quarta-feira, 28 de maio de 2014

Advogado sindical e de direitos humanos, Sergio Martins, assassinado em Caxias-RJ

New post on Mamapress Advogado sindical e de direitos humanos, Sergio Martins, assassinado em Caxias-RJ by mamapress por Marcos Romão Sergio Martins Advogado sindicalista, ativista dos direitos humanos e da luta contra o racismo, Sérgio Martins foi assassinado hoje enquanto almoçava em um restaurante no centro de Caxias. Segundo fontes que por segurança não revelamos o nome, ele temia ser assassinado por haver descoberto irregularidades no sindicato em que trabalhava e que levou à demissão de um funcionário. Levado ainda com vida para o hospital, após baleado, ele teria revelado o autor do crime e de seu mandante. Nós da Mamapress e da Rede Radio Mamaterra manifestamos nossas condolências à família e aguardamos das autoridades policiais uma rápida investigação e prisão dos culpados. Em recente artigo para o Geledés, podemos ver um pouco da pessoa humana de Sergio Martins em sua Jornada pela Dignidade e sua preocupação com assassinatos de jovens no Brasil. http://www.geledes.org.br/sergio-martins-direito-e-reverso-direito-uma-jornada-pela-dignidade/ mamapress |

segunda-feira, 26 de maio de 2014

MNU-35 anos em marcha contra a discriminação racial

A história e os desdobramentos da passeata que definiu o movimento negro moderno POR MARIANA BRASIL Era 18 de junho de 1978 quando Robson Silveira da Luz, um feirante negro de 27 anos, foi acusado de roubar frutas em seu local de trabalho. Levado para o 44º departamento de polícia de Guaianazes, zona leste de São Paulo, foi torturado e morto por policiais militares sob a chefia do delegado Alberto Abdalla. Semanas depois, um grupo de 4 jovens foi impedido de jogar vôlei no hoje extinto Clube de Regatas Tietê. Fazia 90 anos da abolição da escravatura. Em resposta a esses fatos, um grupo de militantes negros se reuniu em um casarão no início da Rua da Consolação, em São Paulo, para discutir a construção de um movimento que pudesse mobilizar o Brasil contra a discriminação racial. Na lembrança de Hélio Santos, doutor em economia, administração e finanças e militante do movimento negro brasileiro, a manhã daquela reunião, que geraria muita repercussão nos anos vindouros, foi gasta discutindo o nome que o movimento teria. "Éramos eu, Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalez, os irmãos Celso e Wilson Prudente e muito mais gente". O nome que prevaleceu foi Movimento Negro Unificado - nascia assim o MNU. i392227i392228 A primeira decisão tomada pelo grupo recém-formado foi ir às ruas protestar. Na fria manhã do dia 7 de julho, posteriormente transformado em data comemorativa do Dia Nacional de Luta Contra o Racismo, mais de três mil pessoas se reuniram em frente ao Theatro Municipal de São Paulo - palco, em 2013, de grande parte das manifestações contra o aumento na tarifa dos transportes. A manifestação de então, intitulada Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial, não era, obviamente, bem vista pelo governo vigente: era a época da ditadura presidida pelo general Geisel, e a política estatal se esforçava em ignorar a questão racial e em mostrar o país como uma democracia das raças. Em um ambiente de muito medo, os manifestantes agitavam cartazes e clamavam palavras de ordem em meio a agentes infiltrados do Serviço Nacional de Informação (SNI) e da Polícia Federal. "Eu lembro de vários policiais federais infiltrados, inclusive negros, se passando por jornalistas e entrevistando Lélia, Abdias e os outros dirigentes do movimento", rememorou o professor Hélio. Em um documento que se encontra atualmente no arquivo Ernesto Geisel, depositado no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas, um agente da repressão estatal escreveu: "Realizou-se em São Paulo, no dia 7 julho de 1978, na área fronteiriça ao Theatro Municipal, junto ao Viaduto do Chá, uma concentração organizada pelo autodenominado 'Movimento Unificado Contra a Discriminação Racial', integrado por vários grupos, cujos objetivos principais anunciados são: denunciar, permanentemente, todo tipo de racismo e organizar a comunidade negra. Embora não seja, ainda, um movimento de massa". Os dados disponíveis caracterizam a existência de uma campanha para estimular antagonismos raciais no País e, paralelamente, revelam tendências ideológicas de esquerda. A presença