quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Racismo em charge Caxiense

Porque os assaltantes são negros e os assaltados brancos? Sou negra e já fui assaltada. Todas as vezes por brancos. Branco também assalta. Povo negro de Caxias do Sul. É isso que pensam de nós. Avisada de que os braços dos assaltantes são brancos. Pergunto: Porque máscaras negras? Porque a referência ao Islã? É porque temos imigrantes senegaleses em Caxias do Sul? Isso é uma explícita referência a ambos! O tempo de ficarmos calados já passou. Hoje, buscamos conseguir políticas públicas que nos trouxessem a reparação pela relegação que sofreu o povo negro, ao ser sequestrado na África e escravizado no Brasil. Embora tenhamos que carregar a pecha do escravismo, a vergonha não é nossa. Nossos ancestrais construíram esse País, e nós continuamos construindo. Mas não nos acomodamos mais, aceitando apenas o chão de fábrica como trabalho, ou todos os trabalhos com baixa remuneração e reconhecimento. Queremos e podemos mais. Temos as mesmas qualidades, buscamos as oportunidades. Somos um povo considerado de segunda classe apenas pelos racistas que tem nisso sua única forma de manutenção no poder. A perversidade da tentativa de imposição de uma etnia sobre outra, perpassa pela ignorância das qualidades das demais. Conhecer, livrar-se dos preconceitos e procurar interagir melhor seria o caminho, e não apenas tentar desqualificar e ampliar o preconceito, a discriminação e o racismo. O Conselho Municipal da Comunidade Negra de Caxias do Sul (COMUNE), repudia tal fato, pois aqui não temos apenas assaltantes negros, e a referência ao islã como religião consideramos intolerância religiosa. Os maus praticantes do islã, são os radicais que tanto mal vem causando, mas assim como os preconceituosos, não representam o todo e muito menos a religião. Convidamos a população negra de Caxias a nos unirmos para fazer o enfrentamento a mais essa situação preconceituosa. Maria Geneci Silveira Presidente do COMUNE Caxias do Sul

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

CONSCIÊNCIA

Não! Não me venha com Consciência Branca, Consciência Humana, com 100% Branco. Esta história negra à brasileira de dor e exclusão, segregação e racismo diário nunca nos desceu. Não tenho o pé na cozinha e nem na Senzala! Minha ascendência é de reis e rainhas, sacerdotes e sacerdotisas. Denegrir é tornar negro, então pode me denegrir à vontade. Vamos denegrir o mundo. Mulato é filho de mula! Negras mulheres, negras rainhas! Não são seu objeto de desejo? Fecha sua cara mané, respeito conserva os dentes! Cabelo ruim? Ah é? Então me diz o dia que ele brigou com você? Não sou essa gente de cor. Somos essa gente de alma e sentimento. Nossos jovens pretos estão morrendo. Você não viu? Ou fez que não enxerga? A dor é nossa. A carne mais barata do mercado é a carne negra? Na suas ideias só se for. Não estamos à venda. Exu nunca foi seu diabo europeu. Meus deuses são negros e qual o problema nisso. E são de guerra, estão na batalha para trazer a paz. Hoje é dia de reflexão. Acorda! Esse mundo de igualdade nunca existiu. Fácil falar de fome com um prato na mesa. E nem vem com essa de estão dividindo o Brasil. Vai no Congresso Nacional que é Branco e no Presídio Preto e me diz qual é a sua igualdade tupiniquim. A verdade é que toda preta e todo preto tem seu diário particular de um detento para contar. Sorriso negro forjado na lágrima. Mas se você não quis ver a história do Brasil, ao menos hoje se ponha a refletir o porquê? Faz o teste do pescoço. Olha para o lado no seu churrasco de picanha e Re Label e veja quantos pretos e pretas estão com você? Olhou? Então! Felipe Brito

