domingo, 19 de outubro de 2014

Precisamos falar sobre isto

Estamos enfrentando um grande número de suicídios na adolescência, a juventude negra se vê sem emprego, sem condições de melhoria de vida. As periferias onde habita nossa população vem ficando cada vez mais violenta. O racismo cada dia mostra mais a sua cara. Precisamos enfrentar isso.Dar um basta, senão cada dia aumentarão mais as estatísticas de suicídio dos adolescentes e jovens negros no país. Precisamos falar sobre isto, com certeza, mas principalmente, organizados agir contra isso. Maria Geneci Silveira 10/09/2014 Pioneiro Caxias do Sul-RS Opinião | Pág. 6 Clipado em 10/09/2014 02:57:02 ARTIGO Precisamos falar sobre isto, por Ricardo Nogueira* A sociedade já incorporou eventos de violência como um grave problema a ser enfrentado, elaborando ações e políticas com esse objetivo. O mesmo ainda não aconteceu com o suicídio, que permanece envolto por dificuldades na sua abordagem. O suicídio é usualmente resultante da ação recíproca de fatores biológicos, psicológicos, culturais, sociais, entre outros, que causa grande sofrimento àqueles que se relacionam com a vítima. É difícil explicar por que uma pessoa deseja acabar com sua vida, enquanto outras, em situações similares, não o fazem. Percebe-se que os atos autodestrutivos estão associados com a incapacidade do indivíduo de encontrar alternativas para seus problemas. As taxas de suicídio são três vezes maiores nos homens porque usam métodos mais violentos. Já as mulheres tentam se matar usando métodos menos letais. A incidência de suicídio aumenta com a idade, entretanto, nos últimos 45 anos observa-se uma elevação significativa dos índices em crianças, adolescentes e adultos jovens. No Brasil, há em média 32,3 suicídios/dia, em torno de 11.220 mortes/ano, um aumento de mais de 43% nos últimos 25 anos. O país está entre os 10 com maior número absoluto de casos. O RS está entre os Estados com as taxas mais elevadas e dos 20 municípios brasileiros com mais de 50 mil habitantes e que têm maiores coeficientes de suicídio, 10 são gaúchos. Apesar dos dados, pouco se fala sobre o assunto. De 2000 a 2012, o número de suicídios no RS sempre ficou acima dos mil casos/ano, porém em 2009 e 2010 houve redução de 12% com um trabalho de sensibilização, capacitação e treinamento de equipes de saúde. Cada suicídio afeta de cinco a 10 pessoas, os chamados sobreviventes, e o seu luto é diferente por causa de sentimentos de culpa e impotência. Daí a importância dos grupos oferecendo apoio mútuo. Estudos revelam que o fato de um indivíduo haver tentado uma vez suicídio aumenta muito a chance de nova tentativa, por isso, essas pessoas devem ser o foco das ações de vigilância e prevenção da área da saúde. Para cada suicídio, ocorrem no mínimo 10 tentativas. A situação clama por intervenções multissetoriais na construção de políticas de prevenção e promoção da qualidade de vida de forma integral. *Psiquiatra, coordenador do Centro de Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre

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