no Brasil de Abdias do Nascimento, professor em Nova Iorque, ativista negro, ligado aos movimentos de libertação na África, contribuiu para a instalação do já citado "Movimento Unificado". Outro documento do mesmo ano advertia que "esses movimentos, caso continuem a crescer e se radicalizar, poderão vir a criar conflitos raciais." A manifestação seguiu pacífica e, apesar da tensão, terminou sem casos de violência policial. Mas a vida da maioria dos seus organizadores não foi a mesma nas décadas que se seguiram. "Durante esse período da luta dos anos 70, o meu telefone foi grampeado várias vezes por conta da minha militância. O meu e de outros. O MNU era considerado pelo governo como subversivo, o racismo era um tema tabu", relembra Hélio. Ivair Alves dos Santos, professor de Ciências Sociais na UNB e vice-presidente do primeiro conselho da comunidade negra, criado no governo Montoro, em São Paulo, também esteve presente na manifestação. Lembra com tristeza das consequências que viu seus amigos sofrerem por terem participado de um movimento que buscava direitos em tempos de ditadura. "Aquilo afetou profundamente a vida das pessoas, de uma forma muitas vezes negativa. Muitos que lideraram aquele processo tiveram a vida profissional e pessoal modificada, acabaram perseguidos pela polícia, pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), tiveram uma vida muito conturbada. Alguns foram levados ao suicídio por essa perseguição. As principais lideranças pagaram um preço alto, nunca usufruíram do sucesso daquele movimento, nunca foram lembradas ou efetivamente homenageadas." A luta de 1978 mudaria muita coisa nos anos seguintes. Apesar das consequências funestas para muitos, a manifestação de 7 de julho de 1978 catalisou um sentimento de insatisfação e de luta por direitos contra o racismo que estava plantado em comunidades negras do país inteiro. "O RACISMO INSTITUCIONAL ESTÁ NO DNA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS BRASILEIRAS, QUE SÃO INADEQUADAS PORQUE NÃO LEVAM EM CONTA A REALIDADE DE UM PA ÍS QUE PASSOU 70% DO SEU TEMPO HISTÓRICO COM ESCRAVIDÃO" FLORESCIMENTO Desde o início da década de 1970, já havia entidades que buscavam denunciar o racismo e organizar a comunidade negra. Por exemplo, o Grupo Palmares, criado em Porto Alegre, em 1971; o Centro de Estudos e Arte Negra (Cecan), aberto em São Paulo, em 1972; a Sociedade de Intercâmbio Brasil-África (Sinba), inaugurada no Rio de Janeiro, em 1974; e o Bloco Afro Ilê Aiyê, fundado em Salvador, também em 1974. Muitos participantes desses grupos, inclusive, estiveram na histórica reunião do MNU, em 1978. O próprio Ivair entrou em contato com o recém-fundado MNU, vindo do Cecan, onde havia começado a militar em 1972. "Eu participei de uma reunião do Cecan no Bixiga (região no centro de São Paulo), e lá me falaram da preparação para o protesto. Acabei não indo, mas apareci no Theatro Municipal e fiquei distribuindo panfletos." i392229 A bem da verdade, a década de 1970 não foi pioneira em gerar instituições que desafiavam o racismo. Logo depois da abolição, no final do século XIX, já circulavam jornais voltados para as populações negras, como o Treze de Maio, do Rio de Janeiro (1888), e O Exemplo, de Porto Alegre (1892). A imprensa negra paulista denunciou duramente a discriminação racial durante a década de 1920. Dela surgiram alguns dos fundadores da Frente Negra Brasileira, em 1931, que chegou a se transformar em partido político em 1936, mas foi extinta no ano seguinte, como os demais partidos, pelo Estado Novo. Na década de 1940, foram fundadas várias entidades, como a União dos Homens de Cor e o Teatro Experimental do Negro. Enquanto grandes massas miscigenadas acordam, neste momento, para lutar por seus direitos, os negros, em particular, nunca puderam se dar ao luxo de dormir. Para Ivair, no entanto, apesar de todo o histórico de lutas, a tomada das ruas em 1978 foi um marco importante para o movimento negro na modernidade. "Primeiro porque foi uma das primeiras manifestações em público, normalmente elas eram em locais fechados. E segundo porque teve uma ótima articulação - uma jornalista do grupo era ligada aos grandes meios de comunicação e fez uma chamada internacional alertando vários de seus contatos. A partir daí, o chamado da manifestação cresceu muito." Depois do protesto, aconteceu uma expansão do movimento, e apareceram