tronco como símbolo de sermos batizados, para marcar na alma, na vergonha e no pecado todo povo brasileiro. São atitudes de recusa e rebelião contra o que está exposto nas vísceras abertas que nunca fecha, fruto deste cancro racial e preconceituoso. Ter Consciência Negra é saber-se afrodescendente, saber que nossa cor é linda, o formato do nosso nariz, nossos lábios e cabelos carapinhos, faz a diferença e harmonizam o nosso jeito de ser; é valorizar nossos ritmos, som que dos tambores que nos impulsiona e nos anima, assim como nossa cultura; é valorizar as religiões de matriz africana, símbolo de resistência e da espiritualidade do Povo Negro. Te Consciência Negra é recuperar o ideário de Zumbi dos Palmares e resgatar um importante e secular exemplo de luta e organização pela emancipação do povo brasileiro e temos que conscientizar todos e todas negros, brancos e amarelos, enfim, a nação brasileira a continuar lutando para o fim da desigualdade e do preconceito racial. Ter Consciência Negra é ter consciência de que este povo tem a estranha mania de ter fé na vida e depositam todas suas esperanças em Cristo Jesus. Verdade e Vida.

BENJAMIN DE OLIVEIRA

Benjamin Chaves, posteriormente conhecido como Benjamin de Oliveira, nasceu em Pará de Minas, no estado de Minas Gerais, no dia 11 de junho de 1870. Foi o quarto filho de Malaquias e da escrava Leandra. Aos 12 anos, fugiu de casa com o Circo Sotero, onde começou a trabalhar como trapezista e com números de acrobacia. Do artista Severino de Oliveira, seu orientador no circo, adotou seu novo sobrenome, mas abandonou a trupe três anos depois. Benjamim passou por vários circos ainda como acrobata até estrear como palhaço, numa turnê no interior de São Paulo, ao substituir o artista original, que estava doente. Benjamim de Oliveira foi uma das mais importantes figuras do mundo do circo, o primeiro palhaço negro do Brasil e, de acordo com o pesquisador Brício de Abreu, o primeiro palhaço negro do mundo. Em 1892, ingressou no circo do português Manoel Gomes, conhecido como Comendador Caçamba. Foi nesta ocasião que o palhaço conheceu um ilustre freqüentador do Circo, e dele tornou-se amigo, segundo afirma o pesquisador Nei Lopes. Esse admirador era o então presidente Floriano Peixoto. Por volta de 1896, conheceu Affonso Spinelli. Até os anos 30, Benjamim atuou no Circo Spinelli, período que correspondeu aos seus anos de maiores glórias. Entre 1907 e 1912, o já popularíssimo palhaço Benjamim de Oliveira gravou cançonetas, lundus e modinhas em seis discos pela Columbia Records. Nos entreatos do circo, cantava acompanhado de um violão. Até 1938 foi o principal nome do circo brasileiro, atuando no Circo Spinelli como Tony ou Clown e como ator teatral em diversas peças, promovidas como complemento da sessão circense. O circo-teatro teve o seu apogeu entre os anos de 1918 e 1938, sendo introduzido no Rio de Janeiro por Benjamim, que começou com paródias de operetas e contos de fadas teatralizados, chegando à apresentação de peças de Shakespeare. Essa versatilidade fez com que a obra de Benjamim de Oliveira marcasse uma revolução no circo brasileiro. Foi aclamado como o rei dos palhaços no Brasil e respeitado por homens de teatro como Procópio Ferreira.

Segure e lance

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