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

A Consciência Negra é necessária

Publicado há 1 dia - em 5 de novembro de 2015 » Atualizado às 9:29 Categoria » Questão Racial Mês de novembro chegou e com ele vem o dia da Consciência Negra. Muitas pessoas questionam o motivo de tal data, reforçando que o que deveríamos ter, realmente, era um dia da Consciência Humana. Por Flipe Cardoso Do Chuva Acida Muito admira os questionamentos e as intromissões quando se trata das pautas da população negra. Em outubro tivemos três festividades germânicas no estado, mas os mesmos questionamentos não foram feitos. Não foi cobrado, por exemplo, para que fosse realizado uma festa das tradições joinvilenses, com todas as culturas representadas, ao invés de celebrarmos apenas a cultura germânica. Esses questionamentos mostram uma tentativa de silenciar quem sempre lutou e luta para ser escutado e representado. Esses questionamentos são frutos de uma cultura racista que nunca permitiu ou viu com bons olhos o que era produzido pela população negra que, aqui na região, insistem em afirmar que não existia, mesmo que a história afirme o contrário e mostre que, em Joinville, os negros e negras – escravizados e libertos – já frequentavam a região, junto com as famílias luso-brasileiras, e ajudaram os primeiros colonizadores, alemães e noruegueses, que aqui chegaram, em 1851. Para quem ainda duvida, visitem o Cemitério dos Imigrantes de Joinville e vejam lá enterrados alguns dos escravos que aqui viveram. Além do resgate e da luta para que essa história seja propagada e apresentada tanto para moradores, quanto para turistas, a Consciência Negra se faz necessária em uma cidade que continua a insistir ser pertencente a um só povo e que, com isso, contribui para o surgimento de grupos neonazistas e separatistas. Ao acreditar que o problema racial seria resolvido se fosse silenciado, seguindo a lógica Morgan Freemiana, permitiu-se que o problema crescesse, fazendo surgir diversos casos e denúncias de racismo. Recentemente, o caso envolvendo a modelo Haeixa Pinheiro, na disputa do concurso para eleger a rainha da 77ª Festa das Flores, viralizou na internet e deixou mais do que evidente a importância de uma data que relembre o sofrimento da população negra no período escravocrata e as consequências dessa época que persistem até hoje. A invisibilidade negra nos concursos de beleza, por exemplo, é parte das grandes consequências geradas pela escravidão em terras brasilis. Não me agrada esses tipos de concursos, a objetificação da mulher e sua exposição, tendo que corresponder a um padrão pré-estabelecido, reduzindo todas as suas qualidades a simples aparência, tentando criar padrões que demonstrem o que é belo e o que é feio, o que é bom e o que é ruim, o que deve e o que não deve ser aceito, mas diante dos fatos é preciso fazer uma outra análise sobre outra problemática existente: o racismo. Se é permitido a presença de mulheres brancas disputando a coroa de rainha das Escolas de Samba, no Carnaval, por que não é permitido a presença de mulheres negras na disputa pela coroa em eventos da cultura germânica? Ainda insistem em nos intitular como extremistas e intolerantes, quando a realidade nos mostra o contrário. Haeixa pode até não saber, mas representa a negritude joinvilense, todos aqueles e aquelas que se escondem, não querem tocar no assunto, sentem medo. Haeixa está encorajando negros e negras a buscarem a Consciência, a representatividade e o direito de dizer que estamos aqui, que ajudamos a construir essa cidade e que queremos respeito. Respeito à nossa cultura, as nossas tradições. Respeito à diversidade. Somos diferentes, sim. Minha pele negra é diferente da pele branca, mas não é isso que gera o racismo. O que gera o racismo é querer usar dessa diferença para sobressair, tirar vantagem das outras pessoas, hierarquizar. Foi isso que foi feito na escravidão e persiste até os dias de hoje. Sobre os que têm e os que não têm, os que mandam e os que obedecem, os que vivem e os que morrem, os que são livres e os que são encarcerados… Acredito também que devemos ver o que nos une, mas sem um olhar clínico, crítico e analítico do que nos separa, jamais atingiremos a unidade que tanto queremos. É esse olhar clínico que a Consciência Negra tenta trazer todos os anos, todos os meses, todos os dias, mas nunca consegue ser escutada. Os problemas raciais são estruturais no nosso país, não é esvaziando os debates, não é tentando silenciar que iremos chegar a uma solução eficaz. É justamente por meio da escuta, da educação, da pesquisa, da leitura, do conhecimento e, principalmente, da empatia. Se você quer mesmo ter uma Consciência Humana, comece entendendo que a Consciência Negra é importante, pois com todas as desumanidades que nós enfrentamos nos mantemos de pé, tentando dialogar e ensinar um pouco mais sobre a nossa cultura, a pedir mais respeito, a lutar pelo fim do genocídio e da marginalização da nossa população, da nossa religião, das nossas tradições. Salve Zumbi! Salve Dandara! Salve Tereza! Salve todos os heróis e heroínas, negros e negras, que morreram lutando por justiça e liberdade! Estão vivos e serão sempre lembrados. Portal Geledes Tags: Consciência Negra • Questão Racial

Segure e lance

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