grupos no Sul, Centro-Oeste e Nordeste. No mesmo ano, aconteceu o 1º Festival Comunitário Negro Zumbi (FECONEZU), foi fundada a Pastoral Afro-Brasileira, foram lançados os "Cadernos Negros" e nasceu o Grupo Negro da Bahia. Abdias do Nascimento, um dos mentores da manifestação, lançou o livro "Genocídio do Negro Brasileiro". No ano seguinte, surgiram a Fundação do Centro de Cultura Negra do Maranhão, o Bloco Afro Olodum, a Fundação do grupo de Mulheres Negras Aqualtune e o livro "Discriminação e Desigualdades Raciais no Brasil", de Carlos Hasenbalg. Em agosto de 1980, ocorreu o I Encontro Memorial Zumbi, em Alagoas, seguido, um ano depois, pelos Encontros de Negros do Norte e Nordeste. A partir de meados da década de 1980, registram-se outros encontros em diferentes estados, além dos Encontros de Negros do Sul-Sudeste e dos Encontros Estaduais e Nacionais de Mulheres Negras. O 1º Encontro Nacional de Comunidades Negras Rurais Quilombolas, realizado em 1995, deu origem à Comissão Nacional de Articulação das Comunidades Rurais Quilombolas, criada em 1996. "Na verdade, as pessoas começaram a se organizar no país enquanto movimento político a partir daí. Já existiam, claro, afiliações negras, mas eram grupos mais voltados para a cultura. A partir de 78, a política entrou de vez na pauta de protesto do movimento negro. O protesto em frente ao Theatro Municipal foi um momento importante em termos de visibilidade", analisa Ivair. Com o reestabelecimento do pluripartidarismo trazido pela Lei Federal n° 6.767/79, os grupos negros começaram uma busca por representatividade política. Vários participantes do MNU entraram em partidos e começaram a trabalhar junto aos governos em busca de políticas públicas que acabassem com o racismo. Em 1984, foi criado o Conselho da Comunidade Negra de São Paulo, do qual Hélio Santos, então filiado ao PMDB, foi presidente-fundador. "Em 1888, o Estado brasileiro sancionou a Lei Áurea. Durante um século, quis vender a ideia de que todos eram iguais e não havia mais o que fazer. A partir de 1984, após 96 anos, a busca pela justiça racial passou a ser uma missão do Estado". O conselho Montoro estimulou a criação dos conselhos negros do Rio Grande do Sul, de Minas Gerais, do Mato Grosso do Sul e da Bahia. Em 1988, foi criada a Fundação Cultural Palmares. Coroando a expressiva série de vitórias do movimento, veio a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), em 2008. "Nesses 35 anos de jornada, o Brasil mudou e o MNU, com sua luta, deixou um legado. É mentira dizer que é um legado para os negros. É um legado para a sociedade brasileira, que ficou melhor", afirma Hélio. O Clube de Regatas Tietê, que em 1978 impediu a participação de atletas negros, hoje assenta a Universidade Zumbi dos Palmares, primeira universidade negra do país. O PERCURSO QUE AINDA FALTA i392231 está longe de ter eliminado a discriminação racial gerada pelo descaso histórico do poder público. Está também distante de redimir os 354 anos de escravidão. Como na infeliz história que abre essa reportagem, a violência e o assassinato de negros continuam, muitas vezes em decorrência das incursões policiais em comunidades predominantemente negras, como foi o caso mais recente dos 13 mortos na favela da Maré, no Rio de Janeiro. Homicídio é a principal causa de morte entre os jovens no Brasil. Em 2010, quase 9 mil jovens entre 9 e 19 anos foram mortos - o equivalente a 48 aviões da TAM caindo todo ano cheios de crianças e adolescentes. Para os jovens negros, essa realidade violenta é muito pior. De acordo com o Mapa da Violência, lançado em 2012 pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos (Cebela) em conjunto com a Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), para cada 100 jovens brancos assassinados, aproximadamente 250 jovens negros sofrem o mesmo destino. Em 2010, o índice de mortes violentas de jovens negros foi de 72 para cada 100 mil habitantes, enquanto entre os jovens brancos foi de 28,3 por 100 mil habitantes. Comparando o período de 2002 a 2010 com os números mais recentes, percebe-se uma diminuição na taxa de homicídios entre jovens brancos (antes eram 40,6 por 100 mil habitantes). O mesmo não acontece com os jovens negros que, ao contrário, sofrem com o aumento do índice (que era de 69,6 por 100 mil habitantes). A situação mais grave é observada em oito estados, onde o índice, entre jovens negros, ultrapassa a marca de 100 homicídios para cada 100 mil habitantes. São eles: Alagoas, Espírito Santo, Paraíba, Pernambuco, Mato Grosso, Distrito Federal, Bahia e Pará. A análise por municípios mostra aberrações como em Simões Filho, na Bahia, e em Ananindeua, no Pará, onde são registrados 400 homicídios de jovens negros por 100 mil habitantes - uma quantidade de mortos maior que em certas zonas de guerra. Na ofensiva de Israel à Faixa de Gaza, em 2009, por exemplo, 313 jovens foram mortos, de acordo com dados do Centro Palestino de Direitos Humanos (PCHR). "NESSES 35 ANOS DE JORNADA, O BRASIL MUDOU E O MNU, COM SUA LUTA , DEIXOU UM LEGADO PARA A SOCIEDADE, QUE FICOU MELHOR" "O racismo é institucional. Isso significa que as políticas não contemplam as pessoas adequadamente a partir de uma questão étnica - e isso vale para o negro e os indígenas. O racismo institucional está no DNA das políticas públicas brasileiras, que são inadequadas porque não levam em conta a realidade de um país que passou 70% do seu tempo histórico com escravidão", pontua o professor Hélio Santos. O governo vem trabalhando junto a movimentos negros regionais para tentar sanar essa pandemia de assassinatos. Uma dessas iniciativas é o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, que busca, entre outras coisas, o fim da cultura da violência, a inclusão social e a garantia dos direitos desses jovens. O plano tem como foco levar infraestrutura para as comunidades negras e oferecer oportunidade de estudo e ocupação para a juventude que ali mora. O caminho será longo: de acordo com dados do Ministério da Saúde publicados no site oficial do Juventude Viva, criado pela Seppir como parte do programa, mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios em 2010 no Brasil eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino. A impunidade dos assassinos de negros também é um problema grave. Os assassinos de Robson Silveira da Luz, apesar de reconhecidos, nunca foram presos. As Mães de Maio, grupo de mães que perderam seus filhos na retaliação policial ao PCC, em 2006, na região de São Paulo e da Baixada Santista, ainda aguardam justiça. De acordo com o grupo, a maioria desses casos foi arquivado pela Justiça. De 1990 para cá, o grupo contabiliza mais de 20 chacinas feitas por milícias ou por policiais militares que seguem impunes. ESSENCIAL PARA AS MANIFESTAÇÕES ATUAIS Dado seu histórico de luta por direitos em um país que continua racista e desigual, o movimento negro poderia trazer contribuições relevantes para os recentes levantes do movimento civil brasileiro. O Censo 2010 apurou que, dos 16 milhões de brasileiros que vivem em extrema pobreza (com até R$ 70 mensais), 4,2 milhões são brancos e 11,5 milhões são pardos ou pretos. De acordo com pesquisa do IBGE divulgada em julho de 2011, as diferenças raciais ou de cor ainda influenciam o acesso a emprego, a relação com justiça e polícia, e o convívio social. Mais da metade da população brasileira (50,7%) é composta por pretos e pardos. O percentual de analfabetos nesse grupo, em 2010, era o triplo do índice de analfabetismo entre os brancos. Ou seja, pautas que têm sido pedidas pelos atuais levantes civis, como a distribuição dos royalties do petróleo entre escolas públicas e SUS, afetam diretamente a massa negra brasileira. Mais do que utilizar esse dinheiro para garantir acesso aos direitos básicos, é importante gastá-lo em programas dirigidos, focando nos negros, que utilizam massivamente a saúde e a educação públicas. "O ensino fundamental atinge quase 99% das crianças, mas tem que se discutir a qualidade desse ensino. O SUS atende a todos, mas não houve um salto de qualidade, e, em minha opinião, esse salto não aconteceu porque a maioria dos beneficiários são negros e esse país tem um racismo institucionalizado. É hora de refinar as políticas, daí a importância do movimento negro pontuando isso nas ruas. Quando agora se fala em 25% de recursos para a saúde e 75% para a educação, eu vou reivindicar recursos para locais mais negramente populados. Há que se ter um foco diferente. Ações afirmativas regionais, um volume de recursos para investir nas áreas carentes, porque os pobres são negros em quase sua totalidade", analisa Hélio. "As pautas daquela época (1978) ainda não foram implementadas, estão vivas, todas elas", complementa Ivair. Fonte: Revista Raça

25 DE MAIO: DIA DE ÁFRICA

Portal da Fundação Dr. António Agostinho Neto Comemora-se a 25 de Maio, o Dia de África, a data foi instituída pela “Organização da Unidade Africana” em 1963. Em Julho de 2002, esta organização foi substituída pela “União Africana”. A União Africana (UA) foi fundada em 2002 e é a organização que sucedeu a Organização da Unidade Africana. Baseada no modelo da União Europeia (mas actualmente com actuação mais próxima à da Comunidade das Nações), ajuda na promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvimento na África, especialmente no aumento dos investimentos estrangeiros por meio do programa Nova Parceria para o Desenvolvimento da África. Seu primeiro presidente foi o presidente sul-africano Thabo Mbeki. Objectivos da União Africana A União Africana tem como objectivos a unidade e a solidariedade africana. Defende a eliminação do colonialismo, a soberania dos Estados africanos e a integração económica, além da cooperação política e cultural no continente. Membros A União Africana possui 53 membros, cobrindo quase todo o continente africano África do Sul, Argélia, Angola, Benim, Botswana, Burkina Faso, Burundi, Cabo Verde, Camarões, Chade, Congo Brazaville, Costa do Marfim, Djibouti, Egito, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Lesoto, Libéria, Líbia, Malawi, Mali, Maurícias, Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Quênia, Rep. Centro-Africana, Rep. Dem. Do Congo, Ruanda, Saara Ocidental, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Seychelles, Somália, Suazilândia, Sudão, Tanzânia, Togo, Tunísia, Uganda, Zâmbia, Zimbabwe. Membros suspensos Guiné - suspenso depois do Golpe de Estado de 2008. Madagáscar - suspenso depois do Golpe de Estado de 2008. Níger - suspenso depois do Golpe de Estado de 2010. O actual presidente da União Africana é O presidente Líbio, Muammar Kadhafi, mentor da ideia da criação do governo federal da UA.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

"Nínguém vai arrancar o nosso Axé e a nossa ancestralidade"

"Nínguém vai arrancar o nosso Axé e a nossa ancestralidade", disse Mãe Beata neste domingo, em Miguel Couto, onde ocorreu o encontro, na sede do ILÊ OMI OJUARÔ. Ficou decidido que outras Casas de Santo e Terreiros de Candomblé e Umbanda serão convidados a se somar nessa luta, contra a decisão do juiz federal que entendeu que Candomblé e Umbanda não são religiões, por não terem, segundo ele, um texto base, como a Bíblia e o Corão; por não terem hierarquia; e por não terem um Deus a venerar. Pai Adaílton elaborará um texto, em conjunto com outros religiosos, que traduza as razões, os fundamentos, e os princípios do Candomblé e da Umbanda, que serão levados ao processo para a modificação da decisão do juiz federal Eugenio Rosa, por si ou em grau de recurso junto ao Tribunal Regional Federal. Como em outras situações anteriores, o escritório Adami Advogados representará os terreiros, seja em amicus curiae - "amigo da corte"- ou mesmo, como assistente processual do Ministério Público Federal. Uma procuração ao advogado Humberto Adami estará sendo distribuída ao terreiros que queiram fazer parte dessa ação nos próximos dias, com Pai Adailton, sendo a iniciativa aberta a todos que dela queiram participar. O amigo da corte tem que demonstrar representatividade e pertinência temática, de forma que tais iniciativas tem se notabilizado por um grande contingente de entidades, de todos os quatro cantos do país, pois a decisão neste processo extrapolam os limites territoriais do estado do Rio de Janeiro. Medidas semelhantes foram adotadas nos casos das cotas para negros na UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no Supremo Tribunal Federal, bem como na ação civil pública contra a SONY por conta da música racista do cantor Tiririca, hoje Deputado Federal, com a ONG Criola, e 15 assistentes processuais de entidades de mulheres negras de todo o país. A procuração será disponibilizada brevemente, e espera-se ingressar no feito nos próximos dias. A reconsideração do despacho pelo próprio juiz é a primeira atitude a ser perseguida, e a seguir, a reforma da decisão por desembargador do TRF. Antonio Gomes da Costa Neto, autor da denúncia de racismo do livro "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, e Wilson Prudente, ativista de Direitos Humanos e Procurador do Trabalho, parceiros de outras empreitadas, já manifestaram apoio a essa iniciativa coletiva e se comprometeram a contribuir. Outras instituições serão bem vindas a somar, podendo entrar em contato com Lúcia Xavier, Adailton Moreira, ou Humberto Adami. * Advogado e Mestre em Direito do IARA Instituto de Advocacia Racial e Ambiental mamapress | May

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Apartheid no 13 de maio em Ipanema

Mulher negra é impedida de trabalhar em padaria e levada algemada para delegacia. “Gente assim não pode trabalhar aqui, reclamou a madame!” by mamapress por Marcos Romão Já vimos denunciando há tempos o aumento do racismo geográfico espacial nas grandes cidades, e no Rio de Janeiro em especial. As grandes obras para a copa, além de provocarem o despejo em massa de milhares de negros e pobres das zonas nobres da cidade, tem como resultado a formação de guetos brancos do centro em direção à zona sul. Assistimos nos últimos anos uma verdadeira limpeza étnica da cidade do Rio de Janeiro, como se o objetivo único fosse apresentar para os turistas um Rio de Janeiro branco e europeu, "FREE FROM BLACKS", limpos de negros.aparthid em Ipanema. Em reportagem de CLEO GUIMARÃES E ISABELA BASTOS, no blog Gente Boa, de 14 de maio, temos o relato da atriz Aparecida Petrowsky, que ao ir a uma padaria no coração de Ipanema na rua Joana Angélica, assistiu a uma cena dantesca de discriminação por parte de uma cliente contra a caixa da padaria, que era uma mulher negra e, em seguida à cenas de violência policial, quando um PM subjugou com violência a empregada uniformizada da padaria e a levou algemada para a delegacia, para que pedisse desculpas à madame-cliente, que reclamara do preço do café. Segundo a reportagem. "O desentendimento começou quando a cliente reclamou do preço do café, R$ 3. Ela pediu um “café normal”, e teria se sentido desrespeitada quando a funcionária retrucou, dizendo que na casa só tinha café expresso. Logo depois, conta, “um policial desceu do carro e foi na direção da caixa, que, claro, ficou muito nervosa”. A atriz prossegue, dizendo que o PM teria mandado a caixa se levantar e pedir desculpas à cliente, no que ela se recusou. “Eu estou trabalhando! Não vou pedir desculpas nem sair daqui. Não vou!” Aparecida conta que, nesta hora, o policial anunciou: “É desacato à autoridade” e a pegou pelo braço, virando-o para trás, para algemá-la. “Nesta hora, ficou todo mundo assistindo a tudo como se fosse um filme. O gerente não fez nada”, conta. Minutos depois, já havia cerca de 50 pessoas na porta da padaria. Foi então que antigos clientes tomaram partido da funcionária. “Quero ir junto! Conheço ela há anos”, gritou, em vão, uma mulher. A caixa foi levada, sozinha e algemada, no carro. O que é que está acontecendo na zona sul do Rio de Janeiro? Linchamentos de menores, discriminações raciais em condomínios e agora uma mulher negra funcionária de uma padaria há 26 anos é presa e impedida de trabalhar, porque, segundo depoimento da atriz Aparecida uma cliente aos berros disse: " “É um absurdo deixarem trabalhar gente assim aqui!” Vejam a reportagem completa com o vídeo do "flagrante" gravado pela atriz Aparecida Petrowsky, que graças aos céus teve a coragem de gravar e relatar esta violência.

terça-feira, 13 de maio de 2014

13 de maio Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo

O dia 13 de maio é considerado o Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo, data em que foi assinada a Lei Áurea, que aboliu a escravidão no Brasil, em 1888. A Lei Áurea foi assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. A lei marcou a extinção da escravidão no Brasil, o que levou à libertação de 750 mil escravos, a maioria deles trazidos da África pelos portugueses. A assinatura da lei foi conseqüência de um longo processo de disputas. Logo antes da elaboração do deputado conservador João Alfredo, muitas manifestações pedindo a libertação dos escravos já ocupavam as ruas, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Na verdade, os escravos já estavam mobilizados em torno desta causa havia muitos anos. Um dos primeiros ícones da luta pela libertação dos escravos, considerado o mais importante até hoje, foi o movimento do Quilombo dos Palmares, liderado por Zumbi dos Palmares. Escravos fugidos ou raptados de senzalas eram levados para o território, que chegou a ter 200 quilômetros de largura, em um terreno que hoje corresponde ao estado de Alagoas, parte de Sergipe e de Pernambuco. O movimento, iniciado por volta de 1590, só foi derrotado cerca de 100 anos depois, em 1694. Um ano depois, Zumbi, traído por um homem de sua confiança, foi assassinado. A data de sua morte, 20 de novembro, é muito comemorada pelo movimento negro e foi oficializada como o Dia Nacional de Denúncia contra o racismo. Mas o começo da liberdade ainda demoraria para acontecer. Os primeiros passos, antes da Lei Áurea, foram a Lei do Ventre Livre (1871) e a Lei dos Sexagenários (1884). A primeira estabelecia que os filhos de escravos ficavam sob os cuidados do senhor de suas mães até 8 anos. Depois, o senhor poderia libertá-los e receber indenização ou usar seus trabalhos até os 21 anos, depois eles estariam livres. A segunda dizia que os escravos estariam livres quando completassem 60 anos. Mas antes da liberdade total, deveriam trabalhar 5 anos de graça como indenização aos senhores pelos gastos com a compra deles. Só então é que veio a Lei Áurea. Mas mesmo depois da lei, os ex-escravos batalharam bastante para sobreviver, porque não tinham emprego, nem terras, nem nada. Muitos deles arranjaram empregos que pagavam pouco porque era tudo que os brancos lhes ofereciam. Os movimentos de consciência negra surgem como forma de protestar contra esta desigualdade social e contra o preconceito racial. Hoje, 13 de maio é o Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo. E você com isso? É compromisso de todo mundo lutar por um mundo mais justo, e está incluída aí a justiça racial. Afinal, além de sofrer com as desigualdades sociais, a população negra sofre também com o maior câncer da sociedade brasileira: o racismo. O país acompanhou recentemente as declarações de um Parlamentar do Rio de Janeiro, que em um programa de TV afirmou que seus filhos não correm o risco de namorar uma mulher negra ou virarem gays, porque “foram muito bem educados”, relacionando a relação entre brancos e negros com “promiscuidade. Na mesma semana outro deputado, desta vez um de São Paulo, usou o twitter para dizer que “os africanos são amaldiçoados”. Infelizmente as palavras destes parlamentares racistas soam apenas como versão em prosa e verso de uma dura realidade que, 123 anos após a abolição, persiste: a morte física, cultural e simbólica de negras e negros. Todos os seres humanos merecem respeito carinho ou atenção, independentemente da cor da sua pele. Isto significa que você deve tratar bem todos os seus colegas e seus conhecidos, não importa se ele é branco, negro ou oriental. Por Hélder Lopes - Juazeiro - Jornalismo em multimeios

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Os 100 anos de Lupicínio Rodrigues

Diário de Santa Maria Clipado em 05/05/2014 07:11:43 Se acaso você chegasse No final dos anos 60, era possível encontrá-lo, como qualquer simples mortal, tomando um cafezinho no balcão de um bar de uma galeria que havia perto da Santa Casa, no centro de Porto Alegre. Caso não se prestasse atenção, aquele negro elegante, com seu bigodinho típico, seria facilmente confundido com um dos tantos trabalhadores e desocupados que se apinhavam naquele lugar. Pouco antes do meio-dia, cafezinhos e copos de cachaça concorriam como preferenciais no econômico cardápio oferecido. Pois não é que aquele tão elegante quanto simples senhor estaria – se vivo fosse – completando 100 anos! Na primeira vez que o vi pela rua, logo lembrei: “Se acaso você chegasse/No meu chatô encontrasse aquela mulher/Que você gostou/Será que tinha coragem/De trocar nossa amizade/Por ela que já te abandonou/Eu falo porque essa dona/Já mora no meu barraco/À beira de um regato/E um bosque em flor/De dia me lava a roupa/De noite me beija a boca/E assim nós vamos vivendo de amor”. A gravação dessa música fez o primeiro sucesso de Elza Soares. Negra, tal qual Lupicínio Rodrigues, ela está fazendo um show no centro do país para homenagear o nosso grande compositor. Existem várias histórias de Lupi, como era chamado. Uma delas, contada pela própria Elza, que ainda não o conhecia e estava cantando numa casa noturna do Rio de Janeiro. Viu aquele elegante senhor que não tirava os olhos de cima dela. Ao final da apresentação o tal senhor se apresentou com um buquê de flores nas mãos e foi logo dizendo: “Várias rosas para Rosa”. Elza foi curta e grossa: “Não gosto de rosas e não me chamo Rosa”. Ele retrucou: “Eu sei que seu nome é Elza Soares. Eu sou Lupicínio Rodrigues, compositor da música que você cantou”. Ela, constrangida, na falta de argumentos que pudessem desculpar sua grosseria, foi dizendo: “Desculpe. Admiro muito o senhor. É que já tenho duas filhas e minha mãe tem medo que eu fique grávida de novo, por isso não costumo olhar para homem algum enquanto canto”. Ele sorriu como só os poetas sabem fazer e respondeu: “Não se preocupe. Rosas não engravidam ninguém”. Felicidade (composta aqui em Santa Maria quando Lupicínio servia como cabo do Exército), Nervos de Aço, Esses Moços, Nunca, Volta e tantas outras músicas fazem parte do repertório deste gaúcho que compôs as melhores “dores de cotovelo” de nossa canção. Quem sabe o centenário do seu nascimento nos faça outra vez jovens que terminavam sempre suas serenatas cantando “De dia me lava a roupa/De noite me beija a boca/E assim nós vamos vivendo de amor”? professor hugofontanap@yahoo.com.br

Segure e lance

Segure e lance